O Governo Federal utilizou suas redes sociais
oficiais na última sexta-feira, 20, para publicar uma série de peças visuais em
defesa do programa Bolsa Família e em crítica ao que classifica como
privilégios fiscais concedidos a grandes empresas. No entanto, a peça incluiu,
entre os exemplos criticados, uma medida aprovada e implementada pela própria
administração federal.
A publicação, feita no perfil oficial do Governo
Federal no Instagram, replicou uma arte originalmente criada pelo economista
Presley Vasconcellos. Na imagem, o texto afirma: “Vamos falar da verdadeira
preguiça?”, seguido da crítica: “Só entre 2024 e 2025, foram R$ 400 bilhões em
renúncias e isenções. Dá R$ 4 milhões por empresa. E sabe o que exigem em
troca? Nada.”
Entre as referências citadas na campanha está uma
reportagem publicada pelo portal Metrópoles com o título “Americanas tem
desconto de R$ 500 milhões para quitar dívida com União”, de autoria do
repórter Fábio Matos.
O conteúdo revela que a varejista Americanas, em
processo de recuperação judicial, firmou um acordo com a Procuradoria-Geral da
Fazenda Nacional (PGFN), um dos órgãos de direção superior da Advocacia-Geral
da União, para quitar dívidas fiscais junto ao Fisco federal.
O acordo firmado prevê “um desconto de mais de R$ 500 milhões em uma dívida total de cerca de R$ 865 milhões”. A negociação envolve a concessão de “desconto integral de juros e multas, limitado a 70% do valor da dívida”, como tributos previdenciários e não previdenciários.
Com a aplicação dos descontos, a Americanas utilizará
depósitos judiciais vinculados, créditos de prejuízos fiscais e recursos
próprios para quitar o saldo remanescente. Em nota ao mercado, a empresa
informou que “todos os efeitos do acordo estarão devidamente refletidos nas
demonstrações financeiras do segundo trimestre deste ano”.
Relação com o governo Lula envolve contradições na
comunicação oficial
A empresa também destacou que o entendimento com a
PGFN “traz benefícios econômicos adicionais para a companhia, uma vez que a
manutenção das discussões implicaria em esforço financeiro para oferecimento e
manutenção de garantias judiciais, honorários advocatícios e outros custos e
despesas processuais”.
A crítica feita pela postagem, portanto, se refere a
uma operação legal de transação tributária, prevista em lei, aprovada e
operacionalizada por órgãos vinculados ao próprio Executivo. Trata-se de um
mecanismo jurídico que permite a renegociação de dívidas com o fisco e que é
utilizado por empresas em dificuldade financeira, especialmente em recuperação judicial.
O caso da Americanas ganhou notoriedade com a
revelação, em janeiro de 2023, de “inconsistências contábeis” em seus balanços.
À época, estimava-se um rombo de R$ 20 bilhões, valor posteriormente revisado
para R$ 25 bilhões.
Em abril de 2025, o Ministério Público Federal
denunciou 13 ex-executivos e ex-funcionários da empresa por crimes como
associação criminosa, falsidade ideológica, manipulação de mercado e uso de
informação privilegiada.
Revista Oeste
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