Privilegiado pelo sol em grande parte do ano, o Rio
Grande do Norte desponta como um dos principais pilares da produção de energia
renovável. E em âmbito nacional, o RN desponta como um dos principais
estados brasileiros produtores de energia solar. Segundo a Associação Brasileira de
Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), atualmente o estado potiguar é o
quarto em produção de energia solar por grandes usinas. No entanto, o estado
ainda pode melhorar quando no quesito geração de energia solar por meio de
telhados solares.
Em entrevista ao AGORA RN, Carlos Dornellas, diretor
técnico regulatório da Absolar, destacou a importância que o Rio Grande do
Norte tem no cenário nacional. “O estado figura entre os cinco maiores
produtores de energia solar no Brasil em grandes usinas, ocupando o quarto
lugar. Uma posição bastante relevante. São grandes investimentos, são grandes
usinas, e justamente por ser um estado rico em sol, ele possui essa posição a
nível nacional”, adiantou.
No entanto, Dornellas aponta para a necessidade de
avançar na geração distribuída, onde o estado ainda está em uma posição de
menor relevância. “Na geração de menor porte, como telhados solares, o Rio
Grande do Norte ocupa a 15ª posição”, acrescentou.
Sobre a produção nacional de energia fotovoltaica, o
diretor técnico destacou um crescimento exponencial nos últimos anos,
especialmente na geração distribuída. “Até o momento, atingimos a marca de 38
GW, colocando o Brasil na segunda posição na matriz elétrica, perdendo apenas
para as hidrelétricas”, revelou. Ele também expressou otimismo em relação ao
futuro, projetando uma expectativa de alcançar mais de 45 GW até o final de
2024.
Questionado em relação à questão de acesso às
tecnologias em virtude do investimento financeiro relativamente alto, Dornellas
observou uma tendência de queda, tornando os sistemas mais acessíveis. Ele
ressaltou que, apesar do investimento inicial, o retorno é significativo a
longo prazo, tornando o investimento em energia solar uma opção vantajosa tanto
para residências quanto para grandes usinas.
“O preço dos equipamentos tende a cair em função do
maior uso em escala global Você sabe que a China é o principal supridor desse
tipo de equipamento, principalmente do módulo que compõe a maioria dos sistemas
fotovoltaicos. Ele responde por 80% ou mais sistema fotovoltaico, e esse preço
está em queda. Então observando o último ano em relação ao ano da dólar a gente
vê uma queda, e isso faz com que os sistemas fiquem mais acessíveis”, observou.
“Obviamente, esse tipo de investimento se recupera
com o tempo, não é imediato, [acontece] em torno de cinco anos. Então, como o
equipamento dura em torno de 20 anos, a pessoa que investe, a pessoa física que
investe na sua própria casa, em um telhado solar, ao fim do período recupera
até quatro sistemas, pagou por um, recuperou em 5 anos, e após o período de
uso, ele de 20 anos, recuperou quatro sistemas, aproximadamente. Tem uma conta
bastante rápida aqui. Então, é um investimento bastante vantajoso”, completou.
Ainda de acordo com Carlos, o mesmo acontece em
relação às grandes usinas. “Elas têm batido nas regiões de energia regulado nos
últimos cinco anos, e tem sido a energia mais em conta para o consumidor.
Então, ainda que o consumidor não invista em um telhado solar, ele acaba de uma
forma comprando essa energia no mix das distribuidoras fazendo com que esse
preço ou a tarifa seja menor em função justamente da maior competitividade da
fonte solar”, relatou.
Com base de dados voluntária, Absolar
monitora roubo de materiais no Brasil
Com o crescimento deste mercado no Brasil, houve
também o surgimento de um mercado paralelo no País. Atualmente, a Absolar criou
uma base de dados nacional, de forma voluntária. Para que associados ou
clientes relatem furtos de cargas, precisam do amparo de um registro de boletim
de ocorrência. “Qual é a grande vantagem? Qualquer pessoa que vá comprar um
equipamento de segunda mão e desconfie, pode recorrer àquela base de dados e
verificar se aquele equipamento foi roubado”, aponta o diretor.
Entretanto, Dornellas afirma que, mesmo com o
monitoramento constante nos últimos anos, ainda é prematuro avaliar se houve
crescimento. “Ainda temos poucos relatos ali, mas somente relatos
exemplificativos talvez”, aponta. “Houve relatos aqui na associação de que o
roubo de carga estava acontecendo, mas na prática a gente não consegue
verificar com o nosso sistema que há uma elevação no país como um todo. A minha
percepção, em função do que eu estou vendo ali na margem de dados, é de que
está de alguma forma controlado. Após ter tido ali, no início, certamente as
autoridades tomaram o presidente e esse roubo ficou de alguma forma contido, ao
menos é o que eu vejo na base dos dados. Eu não tenho tido maiores informações
ou recebido novos relatos associados”, completou.
Em janeiro, dois homens foram presos em Parnamirim,
na Grande Natal, por receptação de inversores fotovoltaicos que estavam à venda
em um site. Segundo a Polícia Civil, os equipamentos foram furtados no dia 23
de setembro do ano passado em Campo Redondo. Segundo a Polícia Civil, pelo
número de série e documentos, foi possível concluir que os dois inversores eram
objetos de crime. Os homens, que eram dois irmãos, foram presos em flagrante.
A respeito do número de furtos de equipamentos de
energia solar no Rio Grande do Norte, a reportagem solicitou o número de
ocorrências relacionadas ao segmento nos anos de 2023 e 2022 à Secretaria da
Segurança Pública e da Defesa Social (Sesed), mas não obteve as informações até
o fechamento desta reportagem.
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