domingo, 20 de outubro de 2024

Após novo Plano Diretor, Natal emite 81 licenças e projetos somam R$ 2,4 bilhões

 


Felipe Salustino
Repórter

Desde março de 2022, quando entrou em vigor o novo Plano Diretor de Natal (PDN), a Secretaria de Meio Ambiente e Urbanismo (Semurb) emitiu 81 licenças para a construção de empreendimentos com base nas novas prescrições urbanísticas. Esses empreendimentos somam, de acordo com Thiago Mesquita, titular da pasta, R$ 2,4 bilhões em Valor Geral de Vendas (VGV). O VGV é uma métrica utilizada para calcular o montante total que será arrecadado com as vendas de cada unidade. As regiões Leste e Sul da cidade continuam sendo as de maior interesse, mas a zona Norte tem começado a despontar como área de bons investimentos, segundo Mesquita.

Ele detalha que cerca de 20 das 81 licenças emitidas são para construções naquela que é a região mais populosa de Natal. “São empreendimentos mais voltados ao Minha Casa, Minha Vida, responsáveis por investimentos significativos que pegam uma boa parcela do VGV, de R$ 2,4 bilhões. Isso mostra que realmente faltava para a zona Norte um plano diretor que pudesse manter o equilíbrio da preservação dos aspectos socioambientais e ao mesmo tempo desenvolver segurança para os investidores”, afirma o secretário.

Os bairros de Tirol e Petrópolis, na zona Leste, e Lagoa Nova, Capim Macio e Ponta Negra, na zona Sul, seguem como os locais de investimentos mais robustos dentro das novas prescrições, com equipamentos de uso multifamiliar. Para Thiago Mesquita, o cenário atual confirma a expectativa inicial em torno dos efeitos do novo Plano. “O PDN certamente é o mais moderno do País hoje. Ele tem todas as prescrições urbanas que favorecem tanto os aspectos socioambientais como também os de eficiência e desenvolvimento econômico. É um plano que consegue ser um grande instrumento de atrativo para quem quer investir em Natal”, assegura o gestor.

Quem atua nos setores imobiliário e da construção civil concorda que houve uma guinada no mercado local a partir da revisão do PDN. Wescley Magalhães, gerente da Moura Dubeux e Mood no RN avalia que o mercado da capital está carente de produtos, mas esta lacuna tende a ser revertida a partir de agora. “O Plano Diretor fecha um capítulo da história da cidade que envolve a crise econômica, iniciada em meados de 2015, e a pandemia, a partir de 2020, e permite uma nova geração de empreendimentos”, analisa.

“E essa nova geração é tocada pelo perfil de consumo, que mudou já que naturalmente esses empreendimentos têm características diferentes dos anteriores. Há espaço para Natal porque o estoque está pequeno e existe uma demanda reprimida por imóveis, o que nos anima a promover investimentos”, acrescenta o gerente da Moura Dubeux e Mood no RN.

Ricardo Abreu, da Abreu Imóveis, diz que o Plano Diretor significa um ‘reset’ para o lançamento de projetos inteligentes, os quais provocaram uma espécie de despertar no mercado local. Na imobiliária, as vendas de casas e apartamentos cresceram, até setembro de 2024, 50% em comparação com igual período do ano passado. “Isso é fruto do novo Plano Diretor, que deu um start e um reset com lançamentos de projetos inteligentes. O mercado voltou e Natal vive um bom momento de se ver”, analisa.

Mercado local vive momento ideal para aquisições

Wescley Magalhães, gerente da Moura Dubeux e Mood no RN, pontua que o mercado de imóveis de Natal vivencia o momento ideal para aqueles que querem adquirir um empreendimento. Isso porque, segundo avalia, há uma tendência de aumento de preços nos próximos dois anos, puxada pela retomada dos investimentos do setor e também pela pressão da elevação da taxa de juros. “Desde a pandemia, houve uma inflação sobre os custos da construção, o que provocou uma alta dos preços. Natal está um passo atrás neste sentido, porque só foram lançados empreendimentos após a revisão do Plano Diretor. E a gente ainda tem vivido esse momento”, assinala.

Ele explica que, como o setor é movido pelo humor da oferta de crédito, qualquer variação da taxa de juros impacta diretamente no mercado. “Por essas razões, estamos numa excelente ocasião para comprar imóveis. Quem deixar para 2025 ou 2026 não vai conseguir condições de preços como a gente tem visto atualmente”, diz Magalhães. Segundo ele, Natal ainda registra baixo estoque de imóveis, ao contrário do que acontecia cerca de 10 anos atrás. As famílias de renda média, indica, são as mais afetadas pela escassez de empreendimentos.

Além disso, os preços atuais, que não foram acompanhados pelo poder aquisitivo desse público, são um gargalo. “Uma família com renda mensal entre R$ 12 mil a R$ 15 mil que comprava um imóvel de R$ 500 mil há três anos, hoje, só consegue comprar esse mesmo imóvel por cerca de R$ 750 mil. Mas a renda dessa família não cresceu. Então, ela tem a expectativa de adquirir um empreendimento e não consegue. Ao mesmo tempo, não consegue ir para imóveis mais baratos por não se enquadrar no Minha Casa Minha Vida. Esse, portanto, é um perfil que ficou desassistido”, detalha Wescley Magalhães.

Se adequar a essas necessidades é um desafio, de acordo com o gerente, mas ele garante que é possível. “O Mood, por exemplo, surge dessa necessidade. A mágica de trazer imóveis com preços para essa parcela é um revestrés do movimento de mercado. Então, a Mood chega como um contraponto na oferta de produtos neste segmento. Ele tem sido muito bem aceito. Claro que para promover um produto assim, a gente fez uma reengenharia de custo e de projeto para chegar ao propósito de ofertar um imóvel com qualidade, bem localizado e para um segmento que não estava assistido. Hoje, o maior mercado de Natal é esse segmento de renda média. Então, tudo casou muito bem e, de olho neste mercado, hoje a Mood responde por cerca de 30% de todo o portfólio da Moura Dubeux. ”, ressalta.

A Moura, por sua vez, aposta em um novo projeto na capital, de olho nas inovações do PDN, com o Trairi 517 (empreendimento de alto padrão, com 72 unidades), em Petrópolis. No terceiro trimestre deste ano, a empesa realizou R$ 1 bilhão em vendas, com quatro projetos que incluem, além da capital potiguar, lançamentos em Fortaleza (CE), Salvador (BA) e Manguinhos (PE). Os quatro lançamentos somam VGV líquido de R$ 1,1 bilhão. Cerca de 600 empregos são gerados pela Moura Dubeux apenas em Natal.

País tem alta na venda de imóveis novos

O mercado imobiliário brasileiro apresentou aumento de 17,9% nas vendas de imóveis (casas e apartamentos) novos entre abril e junho deste ano, de acordo com levantamento da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) divulgado no último mês de agosto de 2024. O percentual do trimestre (abril, maio e junho) teve alta de 17,9% em relação ao mesmo período de 2023, quando registrou crescimento de 8,5% nas vendas.

Ao todo, foram vendidas 93.743 unidades no trimestre deste ano nos 221 municípios analisados na pesquisa, um recorde desde o início do levantamento, em 2016. Já o Valor Geral de Vendas (VGV) fechou o segundo trimestre do ano com R$ 53 bilhões, tornando-se 20,2% maior que no mesmo intervalo de 2023, quando rendeu R$ 44 bilhões. No acumulado dos últimos 12 meses (de julho de 2023 a junho de 2024) o VGV foi de R$ 203 bilhões (alta de 21,5%), com 353.949 novas unidades vendidas.

Para a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), o mercado deve continuar forte e o público continua em busca de imóveis novos. A CBIC também afirma que os resultados apontam um bom sinal para o restante do ano. No cenário local, conforme expectativa das fontes ouvidas pela reportagem, os bons resultados seguirão a tendência nacional. Ricardo Abreu, da Abreu Imóveis, cita que os ventos que sopram em favor daqueles que buscam adquirir um imóvel, provocam efeitos positivos também no segmento de locação.

“A locação não é tão rápida porque depende da entrega de imóveis. Natal hoje necessita, pelo menos, de 4 mil a 5 mil imóveis para locação. Por mês, a Abreu tem uma demanda de algo em torno de 1,5 mil pessoas procurando imóveis para alugar, mas tem como atender a todo mundo. Então, à medida que novos empreendimentos forem entregues, parte vai para para locação”, explica Ricardo Abreu.

Moisés Marinho, diretor-secretário do CRECI-RN, destaca, no caso de Natal, a variedade de opções de produtos derivadas do PDN. “A demanda de tamanhos, preços e localização desses futuros lançamentos, conduzem o público a uma variada alternativa de preços e opções de imoveis, além das facilidades de pagamento e financiamento, e nisso os corretores e imobiliárias possuem alternativas diversas para agilizar e negociar as melhores oportunidades para uma melhor aquisição”, frisou.

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Queda no banheiro, atendimento de emergência e pontos na região da nuca: como foi o acidente doméstico que levou Lula a cancelar viagem à Rússia

  O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, cancelou a viagem que faria à Rússia neste domingo após sofrer um acidente doméstico...