Felipe Salustino
Repórter
Desde março de 2022, quando entrou em vigor o novo
Plano Diretor de Natal (PDN), a Secretaria de Meio Ambiente e Urbanismo
(Semurb) emitiu 81 licenças para a construção de empreendimentos com base nas
novas prescrições urbanísticas. Esses empreendimentos somam, de acordo com
Thiago Mesquita, titular da pasta, R$ 2,4 bilhões em Valor Geral de Vendas
(VGV). O VGV é uma métrica utilizada para calcular o montante total que será
arrecadado com as vendas de cada unidade. As regiões Leste e Sul da cidade continuam
sendo as de maior interesse, mas a zona Norte tem começado a despontar como
área de bons investimentos, segundo Mesquita.
Ele detalha que cerca de 20 das 81 licenças emitidas
são para construções naquela que é a região mais populosa de Natal. “São
empreendimentos mais voltados ao Minha Casa, Minha Vida, responsáveis por
investimentos significativos que pegam uma boa parcela do VGV, de R$ 2,4
bilhões. Isso mostra que realmente faltava para a zona Norte um plano diretor
que pudesse manter o equilíbrio da preservação dos aspectos socioambientais e
ao mesmo tempo desenvolver segurança para os investidores”, afirma o
secretário.
Os bairros de Tirol e Petrópolis, na zona Leste, e
Lagoa Nova, Capim Macio e Ponta Negra, na zona Sul, seguem como os locais de
investimentos mais robustos dentro das novas prescrições, com equipamentos de
uso multifamiliar. Para Thiago Mesquita, o cenário atual confirma a expectativa
inicial em torno dos efeitos do novo Plano. “O PDN certamente é o mais moderno
do País hoje. Ele tem todas as prescrições urbanas que favorecem tanto os
aspectos socioambientais como também os de eficiência e desenvolvimento
econômico. É um plano que consegue ser um grande instrumento de atrativo para
quem quer investir em Natal”, assegura o gestor.
Quem atua nos setores imobiliário e da construção
civil concorda que houve uma guinada no mercado local a partir da revisão do
PDN. Wescley Magalhães, gerente da Moura Dubeux e Mood no RN avalia que o
mercado da capital está carente de produtos, mas esta lacuna tende a ser
revertida a partir de agora. “O Plano Diretor fecha um capítulo da história da
cidade que envolve a crise econômica, iniciada em meados de 2015, e a pandemia,
a partir de 2020, e permite uma nova geração de empreendimentos”, analisa.
“E essa nova geração é tocada pelo perfil de
consumo, que mudou já que naturalmente esses empreendimentos têm
características diferentes dos anteriores. Há espaço para Natal porque o
estoque está pequeno e existe uma demanda reprimida por imóveis, o que nos
anima a promover investimentos”, acrescenta o gerente da Moura Dubeux e Mood no
RN.
Ricardo Abreu, da Abreu Imóveis, diz que o Plano
Diretor significa um ‘reset’ para o lançamento de projetos inteligentes, os
quais provocaram uma espécie de despertar no mercado local. Na imobiliária, as
vendas de casas e apartamentos cresceram, até setembro de 2024, 50% em
comparação com igual período do ano passado. “Isso é fruto do novo Plano
Diretor, que deu um start e um reset com lançamentos de projetos inteligentes.
O mercado voltou e Natal vive um bom momento de se ver”, analisa.
Mercado local vive momento ideal para
aquisições
Wescley Magalhães, gerente da Moura Dubeux e Mood no
RN, pontua que o mercado de imóveis de Natal vivencia o momento ideal para
aqueles que querem adquirir um empreendimento. Isso porque, segundo avalia, há
uma tendência de aumento de preços nos próximos dois anos, puxada pela retomada
dos investimentos do setor e também pela pressão da elevação da taxa de juros.
“Desde a pandemia, houve uma inflação sobre os custos da construção, o que
provocou uma alta dos preços. Natal está um passo atrás neste sentido, porque
só foram lançados empreendimentos após a revisão do Plano Diretor. E a gente
ainda tem vivido esse momento”, assinala.
Ele explica que, como o setor é movido pelo humor da
oferta de crédito, qualquer variação da taxa de juros impacta diretamente no
mercado. “Por essas razões, estamos numa excelente ocasião para comprar
imóveis. Quem deixar para 2025 ou 2026 não vai conseguir condições de preços
como a gente tem visto atualmente”, diz Magalhães. Segundo ele, Natal ainda
registra baixo estoque de imóveis, ao contrário do que acontecia cerca de 10
anos atrás. As famílias de renda média, indica, são as mais afetadas pela
escassez de empreendimentos.
Além disso, os preços atuais, que não foram
acompanhados pelo poder aquisitivo desse público, são um gargalo. “Uma família
com renda mensal entre R$ 12 mil a R$ 15 mil que comprava um imóvel de R$ 500
mil há três anos, hoje, só consegue comprar esse mesmo imóvel por cerca de R$
750 mil. Mas a renda dessa família não cresceu. Então, ela tem a expectativa de
adquirir um empreendimento e não consegue. Ao mesmo tempo, não consegue ir para
imóveis mais baratos por não se enquadrar no Minha Casa Minha Vida. Esse,
portanto, é um perfil que ficou desassistido”, detalha Wescley Magalhães.
Se adequar a essas necessidades é um desafio, de
acordo com o gerente, mas ele garante que é possível. “O Mood, por exemplo,
surge dessa necessidade. A mágica de trazer imóveis com preços para essa
parcela é um revestrés do movimento de mercado. Então, a Mood chega como um
contraponto na oferta de produtos neste segmento. Ele tem sido muito bem
aceito. Claro que para promover um produto assim, a gente fez uma reengenharia
de custo e de projeto para chegar ao propósito de ofertar um imóvel com
qualidade, bem localizado e para um segmento que não estava assistido. Hoje, o
maior mercado de Natal é esse segmento de renda média. Então, tudo casou muito
bem e, de olho neste mercado, hoje a Mood responde por cerca de 30% de todo o
portfólio da Moura Dubeux. ”, ressalta.
A Moura, por sua vez, aposta em um novo projeto na
capital, de olho nas inovações do PDN, com o Trairi 517 (empreendimento de alto
padrão, com 72 unidades), em Petrópolis. No terceiro trimestre deste ano, a
empesa realizou R$ 1 bilhão em vendas, com quatro projetos que incluem, além da
capital potiguar, lançamentos em Fortaleza (CE), Salvador (BA) e Manguinhos
(PE). Os quatro lançamentos somam VGV líquido de R$ 1,1 bilhão. Cerca de 600
empregos são gerados pela Moura Dubeux apenas em Natal.
País tem alta na venda de imóveis novos
O mercado imobiliário brasileiro apresentou aumento
de 17,9% nas vendas de imóveis (casas e apartamentos) novos entre abril e junho
deste ano, de acordo com levantamento da Câmara Brasileira da Indústria da
Construção (CBIC) divulgado no último mês de agosto de 2024. O percentual do
trimestre (abril, maio e junho) teve alta de 17,9% em relação ao mesmo período
de 2023, quando registrou crescimento de 8,5% nas vendas.
Ao todo, foram vendidas 93.743 unidades no trimestre
deste ano nos 221 municípios analisados na pesquisa, um recorde desde o início
do levantamento, em 2016. Já o Valor Geral de Vendas (VGV) fechou o segundo
trimestre do ano com R$ 53 bilhões, tornando-se 20,2% maior que no mesmo
intervalo de 2023, quando rendeu R$ 44 bilhões. No acumulado dos últimos 12
meses (de julho de 2023 a junho de 2024) o VGV foi de R$ 203 bilhões (alta de
21,5%), com 353.949 novas unidades vendidas.
Para a Câmara Brasileira da Indústria da Construção
(CBIC), o mercado deve continuar forte e o público continua em busca de imóveis
novos. A CBIC também afirma que os resultados apontam um bom sinal para o
restante do ano. No cenário local, conforme expectativa das fontes ouvidas pela
reportagem, os bons resultados seguirão a tendência nacional. Ricardo Abreu, da
Abreu Imóveis, cita que os ventos que sopram em favor daqueles que buscam
adquirir um imóvel, provocam efeitos positivos também no segmento de locação.
“A locação não é tão rápida porque depende da
entrega de imóveis. Natal hoje necessita, pelo menos, de 4 mil a 5 mil imóveis
para locação. Por mês, a Abreu tem uma demanda de algo em torno de 1,5 mil
pessoas procurando imóveis para alugar, mas tem como atender a todo mundo.
Então, à medida que novos empreendimentos forem entregues, parte vai para para
locação”, explica Ricardo Abreu.
Moisés Marinho, diretor-secretário do CRECI-RN,
destaca, no caso de Natal, a variedade de opções de produtos derivadas do PDN.
“A demanda de tamanhos, preços e localização desses futuros lançamentos,
conduzem o público a uma variada alternativa de preços e opções de imoveis,
além das facilidades de pagamento e financiamento, e nisso os corretores e
imobiliárias possuem alternativas diversas para agilizar e negociar as melhores
oportunidades para uma melhor aquisição”, frisou.
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