Um adolescente, de 14 anos, foi apreendido após
confessar ter matado os pais e o irmão de 3 anos em Itaperuna, no interior do
Rio. Os corpos foram encontrados numa cisterna, na manhã desta quarta-feira,
por uma equipe da 143ª DP (Itaperuna). Segundo os agentes, o menino vai
responder por fato análogo ao crime de triplo homicídio e ocultação de cadáver.
O caso chegou à polícia na terça-feira (24), quando
uma avó do adolescente foi com ele até a delegacia para registrar o
desaparecimento da família. Aos agentes, ela contou que tentava contato desde
sábado, mas ninguém atendia.
Na ocasião, o garoto disse à polícia que o irmão
tinha se engasgado com um caco de vidro, e que os pais teriam saído de casa às
pressas para socorrê-lo. Eles pegaram um carro de aplicativo e não mais
voltaram para casa. A partir dessas informações, uma equipe da 143ª DP
percorreu os hospitais da cidade, mas não encontrou qualquer registro em nome
da família.
Com isso, o delegado solicitou perícia na casa, que
aconteceu na manhã desta quarta. No imóvel, os policiais encontraram manchas de
sangue no colchão do casal, além de roupas ensaguentadas e com focos de
queimado. Um forte odor de putrefação levou os agentes até uma cisterna no
exterior da propriedade, onde localizaram os corpos.
— A quantidade de sangue era incompatível com o
acidente doméstico que ele narrou para a gente. Depois que localizamos o corpo,
ele confessou o crime. Disse ter dado um tiro na cabeça do pai e da mãe; no
irmão, foi no pescoço. Perguntamos porque ele matou o menino, e ele disse que
foi para poupá-lo da perda dos pais — revelou o delegado Carlos Augusto
Guimarães, titular da 143ª DP.
O delegado trabalha com duas linhas de investigação.
A primeira diz respeito a um namoro virtual que o adolescente mantinha com uma
menina do Mato Grosso, que era desaprovado pelos pais. Ela teria dado um
ultimato nele, forçando-o a se encontrar com ela nesse estado. No entanto, a
família do garoto teria proibido a viagem, o que o motivou a cometer os
assassinatos.
— Durante a perícia, encontramos uma bolsa de viagem
já pronta para viajar. Nela, estavam os celulares das vítimas. O adolescente
não deu muitos detalhes sobre a namorada, mas falou que eles se conheceram
nesses jogos online. Nós entramos em contato com a polícia do Mato Grosso para
localizarem a menina — completou.
Por outro lado, os policiais descobriram que o
adolescente pesquisou no celular sobre "como receber FGTS de
falecido". O pai teria direito a receber R$ 33 mil.
— A gente perguntou a ele o que era essa pesquisa, e
ele contou que fez depois do crime. Nós não sabemos ainda se essa foi a
motivação, mas, independente de ter sido essa ou o namoro, ambas configuram
motivo fútil. Ele tem muito o que responder na Justiça.
À polícia, o adolescente contou que estava dormindo
no quarto dos pais porque era o único cômodo com ar-condicionado. Para se
manter acordado, ele tomou um pré-treino e esperou a família adormecer para
cometer o crime. A arma, que pertencia ao pai, estava escondida embaixo do
colchão do casal.
Após matar a família, o garoto contou que passou um
produto de limpeza no chão até a cisterna, o que o ajudou a arrastar os corpos.
— Pelo que a gente percebeu na casa, a cisterna
ficava entre 4 a 5 metros de distância do quarto. Não era muito longe.
A arma usada pelo adolescente foi apreendida na casa
da avó. Ela contou a polícia que encontrou o objeto na casa do neto e a
recolheu com medo de que ele pudesse se machucar.
— Ele foi muito espontâneo ao contar como cometeu os
crimes. É um menino frio, sem remorso. Perguntamos se ele se arrependia, e ele
disse que não, que faria tudo de novo. As respostas que ele nos deu foram
rápidas e o tempo todo ele se autoafirmava como homem. Tinha um "que"
de psicopatia. Ele pode ter premeditado tudo ou é um menino muito inteligente —
concluiu o delegado.
Com informações d'O Globo
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