segunda-feira, 15 de setembro de 2025

A força das usinas no litoral potiguar

 


O ciclo da cana-de-açúcar no Rio Grande do Norte representa um dos capítulos mais importantes da formação econômica e social do estado. Com uma história que data do começo do século XVII quando colonizadores pernambucanos ligados a Jerônimo de Albuquerque Maranhão estabeleceram o Engenho Cunhaú, o primeiro engenho de açúcar do estado.

As usinas sucroalcooleiras – setor agroindustrial focado na produção de açúcar, álcool (incluindo etanol), aguardente, e outros derivados da cana-de-açúcar – instaladas na região litorânea do Rio Grande do Norte consolidaram-se como verdadeiros pilares da economia regional, concentrando a maior parte da produção estadual de açúcar e etanol passando por cidades como Ceará-Mirim, Goianinha e Canguaretama.
A modernização do setor trouxe transformações não apenas nos processos produtivos, mas também nas relações trabalhistas e nas práticas socio-ambientais adotadas pelas usinas.

A transição de um modelo tradicional para uma indústria moderna e sustentável demandou investimentos significativos em tecnologia, treinamento de mão de obra e adequação a normas ambientais mais rígidas.

O desenvolvimento de produtos como a cachaça artesanal, açúcar orgânico e outros derivados de maior valor agregado representa uma estratégia de diferenciação competitiva, aproveitando tanto as tradições culturais locais quanto as tendências de consumo por produtos premium e sustentáveis.

O desafio atual é manter essa trajetória de crescimento com sustentabilidade, equilibrando eficiência produtiva, responsabilidade social e preservação ambiental, consolidando definitivamente as usinas litorâneas como referências nacionais em agroindústria sustentável.

Safra recorde
O Rio Grande do Norte colheu, na safra 2024/2025, o maior volume de cana-de-açúcar da história recente do estado: 4,5 milhões de toneladas processadas, com geração superior a R$ 1 bilhão, segundo dados da Secretaria de Estado da Agricultura, da Pecuária e da Pesca (Sape-RN). A marca confirma a recuperação de uma cultura historicamente ligada ao desenvolvimento econômico potiguar. O crescimento é resultado direto de boas chuvas no período, aumento da área plantada, entrada de novos produtores no setor e de incentivos que favoreceram a expansão da indústria no estado.

De acordo com Guilherme Saldanha, secretário da Sape-RN, a cana ocupa entre 32% e 35% da área plantada no estado, sendo um dos principais cultivos no RN.

A cana-de-açúcar é uma matéria-prima essencial para a produção de dois insumos fundamentais na economia global: o açúcar, amplamente consumido na alimentação humana, e o álcool, que pode ser utilizado tanto na fabricação de bebidas alcoólicas, como cachaça, vinho e cerveja, quanto como combustível automotivo, na forma de etanol. Este último, inclusive, tem ganhado protagonismo em razão das políticas de transição energética e da busca por fontes renováveis.

 

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