A cobrança de uma taxa de aluguel de cadeiras tem
gerado polêmica entre natalenses e turistas que frequentam a Praia de Ponta
Negra, na Zona Sul de Natal. Segundo relatos, os valores para usar uma barraca
com cadeiras e guarda-sol variam de R$ 30 a R$ 100.
O turista paulista Leandro Oliveira disse que foi
avisado do pagamento de R$ 50 para usar a estrutura, o valor pode ser
descontado se houver consumação no local. “Eles estipulam um valor, mas se a
gente tiver uma consumação ultrapassando o valor de taxa, ele não cobra a
barraca”, disse.
A natalense Maiara de Andrade, mas que mora na
Itália, relatou que precisará pagar 10% pelo uso da barraca e que não havia
sido avisada anteriormente sobre o valor.
“Se for só 10% está bom, mas se for mais não é mais
justo não, porque é tipo como se eles quisessem roubar um
pouquinho. Mas para o serviço, para ter a cadeira, para ficar de boa, é
muito bom. Eles só informam depois quando a gente vai pagar. Só no
pagamento que ele disse, eu vou cobrar 10% a mais para a taxa da barraca e do
serviço”, disse Maiara.
Francinaldo, que trabalha como garçom em Ponta
Negra, defende a cobrança da taxa por causa do trabalho de carregar os
guarda-sóis e cadeiras até a praia. “Rapaz, a taxa que a gente cobra é 30 reais
para sentar, acompanha 3 cadeiras para sentar, uma espreguiçadeira,
entendeu?”, disse.
Maradona também trabalha como garçom e defende uma
consumação mínima para liberar o uso gratuito das estruturas. “Se o
cara vem na praia dessa, com 12 guarda-sóis limitados, ficar na barraca o dia todinho,
tomar um coco, uma cerveja, para mim não é compartilhado. Mas, se o
cliente chega e diz: ‘Maradona, estou afim de comer um peixe, quero comer um
camarão’, aí a gente dá um jeito de atender o cliente. É assim que nós
trabalhamos.”
A presidente da Comissão de Defesa do Consumidor da
Câmara Municipal de Natal, vereadora
Camila Araújo, contou que recebeu mais de 150 denúncias pelo
Instagram sobre a cobrança de preços abusivos em Ponta Negra. Ela
notificou o PROCON de Natal e recebeu a informação de que será feito um
trabalho educativo e de fiscalização na praia, pois muitos barraqueiros
não possuem CNPJ. A vereadora defende a criação de uma taxa padrão em Ponta
Negra.
“Eu acho que partindo do zero é isso, é você
regularizar esses barraqueiros que lá estão, que eles são prestadores de
serviço de forma privada, mas são empreendedores, eles precisam ser
regularizados e partindo do princípio, após isso, você criar
realmente essa taxa regulatória para que todos possam seguir uma prática
de mercado mesmo”, disse a vereadora.
Em Natal existe uma portaria, da Secretaria de Meio
Ambiente e Urbanismo publicada em 2024, que proíbe a exigência de uma
consumação mínima para permanência em áreas públicas outorgadas pelo
órgão.
O documento diz ainda que os clientes precisam ser
informados previamente sobre alguma taxa de utilização do conjunto de
equipamentos da praia. Os comerciantes até podem dispensar a taxa, mas não
podem condicionar essa dispensa ao consumo de produtos ou serviços,
segundo a portaria. Já aquela taxa de 10% sobre o valor da consumação é
facultativa e não pode ser cobrado sem prévio consentimento do cliente.
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