Metrópoles
A balconista de farmácia
Mariana Michelini, 35 anos, perdeu parte da boca e do queixo após fazer um
preenchimento labial em dezembro de 2020, em Matão, município de São Paulo.
Mariana conta que não
pagou pelo procedimento, ele foi uma permuta para um trabalho dela como modelo
e influenciadora digital. Ela também relatou que havia sido informada de que o
procedimento seria com injeções de ácido hialurônico nos lábios, no queixo e
nas maçãs do rosto.
Seis meses depois da
aplicação, veio uma reação alérgica grave. Mariana acordou com os lábios e o
queixo inchados, vermelhos e doendo. Alguns meses depois, quando investigava as
causas da alergia, descobriu que a “harmonização” foi feita com injeções de
polimetilmetacrilato (PMMA).
“A harmonização ficou
linda, recebi mais trabalhos ainda, mas após seis meses, tive uma grave reação.
Acordei toda inchada e com dor. Voltei a mesma profissional e senti que ela
estava muito nervosa”, lembrou Mariana, em entrevista ao Metrópoles.
O PMMA é uma substância
plástica normalmente indicada para corrigir pequenas deformidades ou a perda da
gordura facial em pessoas com HIV, conhecida como lipodistrofia. Ao contrário
do ácido hialurônico ou do colágeno, o PMMA não é reabsorvido pelo organismo,
ou seja, é um preenchedor definitivo.
O uso do produto para fins
estéticos não é recomendado pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e
caiu em desuso justamente por ser permanente e quase sem possibilidade de
remoção.
Tratamento
Após sofrer a reação, Mariana procurou atendimento médico contando ter feito um
preenchimento com ácido hialurônico, mas o tratamento padrão para a reversão da
substância não funcionou.
“O médico injetou uma
ampola de hialuronidase cheia e nada aconteceu. Foi feita uma biópsia e
encaminhada para São Paulo. Foi só aí que descobri que era PMMA, uma coisa que
eu nem conhecia. Fui pesquisar na internet e só vi mulheres que tinham
morrido”, afirma.
Ela começou um tratamento
com antibióticos e corticoides em 2021 para tentar remover o PMMA. A jovem
também teve de se submeter a uma cirurgia para retirar parte do lábio superior
e do buço. “Passei um ano com muita dor, era terrível. Em 2022, foi necessário
a remoção do produto e meu lábio, já que esse produto gruda na pele e não sai.
Agora luto para poder reconstruir minha boca”, diz Mariana.
As intervenções para
remover a substância afetaram a capacidade de Mariana se comunicar e se
alimentar. Hoje ela só consegue beber líquidos com a ajuda de um canudo.
A mulher conta que todo
esse processo afetou profundamente sua vida. Ela não consegue sair de casa sem
máscara para esconder as cicatrizes deixadas pelo procedimento. “Não fui nem no
casamento de uma grande amiga. É um mix de sentimentos: tenho tristeza,
desespero, raiva”.
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