Os debates públicos promovidos pelo PT entre os
candidatos à presidência do partido têm sido palco para lavagem de roupa suja
sobre os rumos do partido e do governo Lula, com bombardeio ao novo presidente
do Banco Central, Gabriel Galípolo, e reclamações sobre ministros. A sigla
escolherá um novo presidente em julho, com amplo favoritismo para o ex-prefeito
de Araraquara (SP) Edinho Silva.
Secretário de Relações Internacionais do PT e
candidato à presidência da sigla, Romênio Pereira fez uma crítica: “Reconhecemos
a tarefa fundamental de organizar e ampliar o arco de alianças para garantir a
reeleição do presidente Lula em 2026. No entanto, não pode ser de qualquer
forma ou a qualquer preço, significar abrir mão dos nossos valores e
compromissos, e tampouco desrespeitar a militância”, disse no debate realizado
no Recife no dia 2/6.
O historiador e membro do Diretório Nacional do PT
Valter Pomar também fez críticas ao se apresentar como candidato. “Qual partido
vai existir até 2029? Vitorioso ou derrotado? Que defende ao socialismo ou que
se adaptou ao neoliberalismo?”, iniciou. Então, ele prosseguiu com críticas
individuais, e citou o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro.
“Precisamos de soberania militar. Além de
precisarmos de Forças Armadas que não sigam a concepção de defesa hemisférica
do Pentágono [EUA], também precisamos de um ministro da Defesa capaz de olhar
para acampamentos em frente aos quartéis e ver golpistas, e não, como ele
disse, amigos, familiares e democratas. Alguém que que seja ministro, e não um
instrumento da corporação militar no governo”, disse.
Em seguida, Pomar ainda reclamou sobre o Ministério
da Fazenda, comandado pelo petista Fernando Haddad, apesar de poupar o ministro
de críticas. “Mais e melhores políticas públicas só vão existir se a gente
derrotar o [presidente da Câmara] Hugo Motta e a maioria de direita no
Congresso, uma parte do Ministério da Fazenda e o Banco Central agora indicado
por nós”, disse.
Na sequência, o deputado federal e ex-presidente da
sigla Rui Falcão (SP) também reclamou. “É inaceitável viver com uma taxa de
juros maior que aquela chamada política de lesa-pátria [feita por] Roberto
Campos.” O parlamentar também reclamou do ministro de Relações Exteriores,
Mauro Vieira, pela resistência sobre rompimento diplomático com Israel pelo
massacre na Faixa de Gaza.
“Interpelei o nosso ministro na Câmara e ele
concordou que é necessário fazer o boicote, sanções a Israel, mas não quer romper
relações diplomáticas. Até o Chile rompeu. Mas o nosso governo, felizmente, não
está exportando petróleo para o governo genocida de Benjamin Netanyahu”,
completou.
Como será a disputa do PT?
A eleição interna do partido é marcada por disputas
que se tornam públicas, pois o estatuto da legenda obriga os candidatos à
presidência da sigla a passarem por uma série de debates. Para a disputa de
2025, serão pelo menos cinco. Por isso o Planalto tentou, até o último momento,
demover a candidatura do prefeito de Maricá, Washington Quaquá, que concorreria
com Edinho Silva dentro da CNB, corrente majoritária na legenda.
No Processo Eleitoral Direito do PT, o PED, poderá
votar qualquer filiado cujo pedido de filiação tenha sido registrado no sistema
até o dia 28 de fevereiro de 2025. O formato aberto aumenta a tensão e o
mistério da escolha. O primeiro turno está marcado para 6 de julho, e o segundo
para o dia 20 do mesmo mês.
Metrópoles

Nenhum comentário:
Postar um comentário