terça-feira, 15 de julho de 2025

Tarifaço de Trump pode afetar 14% das exportações do RN; Fátima reúne empresários para discutir estratégias

 


O aumento de 50% na tarifa para produtos brasileiros anunciado semana passada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pode afetar cerca de 14% das exportações do Rio Grande do Norte. O percentual corresponde à média das vendas do estado potiguar ao mercado americano entre 2020 e 2025, de acordo com dados do sistema ComexStat, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. A taxação do governo americano entra em vigor a partir de 1º de agosto.

Somente entre janeiro e maio de 2025, o Rio Grande do Norte exportou US$ 67,1 milhões aos Estados Unidos. Considerando o câmbio da segunda-feira (14), o valor representa aproximadamente R$ 373 milhões. No acumulado do ano, os embarques para o mercado norte-americano correspondem a 15% do total exportado pelo estado. Até o momento, as exportações potiguares aos demais países somam US$ 438 milhões.

Em 2024, apesar do recorde de exportações estaduais, com US$ 1,1 bilhão, as vendas para os Estados Unidos representaram apenas 5,5% do total, totalizando os mesmos US$ 67,1 milhões. O recorde nas exportações ao mercado americano foi em 2023, quando as vendas chegaram ao valor de US$ 162 milhões.

Entre os principais produtos potiguares exportados estão frutas, sal marinho, derivados de pétróleo, caramelos e confeitos, além do pescado, principalmente albacoras.

Para o setor da fruticultura do Rio Grande do Norte, o volume enviado aos Estados Unidos representa cerca de 5% da produção local. Fábio Queiroga, presidente do Comitê Executivo de Fruticultura do RN (Coex), disse que os produtores locais receberam a notícia com cautela e avaliam mudanças nas áreas plantadas para as safras de 2025 e 2026.

No setor de petróleo e gás, a expectativa é de impacto direto. O empresário e professor universitário Gutemberg Dias destacou que, nos primeiros seis meses de 2025, as exportações do setor para os Estados Unidos somaram cerca de US$ 24 milhões. Segundo ele, embora parte do óleo seja consumido internamente ou exportado para outros países, a tarifa pode reduzir o volume destinado ao mercado norte-americano. Ele defende a busca por alternativas para diversificar os destinos do óleo potiguar e o possível reaproveitamento pela refinaria Clara Camarão, hoje controlada pela empresa Brava.

No contexto regional, a Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) avalia que Ceará, Bahia e Maranhão serão os estados mais afetados. Os três lideram as exportações do Nordeste aos Estados Unidos em 2025, com US$ 1,58 bilhão exportados até junho. Juntos, os estados concentram 84,1% do total da pauta regional enviada ao mercado americano. Em 2024, a região exportou o equivalente a R$ 15,6 bilhões aos Estados Unidos.

Reunião com setor produtivo

A governadora Fátima Bezerra convocou representantes dos setores produtivos do estado para uma reunião nesta terça-feira (15), às 16h, na sede da Secretaria de Desenvolvimento Econômico (Sedec), em Natal.

Entre os convidados, estão a Federação das Indústrias do RN (Fiern), Federação do Comércio (Fecomércio), Federação da Agricultura (Faern), Sebrae, Apex Brasil, Codern, Intermarítima, Brava Energia e o Comitê Executivo de Fruticultura do RN (Coex), além de sindicatos de setores industriais com relação direta com o mercado norte-americano.

Na convocação enviada aos dirigentes de federações empresariais, sindicatos e instituições com atuação em exportação, os secretários afirmam que a mobilização é urgente. O texto ressalta a necessidade de articular as melhores estratégias em defesa do desenvolvimento econômico estadual.

Na semana passada, o Governo do Estado divulgou uma nota informando que as implicações da política tarifária norte-americana estão sendo monitoradas desde março pela Sedec. Segundo o documento, o acompanhamento visa antecipar medidas que possam mitigar os impactos no setor produtivo potiguar.

A nota também apresenta cinco recomendações para enfrentamento da situação: mapear as barreiras tarifárias e não tarifárias em vigor nos Estados Unidos para cada produto; investir na capacitação técnica de exportadores sobre exigências sanitárias e padrões internacionais; fomentar acordos comerciais e protocolos fitossanitários, inclusive por meio da articulação com o governo federal; incentivar o reposicionamento de produtos nas cadeias de valor com foco em diferenciação e sustentabilidade; e apoiar a busca por novos mercados, especialmente na Ásia e América Latina.

 

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