Em 2023, o Brasil registrou 1,6 milhão de crianças e
adolescentes entre 5 e 17 anos em situação de trabalho infantil, segundo dados
da PNAD Contínua. O Nordeste lidera esse cenário, com 506 mil menores nessa
condição, seguido pelas regiões Sudeste e Norte. A queda de 14,6% em relação ao
ano anterior não esconde o fato de que o trabalho infantil ainda afeta 4,2% da
população dessa faixa etária no país. Os dados são do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE).
O analista Gustavo Fontes, do IBGE, destaca que o
trabalho infantil interfere na escolarização e é perigoso para o
desenvolvimento dos jovens. As principais áreas afetadas são comércio e
agricultura, que concentram quase metade das atividades exercidas por esses
menores. A jornada semanal de 40 horas ou mais atinge 20,6% dos jovens
trabalhadores, enquanto quase dois terços são pretos ou pardos.
No Nordeste, a proporção de menores em trabalho
infantil é de 4,5%, acima da média nacional. Essa realidade afeta diretamente a
educação, com 88,4% das crianças em situação de trabalho infantil frequentando
a escola, contra 97,5% da média nacional. Além disso, as crianças e
adolescentes que trabalham acumulam, muitas vezes, afazeres domésticos,
sobrecarregando ainda mais essa população vulnerável.
A pesquisa do IBGE mostra que, embora o país tenha
registrado uma queda significativa, o combate ao trabalho infantil,
especialmente nas regiões mais pobres, ainda é um grande desafio.
Impacto na escolarização é mais
acentuado no Nordeste
O trabalho infantil tem um impacto direto na
escolarização das crianças e adolescentes, especialmente no Nordeste. Enquanto
a média nacional de frequência escolar entre menores é de 97,5%, entre aqueles
que estão em situação de trabalho infantil esse percentual cai para 88,4%. No
grupo de adolescentes de 16 a 17 anos, a discrepância é ainda maior: apenas
81,8% dos trabalhadores infantis nessa faixa etária frequentam a escola, contra
90% da média nacional.
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