O ciclo da cana-de-açúcar no Rio Grande do Norte
representa um dos capítulos mais importantes da formação econômica e social do
estado. Com uma história que data do começo do século XVII quando colonizadores
pernambucanos ligados a Jerônimo de Albuquerque Maranhão estabeleceram o
Engenho Cunhaú, o primeiro engenho de açúcar do estado.
As usinas sucroalcooleiras – setor agroindustrial
focado na produção de açúcar, álcool (incluindo etanol), aguardente, e outros
derivados da cana-de-açúcar – instaladas na região litorânea do Rio Grande do
Norte consolidaram-se como verdadeiros pilares da economia regional,
concentrando a maior parte da produção estadual de açúcar e etanol passando por
cidades como Ceará-Mirim, Goianinha e Canguaretama.
A modernização do setor trouxe transformações não apenas nos processos
produtivos, mas também nas relações trabalhistas e nas práticas
socio-ambientais adotadas pelas usinas.
A transição de um modelo tradicional para uma
indústria moderna e sustentável demandou investimentos significativos em
tecnologia, treinamento de mão de obra e adequação a normas ambientais mais
rígidas.
O desenvolvimento de produtos como a cachaça
artesanal, açúcar orgânico e outros derivados de maior valor agregado
representa uma estratégia de diferenciação competitiva, aproveitando tanto as
tradições culturais locais quanto as tendências de consumo por produtos premium
e sustentáveis.
O desafio atual é manter essa trajetória de
crescimento com sustentabilidade, equilibrando eficiência produtiva,
responsabilidade social e preservação ambiental, consolidando definitivamente
as usinas litorâneas como referências nacionais em agroindústria sustentável.
Safra recorde
O
Rio Grande do Norte colheu, na safra 2024/2025, o maior volume de cana-de-açúcar
da história recente do estado: 4,5 milhões de toneladas processadas, com
geração superior a R$ 1 bilhão, segundo dados da Secretaria de Estado da
Agricultura, da Pecuária e da Pesca (Sape-RN). A marca confirma a recuperação
de uma cultura historicamente ligada ao desenvolvimento econômico potiguar. O
crescimento é resultado direto de boas chuvas no período, aumento da área
plantada, entrada de novos produtores no setor e de incentivos que favoreceram
a expansão da indústria no estado.
De acordo com Guilherme Saldanha, secretário da
Sape-RN, a cana ocupa entre 32% e 35% da área plantada no estado, sendo um dos
principais cultivos no RN.
A cana-de-açúcar é uma matéria-prima essencial para
a produção de dois insumos fundamentais na economia global: o açúcar,
amplamente consumido na alimentação humana, e o álcool, que pode ser utilizado
tanto na fabricação de bebidas alcoólicas, como cachaça, vinho e cerveja,
quanto como combustível automotivo, na forma de etanol. Este último, inclusive,
tem ganhado protagonismo em razão das políticas de transição energética e da
busca por fontes renováveis.
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