Golpistas estão se aproveitando da boa-fé das
pessoas para desviar dinheiro via Pix.
Sabe quando a esmola é demais? O professor Luiz
Cezar não desconfiou do Pix inesperado de R$ 700, nem da mensagem que veio em
seguida dizendo que era engano. Por isso, devolveu o valor para a chave Pix que
o desconhecido indicou.
"Até então, pra mim, tá tudo tranquilo, o
dinheiro tinha entrado e eu tinha devolvido ali pra ele", confessou o professor.
Existe um jeito seguro de devolver ou de pedir o
cancelamento de um Pix. É pelo MED, Mecanismo Especial de Devolução, que tem
sido cada vez mais usado.
Em 2023, o Banco Central recebeu 2,5 milhões de
pedidos de devolução de Pix. No ano passado, foram quase 5 milhões.
Mas o desconhecimento desse sistema — e do jeito
certo de devolver um Pix — está facilitando uma nova fraude. É o golpe do Pix
errado. Ele não depende de invasão de conta, roubo de senha nem de ameaça. As
quadrilhas só precisam contar com a honestidade e com a boa vontade da vítima.
Funciona assim: uma pessoa, com R$ 3 mil reais na
conta, por exemplo, recebe um Pix desconhecido de R$ 1 mil. Em seguida, o
bandido liga e diz que foi um erro e pede para a vítima devolver o valor por um
novo Pix, ou por uma transferência comum. Ela acredita que foi um engano e
manda o dinheiro de volta para a conta indicada pelo golpista. Até aqui, o
saldo na conta continua o mesmo: R$ 3 mil.
Mas, logo depois, o criminoso também pede ao banco
dele o cancelamento do Pix que ele fez. O dinheiro é estornado da conta da
vítima. E o saldo, que era de R$ 3 mil, cai para R$ 2 mil. R$ 1 mil de
prejuízo.
Mas, um minuto depois, o primeiro Pix que ele
recebeu foi cancelado. Era um golpe!
"A primeira reação que eu tive foi entrar em
contato com ele pra, né, talvez ele devolver de novo, algo assim. Mas nesse
contato que eu tento falar com ele, ele já tinha me bloqueado e não estava
recebendo as mensagens", complementa Luiz Cezar.
Mas tem um jeito simples de devolver o dinheiro —
sem cair em golpe. Basta entrar no aplicativo do banco, abrir o extrato do Pix,
localizar a transferência e clicar em 'Devolver este Pix'.
Walter Faria, da Febraban, explica que, assim, se o
golpista pedir o cancelamento, o golpe não funciona.
"Tem todo o registro para os dois bancos, que
houve uma transferência e houve uma devolução. Então, não cabe aqui o banco de
origem solicitar o MED porque a devolução foi feita dentro do rito normal de
devolução", explica o executivo.
A Renata quase caiu nesse golpe. Ela recebeu um Pix
de R$ 2.500 e uma ligação pedindo o dinheiro de volta — mas pra outra conta.
Ela desconfiou e escapou do prejuízo.
"Você não está esperando esse valor, com
certeza nada cai do céu. Nunca devolva nada para alguém que entre em contato
direto com você, principalmente se for pra transferir a terceiro. R$ 2.500 iam
fazer falta. Ô, com certeza", diz Renata Mariano, comerciante.
Jornal Nacional

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