Dois botafoguenses salvaram o Brasil de mais um
vexame e foram decisivos para a vitória sobre o Chile, de virada, por 2 a 1
nesta quinta-feira. Igor Jesus e Luiz Henrique foram às redes no triunfo em
Santiago, conquistado com gol perto dos acréscimos, quando a partida apontava
para um empate com marasmo O resultado pode dar confiança e faz a seleção
brasileira do pressionado Dorival saltar na tabela.
A apresentação não foi das melhores mais uma vez,
mas foram importantes os três pontos que levaram o Brasil ao quarto lugar na
tabela de classificação das Eliminatórias, com 13 pontos, Manteve-se o futebol
pobre, com pouco repertório e sem soluções táticas. Mas o poder de decisão de
Igor Jesus, em grande fase, e a ousadia de Luiz Henrique, salvaram a pragmática
seleção.
As estrelas, como Rodrygo, decisivo em seu clube, o
Real Madrid, se mantiveram apagadas – por responsabilidade própria e também por
causa da pobreza tática e técnica dessa equipe.
Em Santiago, foi previsível e improdutiva a seleção
brasileira, repetindo atuações abaixo da média que havia feito sob o comando de
Dorival e outros técnicos. O time, por vezes, acelerou muito e pensou pouco.
Foi afoito e em alguns momentos desesperado, provavelmente pela necessidade do
resultado positivo, que enfim veio e deu alívio aos jogadores e à comissão
técnica.
Diante do Chile, freguês histórico, o Brasil saiu
vencedor, mas não foi soberano. A seleção chilena atual é valente, mas bastante
limitada, tanto que só ganhou uma vez nas Eliminatórias e tem a segunda pior
campanha do torneio, com cinco pontos. Mesmo assim, segurou os brasileiros por
algum tempo e até exerceu certo domínio em parte do duelo.
Foi melancólico o início de jogo da seleção, que
levou um gol no primeiro minuto e complicou o que já era difícil. O gol foi
resultado de falhas em sequência na marcação e uma clara desatenção de
jogadores como Danilo, que não se sabe se é zagueiro ou lateral. Certo é que
joga mal nas duas posições, mas é considerado um líder por Dorival, que lhe
concedeu a braçadeira de capitão. Ele não viu Vargas às suas costas. O chileno,
atacante reserva do Atlético Mineiro, cabeceou por cima de Ederson, outro a
falhar.
A pressão dos chilenos seguiu até perto dos 15
minutos, período depois do qual o Brasil passou a controlar a partida. Mas não
foi um domínio tão claro. O time de Dorival teve a bola, procurou espaços e
rondou a área do rival, só que, com um futebol burocrático, não levou perigo.
Até que Savinho, um dos que mais tentou, driblou na ponta direita e cruzou na
cabeça de Igor Jesus. O estreante mandou para as redes e comemorou
efusivamente. Foi a primeira vez no século que um atleta do Botafogo marcou um
gol pela seleção.
Ninguém jogou tão mal como Lucas Paquetá.
Investigado por suposta participação em esquema de apostas, o meio-campista
levou cartão amarelo com um minuto de jogo. Depois, errou passes em profusão e
mais reclamou do que correu. Foi justamente sacado no intervalo.
As presenças de Gerson na vaga de Paquetá e Bruno
Guimarães no lugar de André deu qualidade ao meio de campo da formação
brasileira, mas outros jogadores, como Raphinha e Rodrygo, pouco apareceram. A
‘estratégia’ por muitas vezes foi bola em Savinho e o ponta do Manchester City
que se vire. Ele tentou, mas, na maioria das vezes sozinho, não progrediu.
Até o melhor jogador do time ser sacado por Dorival,
que resolveu por Luiz Henrique em campo. A substituição sepultou o ataque
brasileiro. Sem Savinho, ninguém conseguiu ao menos acertar dribles e encontrar
espaços. O meio de campo trocou passes com lentidão. Quando tentava acelerar,
errava. Foi grande a posse de bola, mas inócua.
Até que Luiz Henrique resolveu chamar a
responsabilidade e fazer o que ninguém vinha fazendo: arriscar. O meia-atacante
limpou a marcação e acertou o canto direito do goleiro para salvar o Brasil e
garantir a sofrida vitória na capital chilena.
FICHA TÉCNICA
CHILE 1 X 2 BRASIL
CHILE – Cortés; Loyola, Kuscevic, Maripán e Galdames
(Marcelo Morales); Echeverría, Diego Valdés e Pavez (Alarcón); Darío Osorio (Tápia),
Dávila (Cepeda) e Vargas (Palacios). Técnico: Ricardo Gareca.
BRASIL – Ederson; Danilo, Marquinhos, Gabriel
Magalhães e Abner (Gabriel Martinelli); André (Bruno Guimarães) e Lucas Paquetá
(Gerson); Savinho (Luiz Henrique), Raphinha, Rodrygo e Igor Jesus (Endrick).
Técnico: Dorival Júnior.
GOLS – Vargas, a 1, e Igor Jesus, aos 44 minutos do
primeiro tempo. Luiz Henrique, aos 43 do segundo tempo.
CARTÕES AMARELOS: Lucas Paquetá, Galdames, Danilo.
ÁRBITRO – Dario Herrera (Argentina).
PÚBLICO E RENDA – Não divulgados.
LOCAL – Estádio Nacional de Santiago, no Chile
(CHI).
Estadão Conteúdo
Nenhum comentário:
Postar um comentário