O editorial da The Economist que diz que “juízes com
muito poder” são um problema na democracia brasileira –e que o ministro do STF
(Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes seria a personificação dessa
afirmativa– foi postado 13 vezes no X (ex-Twitter) desde 16 de abril de 2025,
data em que foi publicado pela revista britânica.
Somadas, as publicações na rede social tiveram 3,8
milhões de visualizações –uma média de 292 mil para cada uma. O número é
superior ao dos demais posts da Economist no X. Depois de uma rápida análise
nas últimas postagens, é possível observar que a média de alcance é de 40.000 a
50.000 visualizações em cada uma.
Com o título “Brazil’s Supreme Court is on trial”
(Suprema Corte do Brasil está em julgamento, em tradução livre para o
português), o editorial da Economist afirma que só no Brasil, que “dá ao STF
poderes extremos”, um ministro “poderia ter tanto destaque” como Alexandre de
Moraes.
Segundo a publicação, como guardiões da Constituição
Federal, os ministros do STF frequentemente decidem sobre questões que, na
maioria dos países, são de competência de autoridades eleitas. “Por causa da
carga de processos que isso cria, o STF permite que os ministros tomem decisões
relevantes individualmente, em vez de esperar a reunião do plenário”, diz o
editorial.
Isso dá a cada ministro “enorme visibilidade e um ar
de celebridade”, diz a Economist. No entanto, para a publicação, nenhum outro
ministro do STF tem um perfil público que se compare ao de Moraes.
“O que Moraes pensa é sobre a liberdade de expressão
on-line desregulamentada. Sua preocupação surgiu em 2018, quando Jair Bolsonaro
[PL] foi eleito presidente. Bolsonaro elogiou a ditadura militar brasileira e
atacou instituições que pudessem conter seu poder”, afirma a revista.
No sábado (19.abr), o presidente do STF, ministro
Luís Roberto Barroso, publicou uma nota em resposta ao editorial. Para o
magistrado, o texto do veículo de mídia foca na narrativa dos que “tentaram o
golpe de Estado”.
“O enfoque dado na matéria corresponde mais à
narrativa dos que tentaram o golpe de Estado do que ao fato real de que o
Brasil vive uma democracia plena, com Estado de direito, freios e contrapesos e
respeito aos direitos fundamentais”, disse o ministro.
A nota de Barroso defende Moraes, relator do
processo sobre a tentativa de golpe, e cita Bolsonaro.
“Quase todos os ministros do tribunal já foram
ofendidos pelo ex-presidente. Se a suposta animosidade em relação a ele pudesse
ser um critério de suspeição, bastaria o réu atacar o tribunal para não poder
ser julgado. O ministro Alexandre de Moraes cumpre com empenho e coragem o seu
papel, com o apoio do tribunal, e não individualmente”, afirmou.
Barroso declarou que o Brasil sofreu recentemente,
além de esforços para depor o governo eleito, tentativas de atentados
terroristas e um plano para assassinar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
(PT), o vice Geraldo Alckmin (PSB) e Moraes.
Segundo o magistrado, foi necessário “um tribunal
independente e atuante para evitar o colapso das instituições, como ocorreu em
vários países do mundo, do Leste Europeu à América Latina”.
Poder 360

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