O Sindicato dos Médicos do RN (Sinmed) tem apontado
preocupação com o que chama de “desestruturação” do setor de oftalmologia do
Hospital Walfredo Gurgel, em Natal. Isso porque a direção hospitalar,
juntamente com a Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap) teriam
solicitado a devolução imediata de seis dos 17 oftalmologistas que atuam no
setor, em razão de um suposto descumprimento da jornada de trabalho desses
profissionais, os quais deverão ser realocados dentro da própria unidade.
A direção do Walfredo e a Sesap foram procuradas
para comentar o assunto, mas não houve retorno até o fechamento desta edição.
De acordo com Geraldo Ferreira, presidente do Sinmed, a falta de clínicos
gerais no hospital teria motivado o pedido de mudança, uma vez que seis
oftalmologistas que atuam no Walfredo foram aprovados em concurso para o quadro
de médico generalista. A questão, afirma ele, é que a mudança pode
desestruturar o setor de oftalmologia do hospital, o único a ofertar urgência e
emergência ocular na rede pública do RN.
“Há o risco
de inviabilização das escalas da oftalmologia [do Walfredo], que hoje contam
com três médicos por dia. Realocar os profissionais é como descobrir um santo
para cobrir o outro”, disse Ferreira. Na quarta-feira (9), o presidente do
Sinmed, a direção do hospital e os oftalmologistas que atuam na unidade se
reuniram para debater a questão. Segundo Geraldo Ferreira, o Sinmed está
preparando, juntamente com o chefe de oftalmologia da unidade, algumas
justificativas sobre a necessidade de manutenção dos 17 profissionais no setor.
A previsão é de que o documento seja finalizado
nesta sexta-feira (11). “O serviço prestado pelo Walfredo para a urgência e
emergência oftálmica é importantíssimo para a população porque, em qualquer
caso de olho perfurado ou trauma ocular no Rio Grande do Norte, não tem outro
local de atendimento a não ser ali. Inclusive, à noite e aos finais de semana,
não há sequer serviço privado disponível. Sem contar que o setor funciona muito
bem no Walfredo”, destaca Geraldo Ferreira.
A questão foi levantada, segundo Ferreira, depois de
uma intervenção do Ministério Público do RN (MPRN) identificar a falta de
clínicos gerais no hospital. À reportagem, o Ministério disse que a
transferência dos profissionais “foi uma decisão da direção do hospital e da
Sesap” após o próprio MP “recomendar que medidas corretivas fossem adotadas” por
causa do “suposto descumprimento da jornada de trabalho dos médicos
oftalmologistas”.
Questionado sobre como tem ocorrido o descumprimento
da jornada de trabalho dos profissionais e sobre quais medidas corretivas foram
recomendadas, o Ministério Público disse que o processo está em andamento e
que, portanto, não pode divulgar qualquer detalhamento. O órgão reforçou, no
entanto, que a decisão de realocar os profissionais foi da Sesap e do próprio
Walfredo Gurgel, sem que houvesse recomendações do MP neste sentido.
Tribuna do Norte
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