quinta-feira, 19 de junho de 2025

Israel x Irã: conflito deve impactar combustíveis no RN

 


O acirramento dos ataques entre Israel e Irã iniciados na última sexta-feira (13) reacendeu o alerta global sobre a estabilidade do mercado internacional de petróleo. Com bombardeios mútuos a instalações estratégicas e ameaças de uma escalada militar, o temor de impactos econômicos voltou ao centro das atenções. No Brasil, embora especialistas considerem prematuro afirmar que haverá impacto imediato nos preços dos combustíveis, a instabilidade no Oriente Médio já começa a refletir em reajustes na cadeia de distribuição, com riscos maiores para o Nordeste e, especialmente, o Rio Grande do Norte.

Maxwell Flor, presidente do Sindpostos-RN, afirma que os primeiros impactos desse conflito já começaram a surgir. “Infelizmente, desde o sábado (14) a gente tem percebido aumentos por parte das distribuidoras para alguns revendedores. Como a Refinaria Clara Camarão praticamente importa 100% dos produtos que ela vende aqui de combustíveis, com exceção do querosene de aviação, que ela produz realmente aqui, é inevitável que, com essa escalada do barril de petróleo, esse preço também se reflita no nosso dia a dia”, afirma.

Maxwell ressalta, no entanto, que a decisão de um possível aumento é de cada revendedor, a depender do que for repassado pelas distribuidoras. “Quando o aumento é pequeno, a tendência é que a revenda absorva, mas quando o aumento é maior, fica complicado o revendedor absorver esse reajuste e ele acaba tendo que repassar”, explica, destacando que o dólar também é um fator a ser considerado no cálculo.

De acordo com Helder Cavalcanti, economista e conselheiro do Conselho Regional de Economia (Corecon-RN), a escalada prolongada preocupa o setor energético. “Há uma possibilidade desse conflito se reverter. Caso ele ganhe continuidade, a preocupação maior é em função do Irã ser integrante da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep). Atualmente ele é o presidente dessa organização e tem uma produção cerca de 12% de todo o petróleo que é exportado no planeta”, alerta.

Desde quando foi iniciado o confronto, as ações vêm se intensificando a cada dia, em especial após ataques aéreos de Israel ao território iraniano que resultaram na morte de líderes do alto escalão militar. Em retaliação, o Irã disparou mísseis balísticos contra cidades israelenses. As ações armadas recrudesceram nos dias seguintes, atingindo instalações estratégicas de energia e combustíveis em ambos os países.

Helder reforça que o Brasil, embora produtor e exportador, ainda depende do petróleo refinado e do transporte rodoviário. “Podemos ganhar na venda para o mercado externo, mas temos um problema que é a nossa demanda interna. Vai acontecer realmente a elevação dos preços, mas é tudo ainda dependente desse conflito ganhar as proporções de continuidade efetiva”, considera. Em especial, nas regiões Norte e Nordeste, o valor também se diferencia pela distância para transporte do combustível, o que aponta para a necessidade de investimentos em portos, aeroportos e ferrovias para o escoamento.

No mercado potiguar, ainda não há relato de desabastecimento, segundo o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do RN (Sindipostos-RN). Os estoques locais vêm sendo atendidos pelas bases de distribuição de Cabedelo (PB), Suape (PE) e pela própria refinaria Clara Camarão, localizada no RN.

Procon monitora possíveis práticas abusivas
Enquanto o setor acompanha o movimento internacional, os consumidores potiguares ainda colhem os efeitos de uma recente redução nos preços. A pesquisa divulgada pelo Procon Natal no último dia 11 de junho revelou queda nos valores praticados em postos da capital. A gasolina comum, por exemplo, apresentou queda média de 5,35%, com o litro sendo vendido a R$ 5,92, contra R$ 6,26 em maio. O diesel comum teve queda de 4,67%, passando de R$ 6,24 para R$ 5,95.

De acordo com Dina Pérez, diretora geral do Procon, o órgão está monitorando permanentemente os preços de combustíveis da cidade, inclusive no cenário de instabilidade internacional. “Acompanhamos o mercado local para identificar possíveis práticas abusivas que impactem o consumidor. A nossa última pesquisa apontou uma redução nos preços, reflexo do próprio movimento de mercado. Até o momento, não há sinal concreto de alta generalizada, mas seguimos monitorando, porque o cenário é dinâmico e pode mudar”, relata.

O Procon considera abuso nos preços quando há aumento sem justificativa plausível, desvinculado de reajustes nas distribuidoras, nas refinarias ou de impactos efetivos no custo. A alta precisa ter lastro econômico. Caso o consumidor identifique práticas suspeitas de preços acima da média, ele deve entrar em contato pelo (84) 3232-6189, procon.natal@natal.rn.gov.br, ou em atendimento presencial na sede localizada na Rua Ulisses Caldas, 181, Cidade Alta. Para embasar a denúncia, ele deve estar munido do nome do posto, endereço, data e, se possível, foto do preço na bomba.

 

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