Desde a invasão da Ucrânia, em fevereiro de 2022,
além das baixas militares e civis em ambos os lados, a Rússia também registrou
mortes de figuras de alto escalão, principalmente de oposição ao regime de
Vladimir Putin, e empresários. A notícia é da Gazeta do Povo.
Suicídios entre opositores do Kremlin passaram
a ser um fenômeno recorrente no país. Quedas de janelas, mal súbito, suicídios
acompanhados de cartas de despedida, queda de avião e mortes em prisões estão
entre as circunstâncias registradas.
O tema foi reacendido e teorias conspiratórias sobre
táticas usadas pelo regime de Moscou para eliminar ameaças voltaram aos jornais
de todo o mundo após a morte de três figuras ligadas ao meio político e
empresarial nesta última semana.
Veja 16 casos emblemáticos desde o
início do conflito atual:
Leonid Shulman (30/01/2022):
A primeira morte, ocorrida poucos dias após a
invasão russa, ocorreu em uma casa de campo na região de Leningrado, quando
Leonid Shulman, então chefe de transportes da Gazprom, foi encontrado morto no
banheiro. Ao lado de seu corpo, estava uma carta de suicídio.
Roman Starovoit (07/07/2025):
Horas depois de ser demitido por funcionários do
governo russo, Roman Starovoit foi encontrado morto em seu veículo em uma
cidade próxima a Moscou. A causa da morte segue desconhecida, e a versão
oficial do Comitê de Investigação nacional é de suspeita de suicídio,
entretanto, a investigação segue em andamento. Starovoit era Ministro dos
Transportes.
Andrei Korneichuk (07/07/2025):
Horas após a morte de Starovoit, Andrei Korneichuk,
vice-chefe do departamento de fundos de terras do Ministério dos Transportes da
Rússia morreu repentinamente em seu local de trabalho. De acordo com
testemunhas, ele sofreu uma parada cardíaca e, logo em seguida, desmaiou e
faleceu.
Andrey Badalov (04/07/2025):
Andrey Badalov, vice-presidente da Transneft,
empresa estatal russa que administra a rede de oleodutos do país, morreu na
capital russa após, supostamente, se jogar da janela de sua casa. De acordo com
canais do Telegram, ele teria deixado uma carta de despedida para sua esposa.
Alexéi Navalny (16/02/2024):
Uma das mortes mais repercutidas mundialmente neste
período foi a de Alexéi Navalny, líder da oposição russa e principal crítico de
Putin, que morreu enquanto cumpria uma longa pena em uma prisão no Ártico.
Embora as autoridades apontem que seu falecimento ocorreu em decorrência de
Navalny "se sentir mal" após uma caminhada, seus familiares, a
oposição russa e os ministérios das Relações Exteriores de parte dos países
ocidentais culparam o Kremlin.
Além disso, o ditador foi acusado de obstruir sua
troca por prisioneiros russos em prisões ocidentais, o que possivelmente, teria
salvado a vida de Navalny.
Após a morte de Navalny, homenagens foram prestadas
em embaixadas russas em todo o mundo.
Yevgeny Prigozhin (23/08/2023):
Yevgeny Prigozhin, empresário que liderou uma
revolta armada contra o governo russo, morreu em decorrência da queda de seu
avião, a noroeste de Moscou.
O grupo de mercenários Wagner, liderado por
Prigozhin, protagonizou um motim contra Moscou em junho de 2023, que durou
menos de 24 horas.
Outras nove pessoas estavam a bordo da aeronave.
Marina Yankina (16/02/2023):
Marina Yankina, uma alta funcionária do Ministério
da Defesa da Rússia, morreu após cair de uma janela perto de um edifício em São
Petersburgo. A militar cumpria um papel importante não só no Kremlin como
também na guerra da Ucrânia. As autoridades alegam que ela cometeu suicídio.
Pertences pessoais e documentos de Yankina foram encontrados na sacada do
prédio.
Ravil Maganov (09/01/2022) e Vitaly
Robertus (14/03/2024):
Presidente e vice-presidente, respectivamente, da
mesma empresa, a petroleira Lukoil.
Presidente da empresa petroleira Lukoil e crítico da
guerra da Ucrânia, Ravil Maganov morreu após cair de uma janela no Hospital Clínico
Central na capital russa, onde estava internado.
A versão oficial sugere que ele cometeu suicídio,
entretanto, parentes descartaram essa hipótese. Ele havia sido internado após
um ataque cardíaco e fontes ligadas à empresa afirmam que ele sofria de uma
doença grave.
Já o vice-presidente da empresa, Vitaly Robertus,
teve um mal súbito e morreu. Informações noticiadas pela imprensa na época
apontam que ele havia se queixado de dores de cabeça e pedido medicamentos
antes de ir para o seu escritório, onde foi encontrado enforcado. Após sua
morte, meios locais noticiaram que o vice-presidente da empresa estava sendo
investigado por aceitar propina.
Robertus foi o quarto diretor da Lukoil a morrer em
menos de dois anos.
Dez dias após a invasão russa da Ucrânia, a Lukoil
emitiu uma declaração sobre o conflito: "O Conselho de Administração
expressa sua profunda preocupação com os trágicos eventos na
Ucrânia. Apelando para o fim antecipado do conflito armado, expressamos
nossa sincera empatia por todas as vítimas afetadas por esta tragédia. Apoiamos
firmemente um cessar-fogo duradouro e uma solução para os problemas por meio de
negociações sérias e diplomacia", afirmou a empresa em 3 de março de 2022.
Victoria Roshchyna (19/09/2024):
Jornalista ucraniana presa por reportar o cerco
russo à cidade de Mariupol, Victoria Roshchyna, morreu sob detenção russa. Ela
havia desaparecido em agosto de 2023, quando fazia uma reportagem em
uma área ucraniana ocupada pela Rússia. Familiares ficaram meses sem saber
o que havia acontecido com a jornalista. Em abril de 2024, Moscou confirmou que
deteve Roshchyna.
Em outubro, autoridades ucranianas afirmaram que seu
corpo foi entregue a Kiev sem vida e que a jornalista foi morta após ser
brutalmente torturada.
Maxim Kuzminov (13/02/2024):
O piloto russo Maxim Kuzminov, considerado traidor
por desertar pela Ucrânia foi encontrado morto, baleado na cidade espanhola de
Villajoyosa, na Comunidade Valenciana.
Após sua morte, Sergei Naryshkin, chefe do Serviço
de Inteligência Estrangeira da Rússia, afirmou que Kuzminov era um traidor e
que "se tornou um cadáver moral no momento em que planejou seu crime
imundo e terrível".
Vladimir Shklyarov (19/11/2024):
Crítico da guerra, Vladimir Shklyarov era um
dançarino renomado de São Petersburgo, que morreu após cair do quinto andar de
um prédio. O artista criticava o Kremlin por suas ofensivas na Ucrânia.
Em 2022, o dançarino havia feito a seguinte postagem
no Facebook:
"Amigos! Sou contra a guerra na Ucrânia! Sou a
favor do povo, por um céu de paz sobre nossas cabeças", escreveu
Shklyarov.
O Comitê Investigativo da Rússia afirmou à a RIA
Novosti que a "a causa preliminar de morte foi um acidente”, de
acordo com informações publicadas pelo New York Times.
Andrei Morozov (21/02/2024):
Voluntário e blogueiro pró-guerra, Andrei Morozov
foi encontrado em morto seu apartamento. Antes de sua morte, ele denunciou a
pressão sofrida para apagar postagens em que denunciava a alta quantidade de
soldados russos mortos nos enfrentamentos contra a Ucrânia.
Antes de morrer ele havia feito longas postagens
afirmando que não via mais "sentido em continuar lutando". Ele pediu
que o dinheiro da venda de seu apartamento fosse usado para comprar drones para
a 4ª Brigada de Fuzileiros Motorizados do Exército.
Vadim Stroykin (05/02/2025):
O cantor russo Vadim Stroykin, crítico de Putin e
acusado de doar para o exército ucraniano, caiu do décimo andar de um prédio
durante operação policial em São Petersburgo.
Ele era alvo de uma operação por, supostamente, ter
doado dinheiro ao exército da Ucrânia, considerado grupo terrorista pelos
russos.
Canais do russos do Telegram e da imprensa, ligados
ao Kremlin, afirmaram que ele "entrou num quarto de hóspedes, abriu uma
janela às pressas e cometeu um ato irreversível".
Sobre o conflito, Stroykin havia declarado que
"Putin foi à guerra não apenas contra uma nação fraterna, mas declarou
guerra ao seu próprio povo".
Vladislav Avayev (19/04/2022):
Vice-diretor da Gazprombank, um dos maiores bancos
privados russos, Vladislav Avayev, sua esposa e filha foram encontrados mortos
a sudoeste de Moscou. Autoridades apontam que houve um “assassinato [que teria
sido cometido pelo chefe da família] seguido de suicídio".
Poucos dias depois, outro caso muito semelhante. Os
corpos sem vida de Sergei Protosenia, diretor do consórcio Novatek, e de sua
esposa e filha também foram encontrados em uma casa na cidade costeira da
Espanha.
Pavel Antov (27/12/2022):
Também crítico de Putin, o deputado milionário russo
do ramo alimentício, Pavel Antov, foi encontrado morto em um hotel na Índia,
dois dias após seu amigo morrer durante a mesma viagem.
Em junho de 2022, Antov havia criticado publicamente
a invasão russa e os ataques ao território ucraniano, descrevendo as ações como
"terror" do governo.
"Uma menina foi retirada dos escombros. O pai
da menina parece ter morrido. Estão tentando retirar a mãe com um guindaste.
Para dizer a verdade, é extremamente difícil chamar isso de outra coisa senão
terror", havia afirmado Antov, em publicação que mostrava imagens de um
ataque contra civis ucranianos.
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