O Ministério do Trabalho aumentou de forma
expressiva o valor de convênios com ONGs em 2023. O total saltou de R$ 25
milhões em 2022 para R$ 132 milhões no ano passado. Grande parte desses
recursos veio de emendas parlamentares ao Orçamento federal.
Entre as entidades que mais receberam verbas está
uma organização ligada ao Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, berço político do
atual ministro Luiz Marinho (PT). A terceira ONG com mais contratos firmados
com a pasta, a Unisol (Central de Cooperativas e Empreendimentos Solidários do
Brasil), firmou parcerias que somam R$ 17,6 milhões.
De 2018 a 2022, a Unisol nunca havia ultrapassado R$
4,2 milhões por ano em projetos. A cifra atual é puxada por um contrato de R$
15,8 milhões para atuação em Roraima, com ações voltadas à organização de
catadores de lixo e à retirada de resíduos sólidos da terra indígena yanomami,
em meio à crise humanitária na região. Os recursos são do governo federal.
A Unisol tem sede em São Bernardo do Campo (SP) e
foi fundada em 2000 com apoio do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. Seu atual
presidente, Arildo Mota Lopes, integrava a diretoria do sindicato na gestão
2002-2005, sob a presidência de Marinho.
A entidade não respondeu aos questionamentos
da Folha sobre como executará o trabalho em Roraima.
O Ministério do Trabalho afirmou que o aumento nos
repasses se deve à retomada de políticas públicas, com foco em estudos sobre o
mercado de trabalho, e que o contrato com a Unisol foi resultado de chamada
pública com banca examinadora. A pasta destacou ainda que a maior parte dos
recursos é de emendas impositivas, cuja destinação é feita por parlamentares, não
pelo ministério.
Dos R$ 76,3 milhões previstos nos dez maiores
contratos do Ministério com entidades sem fins lucrativos, R$ 60,6 milhões são
provenientes de emendas. Entre essas entidades, quatro têm vínculos com o
movimento sindical.
Grande Ponto

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