Com falhas no monitoramento de presos há mais de um
ano, a Secretaria de Estado da Administração Penitenciária (Seap) prevê acabar
com a demanda reprimida por tornozeleiras eletrônicas em até 10 dias. Segundo a
pasta, cerca de 300 presos do regime semiaberto estão sem monitoramento
atualmente. Os dispositivos estão sendo entregues pelas empresas contratadas e
seguem sendo instaladas nos apenados. A secretaria nega que tenha havido
suspensão dos serviços, mas confirmou que há notas fiscais em aberto referentes
aos meses de janeiro e fevereiro. Atualmente, cerca de 3 mil presos são
monitorados eletronicamente no Estado.
Em nota enviada à Tribuna do Norte, a Seap afirmou
que os serviços de instalação, manutenção e monitoramento de tornozeleiras
eletrônicas, voltados ao regime semiaberto, medidas cautelares, protetivas e
prisões domiciliares, “permanecem ativos, em pleno funcionamento”. E
acrescentou que “até o momento, não recebeu nenhuma notificação de suspensão
dos serviços” e que a Central de Monitoramento Eletrônico ampliou sua
capacidade operacional, com a instalação de mais de 700 novos dispositivos nas
últimas duas semanas. Os equipamentos são destinados a dois perfis: presos que
progrediram do regime fechado para o semiaberto e detentos do semiaberto que
tiveram as tornozeleiras danificadas ou inutilizadas.
A legislação determina que é dever do Estado
fornecer o equipamento de monitoramento eletrônico para presos que progridem de
regime. Mesmo na ausência de dispositivos, o magistrado é obrigado por lei a
conceder o alvará de soltura com base na progressão. Atualmente, duas empresas
prestam o serviço de monitoramento eletrônico no Rio Grande do Norte. Uma delas
foi contratada após recomendação do Ministério Público, devido à inadimplência
da anterior na entrega dos dispositivos. Os contratos mensais variam de R$ 200
mil a R$ 400 mil.
O problema no fornecimento de tornozeleiras
eletrônicas persiste há mais de um ano. Em fevereiro de 2024, o serviço foi
suspenso temporariamente após uma das empresas ter uma remessa de 500
tornozeleiras retida no Aeroporto de Guarulhos (SP), devido à greve dos
auditores fiscais da Receita Federal. Em agosto, o problema se repetiu por
falta do equipamento no mercado, deixando cerca de 500 presos do semiaberto sem
monitoramento. Em maio de 2023, a dificuldade já existia por ausência de envio
das tornozeleiras por parte de uma das fornecedoras, situação que levou o
Judiciário a suspender penas por impossibilidade de cumprimento da medida.
Em março deste ano, a Tribuna do Norte publicou a
reportagem “Ação na Justiça mostra que RN deixou de aplicar R$ 480 milhões nas
penitenciárias”, na qual constava que o passivo de presos sem tornozeleira era
de aproximadamente 500 pessoas. O monitoramento eletrônico é aplicado a
detentos do regime semiaberto no Rio Grande do Norte. Eles são vigiados 24
horas por dia e devem cumprir uma série de regras: permanecer em casa das 20h
às 5h, não frequentar bares ou festas, não portar armas e não se envolver em
novos crimes. Com o uso das tornozeleiras, os policiais penais acompanham a
movimentação dos presos em tempo real. De acordo com a legislação, o rompimento
do equipamento é considerado uma violação, sujeita a punição, incluindo a
regressão ao regime fechado.

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