Os leitos de UTI no Rio Grande do Norte estão em
proporção inferior ao que é dimensionado pelo Ministério da Saúde. É o que
aponta o presidente do Sindicato dos Médicos do Rio Grande do Norte
(Sinmed-RN), Geraldo Ferreira, que avalia que são necessários mais leitos no
Estado para suprir a demanda constante de pacientes.
“Há uma proporção de 2,2 leitos leitos de UTI para
10 mil habitantes no serviço público e no RN essa média fica em torno de 1,5.
Ou seja: há um déficit de leitos ainda visível. Se compararmos com o setor
privado, que tem uma média de 4,5 leitos para 10 mil habitantes, essa diferença
é ainda mais gritante. É necessário ao Estado uma complementação de vagas,
tanto que o Estado mantém contratos com alguns hospitais privados para
fornecimento de leitos, como o Rio Grande, Memorial e Hospital do Coração”,
avalia Geraldo Ferreira, presidente do Sinmed-RN.
“Tomando com
base a média nacional já há um déficit considerável em torno de 80 a 100 leitos
e se formos tomar a média do setor privado precisaríamos praticamente dobrar o
número de leitos de UTI no RN”, acrescentou Geraldo Ferreira.
Neste domingo (13), a TRIBUNA DO NORTE publicou a
reportagem “Fila da agonia: RN chega a ter mais de 50 pessoas à espera de uma
UTI”, mostrando a realidade de pacientes potiguares precisando de leitos de UTI
e em alguns casos, tendo que recorrer a judicializações para acessarem os
leitos.
A situação da fila de espera não é de hoje. Conforme
documento que a TRIBUNA DO NORTE obteve, em uma audiência de conciliação
promovida no começo de setembro passado em função de uma Ação Civil Pública
ajuizada pelo Conselho Regional de Medicina (Cremern), em 2012 e já com pedido
de cumprimento de sentença, foi dito que a “fila de pacientes adultos que
necessitam da assistência de terapia intensiva mantém-se sustentada em 50
pacientes, número ainda elevado considerada a urgência desta assistência”. Na
época da audiência, a Sesap disse que havia 53 pacientes à espera de um leito
de UTI.
A TN contou a história da enfermeira Vanessa Gomes e
do seu esposo, Armindo Nunes, que estava internado numa UPA de Parnamirim desde
o dia 21 de setembro diagnosticado com pneumonia broncoaspirativa e aguardavam
por um leito de UTI desde então. Mesmo com decisão judicial do dia 08 de
outubro, a regulação para uma UTI só veio acontecer no último sábado (12), às
23h. A esposa relata que a regulação já havia acontecido na sexta, mas a demora
em uma ambulância do Samu atrasou a transferência. “Alegaram que tinha muitas
ocorrências na frente e só tinha duas ambulâncias de suporte avançado, o que é
absurdo para Natal e Grande Natal as secretarias de saúde deixarem chegar a
esse ponto”, apontou.
“Meu esposo apresentou uma melhora no quadro
pneumológico, está respondendo bem ao antibiótico. Continua sedado e intubado.
Quanto ao tratamento com antibióticos estamos vendo bons resultados”, disse.
Neste final de semana, a TN descobriu uma nova
judicialização de um paciente em busca de um leito de UTI. O paciente está
internado desde o dia 24 de setembro num leito clínico do Hospital Santa
Catarina, com quadro grave de colelitíase e agravado por insuficiência renal. A
decisão é para que o Estado providencie um leito de UTI para o paciente,
devendo ser respeitados os critérios de ordem de urgência/gravidade
estabelecidos pela Central de Regulação de Leitos ou transferência para
hospital da rede privada.
Leitos
O Governo do Estado disse que ampliou os
investimentos na área da saúde no RN e apontou que a rede teve incremento de
infraestrutura desde 2019. Segundo material institucional, o número de leitos
para os pacientes adultos cresceu 114%.
A expansão coordenada pela Secretaria de Estado da
Saúde Pública (Sesap) elevou de 98 para 210 o número de leitos de UTI adulto
disponíveis para a população.
A Sesap aponta ainda que em cinco anos comandou um
processo de expansão regionalizado, citando novos leitos de UTI em Mossoró, no
Hospital Regional Tarcísio de Vasconcelos Maia, e em Assu, no Dr. Nelson Inácio
dos Santos, que pela primeira vez desde sua fundação, em 1999, passou a contar
com leitos críticos para atender à população do Vale do Açu.
Além das UTIs para os adultos, o Governo informou
que também ampliou a oferta de terapia intensiva para os públicos neonatal e
pediátrico. No caso do Hospital Maria Alice Fernandes, a gestão reabriu a UTI
pediátrica, que estava fechada há seis anos, e implantou leitos neonatais. Já
no Hospital Dr. José Pedro Bezerra (Santa Catarina), na zona Norte de Natal,
foram instalados novos leitos de cuidados intermediários. Novos leitos do mesmo
tipo também estão previstos para serem instalados pelo Governo no Maria Alice
Fernandes em 2025.
Somados às UTIs, o Governo, por meio da Sesap,
também vem expandindo os leitos clínicos. Desde 2019 foram mais de 200 novos
leitos, espalhados em todo o estado. Apenas em 2024 foram estruturados leitos
nos hospitais Deoclécio Marques de Lucena, em Parnamirim, para ampliação da linha
de atendimento ortopédico, e Geral João Machado, focado no atendimento aos
casos de neurologia.
O Governo do Estado planeja ainda duas novas
unidades de saúde, uma em Natal e outra em Parnamirim, que juntas podem somar
500 novos leitos para a rede. A primeira delas é a nova maternidade de alto
risco, na zona Norte da capital, e a segunda, e maior delas, é o Hospital
Metropolitano, que será construído em Parnamirim. O investimento total das duas
obras é superior a R$ 240 milhões, sendo financiadas pelo Governo Federal,
através do Novo PAC e do PAC Seleções.
Tribuna do Norte
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