A ação civil pública
movida pela Advocacia-Geral da União (AGU) contra a Brasil Paralelo (BP),
protocolada em 27 de março, é um novo marco no ataque do Estado brasileiro à
liberdade de expressão, de acordo com juristas consultados pela Gazeta do Povo.
Pela primeira vez, a AGU,
por meio da Procuradoria Nacional de Defesa da Democracia (PNDD) – o
“Ministério da Verdade” de Lula –, busca censurar um veículo de comunicação por
causa de um conteúdo sem nenhuma relação direta com o governo federal. O papel
da AGU é defender interesses próprios do governo.
Como mostrou reportagem da
Gazeta do Povo, a AGU pede punição à Brasil Paralelo por causa de um episódio
da série “Investigação Paralela”, que questiona a condenação do ex-marido da
ativista Maria da Penha Maia Fernandes por tentativa de homicídio. Trata-se de
uma decisão judicial antiga, que serviu de base simbólica para a criação da Lei
Maria da Penha.
A decisão contra o
ex-marido, que é o foco da produção, não pode ser considerada política pública.
No próprio episódio, o apresentador adverte que a investigação sobre o caso não
significa que a BP seja contrária à Lei Maria da Penha. O episódio não critica
essa lei ou outra política pública.
Mesmo assim, a AGU
argumenta que qualquer crítica à decisão judicial contra o ex-marido de Maria
da Penha prejudica a política pública associada a ela – e, com base nisso, pede
à Justiça que obrigue a Brasil Paralelo a remover o conteúdo, publicar uma
retratação escrita por um órgão do governo e pagar uma multa de R$ 500 mil.
“Esse tipo de ação só faz
sentido dentro de um Estado que concebe que o seu papel é pedagógico e
educativo, que o cidadão não pode conviver com versões não oficiais, teorias
alternativas e, inclusive, com mentiras. É evidente que se a própria Maria da
Penha se sente ofendida, se há, ali, uma mentira dolosa capaz de macular a sua
honra, tem ela o direito de se insurgir, mas que a AGU o faça, com esse
argumento do ‘dano à coletividade’, é realmente preocupante”, afirma Pedro
Moreira, doutor em Filosofia do Direito pela Universidad Autónoma de Madrid.
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