A Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa do RN
(ALRN) esteve no Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel na última sexta-feira (26)
para uma fiscalização após denúncias de forte desabastecimento na unidade,
feita por servidores e também por sindicatos que representam os trabalhadores
atuantes na unidade. As denúncias das últimas semanas indicavam a falta de
itens como sabão, luvas, gaze, e medicamentos, como dipirona e antibióticos.
Antes da visita, na sexta, a Comissão se reuniu com a direção do Walfredo e com
representantes da Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap) para entender
as dificuldades que o hospital enfrenta.
“Nos últimos dias, este que é o maior hospital de
urgência e emergência do Estado, tem sido alvo de denúncias por falta de
insumos, alimentos, medicamentos e equipamentos quebrados. Viemos fazer nossa
obrigação, que é fiscalizar, para somar junto à Sesap e a direção da unidade,
no sentido de termos um diagnóstico do que está havendo no hospital para poder
ter um tratamento mais adequado no âmbito da saúde do Rio Grande do Norte”,
pontuou o deputado Galeno Torquato, presidente da Comissão.
Durante a reunião, que aconteceu antes da visita, a
Sesap e a direção do hospital reconheceram a falta de alguns itens, mas
afirmaram que isso não tem afetado a assistência para a população. “Dentro de
um universo de 3 mil itens, 5%, no máximo, estão em situação crítica no
estoque, mas nada que prejudique a assistência. E essa criticidade parte de um
ponto de fragilidade, que foge da governabilidade do gestor, que depende dos
fornecedores, porque existem insumos com problemas de matéria-prima”, disse o
diretor geral da unidade, Geraldo Neto.
“Tivemos a questão do álcool líquido, por exemplo,
que foi zerado. Enquanto isso, nós tínhamos um estoque extremamente confortável
de álcool gel. E quando tem insumo com estoque perto de atingir nível crítico,
a gente já dispara os processos de aquisição e fica no aguardo”, completou o
diretor. A secretária-adjunta da Sesap, Leidiane Fernandes, também
responsabilizou a dificuldade com prazos, por parte dos fornecedores, pela
falta dos itens.
“O que a gente nota dentro do Walfredo Gurgel é que
houve a falta de um outro insumo e que isso faz parte de uma logística onde,
muitas vezes, o fornecedor tem dificuldade de prazos, porque são insumos
específicos”, apontou a gestora. O presidente da Comissão de Saúde da ALRN
ressaltou que um dos grandes problemas que afetam a Saúde do Estado são os
problemas orçamentários. “De antemão, já posso dizer que a falta de finanças é
um grande problema na assistência à Saúde do RN”, comentou Torquato. “Sabemos
que falta medicamento porque a Sesap atrasa os fornecedores – alguns estão com
nota desde setembro do ano passado para receber. Fica muito difícil para que o
comerciante possa fornecer [insumos] sem o devido pagamento”, disse o deputado.
Larissa Monteiro, coordenadora de Atenção à Saúde da Sesap, descreveu que foi
solicitada, ao longo da semana, uma suplementação orçamentária para aquisição
de medicamentos na rede do estado.
Ainda, segundo ela, foram abertos processos
emergenciais para a compra de remédios e, no caso do Walfredo, as dívidas com
as principais empresas fornecedoras foram quitadas. “Fizemos uma negociação na
semana passada e pagamos as principais empresas que fornecem ao hospital. Com
isso, as empresas retomaram às entregas na semana passada mesmo”, explicou.
Falta de insumos
No
início da semana, servidores estaduais denunciaram, em cartazes afixados na
fachada do Hospital Walfredo Gurgel, a falta de insumos médicos e higiênicos,
listando entre eles sabão, luvas, gazes, álcool, papel toalha, suporte de soro,
lenços, dipirona, aparadeira, antibióticos, ataduras, coletor de urina e
luftal. Além dos listados à porta da instituição, a coordenadora do Sindsaúde,
Rosália Fernandes, denunciou a falta de antibióticos, antiinflamatórios e
seringas, faltosos em todo o hospital, sendo eles oxacilina, teicoplanina,
tigeciclina, vancomicina, e seringas de 5ml e 20ml.
A sindicalista relatou que havia insumos
contabilizados apenas para um dia, com seringa de 10 ml, sonda e alguns
coletores. Tudo é contado, a falta de material já está extrema ”, contou
Rosália à TRIBUNA DO NORTE. O Sindicato dos Médicos do RN (Sinmed) confirmou a
denúncia do Sindsaúde, através do presidente Geraldo Ferreira. Ele destacou a
gravidade da falta de insumos para o funcionamento do hospital. “É uma situação
gravíssima. Nós recebemos depoimentos de cirurgiões. Inclusive, está se
repetindo aquela situação de usar material inadequado. Nesses últimos 10 dias,
muitas vezes, fios que estão em falta obrigam o cirurgião a operar com fios que
não são os adequados, sem falar uma série de medicações que estão em falta”,
falou o presidente do Sinmed no começo da semana. Na sexta, a
secretária-adjunta da Sesap, Leidiane Fernandes, disse, enquanto levava a
imprensa e a Comissão de Saúde da ALRN para visitar as dependências do
hospital, que a situação diferente. “Conferi pessoalmente os estoques, vi que
nós temos um abastecimento razoável, com um amplo espectro de antibióticos, de
insumos para curativos e cirurgias, álcool e sabão”, detalhou.
A deputada Cristiane Dantas, membro da Comissão de
Saúde da AL explicou que a fiscalização foi motivada pelas demandas e frisou a
necessidade de ações para que os problemas não voltem a se repetir. “O objetivo
aqui é somar e ver como nós podemos ajudar, fiscalizando e cobrando desta nova
gestão, que assumiu há pouco mais de 20 dias”, descreveu referindo-se à chegada
de Geraldo Neto à direção-geral do hospital. “A questão da alimentação já foi
sanada, estamos de olho na situação dos corredores e na ausência dos insumos
que ainda são um gargalo para a unidade”, complementou.
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