O aumento de 50% na tarifa
para produtos brasileiros anunciado semana passada pelo presidente dos Estados
Unidos, Donald Trump, pode afetar cerca de 14% das exportações do Rio Grande do
Norte. O percentual corresponde à média das vendas do estado potiguar ao
mercado americano entre 2020 e 2025, de acordo com dados do sistema ComexStat,
do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. A taxação do
governo americano entra em vigor a partir de 1º de agosto.
Somente entre janeiro e
maio de 2025, o Rio Grande do Norte exportou US$ 67,1 milhões aos Estados
Unidos. Considerando o câmbio da segunda-feira (14), o valor representa
aproximadamente R$ 373 milhões. No acumulado do ano, os embarques para o
mercado norte-americano correspondem a 15% do total exportado pelo estado. Até
o momento, as exportações potiguares aos demais países somam US$ 438 milhões.
Em 2024, apesar do recorde
de exportações estaduais, com US$ 1,1 bilhão, as vendas para os Estados Unidos
representaram apenas 5,5% do total, totalizando os mesmos US$ 67,1 milhões. O
recorde nas exportações ao mercado americano foi em 2023, quando as vendas
chegaram ao valor de US$ 162 milhões.
Entre os principais
produtos potiguares exportados estão frutas, sal marinho, derivados de
pétróleo, caramelos e confeitos, além do pescado, principalmente albacoras.
Para o setor da
fruticultura do Rio Grande do Norte, o volume enviado aos Estados Unidos representa
cerca de 5% da produção local. Fábio Queiroga, presidente do Comitê Executivo
de Fruticultura do RN (Coex), disse que os produtores locais receberam a
notícia com cautela e avaliam mudanças nas áreas plantadas para as safras de
2025 e 2026.
No setor de petróleo e
gás, a expectativa é de impacto direto. O empresário e professor universitário
Gutemberg Dias destacou que, nos primeiros seis meses de 2025, as exportações
do setor para os Estados Unidos somaram cerca de US$ 24 milhões. Segundo ele, embora
parte do óleo seja consumido internamente ou exportado para outros países, a
tarifa pode reduzir o volume destinado ao mercado norte-americano. Ele defende
a busca por alternativas para diversificar os destinos do óleo potiguar e o
possível reaproveitamento pela refinaria Clara Camarão, hoje controlada pela
empresa Brava.
No contexto regional, a
Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) avalia que Ceará,
Bahia e Maranhão serão os estados mais afetados. Os três lideram as exportações
do Nordeste aos Estados Unidos em 2025, com US$ 1,58 bilhão exportados até
junho. Juntos, os estados concentram 84,1% do total da pauta regional enviada
ao mercado americano. Em 2024, a região exportou o equivalente a R$ 15,6
bilhões aos Estados Unidos.
Reunião com setor
produtivo
A governadora Fátima Bezerra convocou representantes dos setores produtivos do
estado para uma reunião nesta terça-feira (15), às 16h, na sede da Secretaria
de Desenvolvimento Econômico (Sedec), em Natal.
Entre os convidados, estão
a Federação das Indústrias do RN (Fiern), Federação do Comércio (Fecomércio),
Federação da Agricultura (Faern), Sebrae, Apex Brasil, Codern, Intermarítima,
Brava Energia e o Comitê Executivo de Fruticultura do RN (Coex), além de
sindicatos de setores industriais com relação direta com o mercado
norte-americano.
Na convocação enviada aos
dirigentes de federações empresariais, sindicatos e instituições com atuação em
exportação, os secretários afirmam que a mobilização é urgente. O texto
ressalta a necessidade de articular as melhores estratégias em defesa do
desenvolvimento econômico estadual.
Na semana passada, o
Governo do Estado divulgou uma nota informando que as implicações da política
tarifária norte-americana estão sendo monitoradas desde março pela Sedec.
Segundo o documento, o acompanhamento visa antecipar medidas que possam mitigar
os impactos no setor produtivo potiguar.
A nota também apresenta
cinco recomendações para enfrentamento da situação: mapear as barreiras
tarifárias e não tarifárias em vigor nos Estados Unidos para cada produto;
investir na capacitação técnica de exportadores sobre exigências sanitárias e
padrões internacionais; fomentar acordos comerciais e protocolos
fitossanitários, inclusive por meio da articulação com o governo federal;
incentivar o reposicionamento de produtos nas cadeias de valor com foco em
diferenciação e sustentabilidade; e apoiar a busca por novos mercados,
especialmente na Ásia e América Latina.
Nenhum comentário:
Postar um comentário