O governo Lula tem aumentado os gastos num ritmo bem
mais rápido do que consegue arrecadar. Segundo informações da Folha de São
Paulo, desde que Lula assumiu o terceiro mandato, o dinheiro que entra nos
cofres da União subiu R$ 191 bilhões. Mas, nesse mesmo período, o governo
gastou R$ 344 bilhões a mais.
Ou seja: enquanto a arrecadação subiu, os gastos
cresceram quase o dobro.
Se essa situação continuar, a máquina pública — que
é o funcionamento básico do governo — pode travar já em 2027. A informação é da
Instituição Fiscal Independente (IFI), ligada ao Senado. Eles apontam risco de
um “apagão fiscal”, quando o governo não tem mais dinheiro para pagar
despesas como luz, internet, gasolina, ou mesmo o salário de servidores.
O que está acontecendo?
O governo arrecada mais, mas não segura os gastos. E
boa parte do que entra não está sendo usada para reduzir a dívida pública. Pelo
contrário, a dívida está subindo.
Em 2024, a arrecadação prevista é de R$ 2,318
trilhões, mas os gastos devem alcançar R$ 2,415 trilhões. O rombo nas
contas públicas pode fechar o ano com um déficit de R$ 180 bilhões, o que
equivale a 0,77% do Produto Interno Bruto (PIB) — que é a soma de tudo o que o
país produz.
A estimativa é que, até o fim do governo Lula, a
dívida pública aumente cerca de 12 pontos percentuais.
Aumento de imposto não resolveu
Mesmo com o aumento da alíquota do ICMS em alguns
estados — como no RN — e novas propostas de tributos (como taxar apostas
esportivas e investimentos), o dinheiro continua saindo mais rápido do que
entra.
Entre as manobras para gastar mais, o governo tem usado
dinheiro do Fundo Social — que vem do petróleo — para turbinar programas como o
Minha Casa Minha Vida e ações do BNDES. Em 2024, esses gastos somam R$ 74
bilhões, quase o triplo do que foi usado em 2023.
Além disso, programas como o Pé de Meia e o Desenrola
Brasil estão sendo pagos com dinheiro de fundos fora das regras normais do
orçamento, o que aumenta as despesas sem entrar no cálculo oficial do déficit.
E os gastos obrigatórios?
Outro ponto que pressiona as contas é o aumento no
salário mínimo, que impacta diretamente os pagamentos do INSS. Mais de 70% dos
aposentados recebem o piso salarial, que teve reajuste acima da inflação. Os
gastos com previdência passaram de R$ 912 bilhões para R$ 1,053
trilhão neste governo.
Também aumentaram os gastos com o BPC (Benefício de
Prestação Continuada), pago a idosos e pessoas com deficiência em situação de
pobreza. O número de beneficiários subiu de 5,1 para 6,3 milhões, muitos
deles por decisão judicial.
Além disso, o governo é obrigado a gastar um
percentual fixo com saúde e educação. Como a arrecadação subiu, esses gastos
também aumentaram — o que deixa ainda menos espaço no orçamento para despesas
livres.
Risco real: o que pode acontecer?
Segundo especialistas ouvidos pela Folha de
São Paulo, se nada mudar, o Brasil pode chegar em 2027 sem dinheiro para
serviços básicos. A própria equipe econômica do governo reconhece esse risco no
projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para 2026.
Na prática, isso significa que pode faltar verba até
para manter órgãos públicos funcionando. Como disse um técnico da IFI: “sem
dinheiro para gasolina da Polícia Federal, para o telefone do Ibama ou para o
funcionamento das escolas”.
Segundo a Folha de São Paulo, o cenário
preocupa porque, ao invés de fazer um ajuste gradual nas contas públicas, o
governo Lula pode estar empurrando um problema ainda maior para o próximo
presidente.
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