Quarta de
comemoração especial… foi o aniversário de 90 anos de Dr. Kleber de Carvalho
Bezerra. Pai dos amigo Jorge Eduardo de Carvalho Bezerra (Jorginho Bezerra) e
Carlos Theodorico (Cacá Bezerra)
Dr. Kleber que foi já homenageado em uma abertura da Festa do Boi. Como o Pecuarista do Ano.
A toda
família Bezerra, nossos mais sinceros votos de parabéns. Paz, Saúde e muitos
anos de vida.
Homenagem no Parque
Por Tribuna do Norte
Na abertura da Festa do Boi, prestou-se uma
homenagem ao criador Kleber de Carvalho Bezerra como o “Pecuarista do Ano”,
escolha unânime da Associação Norte-Riograndense de Criadores (Anorc) da qual,
tempos atrás, foi presidente e que há quase meio século participa dessa
exposição agropecuária montada no Parque Aristófanes Fernandes. Este
escrevinhador de notícias que vos fala, que um dia também se meteu a criar boi
e bode, foi agraciado com a missão de fazer a saudação ao homenageado,
amigo e colega criador. A Festa do Boi começou no sábado outro e se encerra
hoje.
Era começo de noite e lá, na arena do Parque, onde
acabara de se realizar o desfile dos animais (bois, vacas, bodes, cabras,
ovelhas, cavalos e muares) puxados por tratadores e proprietários, grandes e
pequenos, diante de um bocado de gente espalhada por aqueles espaços
todos e de autoridades (incluindo a governadora) nas tribunas reservadas,
alinhavei algumas palavras num montante de uns dez minutos. Repasso, agora,
passagens do que falei:
– Kleber de Carvalho Bezerra é um natalense nascido no dia 1º de novembro.
Canguleiro da gema, legítimo. Canguleiro era assim chamado todos os que nasciam
ou moravam no bairro da Ribeira, rivais ferrenhos dos xarias, como se batizavam
os viventes da Cidade Alta. As duas áreas em que se dividia o território de
Natal, uma Jerusalém que já não existe. Coisas dos meados do século 19.
– Há muitos canguleiros ilustres. Poderia começar
citando um que chegou à presidência da República: João Café Filho. Outro,
certamente, o mais conhecido e mais popular da tribo: o historiador e etnólogo
Luís da Câmara Cascudo. Cascudo e Kleber nasceram na mesma rua, a doce Rua das
Virgens. Há um terceiro canguleiro famoso, nascido na Rua das Virgens: o
jornalista e escritor Murilo Melo Filho, da Academia Brasileira de Letras.
Canguleiro também é o poeta Ferreira Itajubá, que veio ao mundo na Rua Chile,
que já foi Rua da Praia, da Alfândega e do Comércio, perniciosa mania natalense
de mudar os nomes de suas ruas e praças. Café Filho nasceu na Rua 15 de
Novembro, que já foi Rua do Triunfo. Velha, saudosa e mal tratada Ribeira de
tantas paixões, rica em histórias e estórias, manjedoura de filhos ilustres e
cortada de ruas de doces nomes.
– Falo destas coisas com um afeto muito especial e
admiração que tenho por Kleber, amizade que já passa dos 60 anos, nascida na
juventude ainda com jeito de adolescência, num tempo em que certamente não
imaginávamos nunca que um dia, bem mais na frente, seríamos criadores de
boi. Éramos jovens e foliões do mesmo bloco de carnaval que tinha o
sugestivo nome de Jardim da Infância, hoje pretexto para esporádicos almoços
mensais, juntando uma dúzia de remanescentes para debulharem saudades e darem
conta, também, de loas sobre netos e netas, intercaladas de palpites apimentados
sobre política, que não deixa de ser uma forma de paixão adormecida.
– Kleber Bezerra, engenheiro civil, professor
universitário (um dos fundadores da Escola de Engenharia da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte), o político eleito duas vezes deputado
estadual, o homem público que foi secretário de Estado nos governos de Aluízio
Alves e José Agripino Maia, o empresário da construção civil, da
agricultura e da pecuária, industrial na área de algodão e da fabricação e
refinação de óleo vegetal. E uma outra faceta profissional sua que poucos aqui
sabem. Foi fundador e diretor da Rádio Trairi de Natal e colaborador do Jornal
do Comércio de Natal, com direito a carteira de sócio da Associação
Norte-Riograndense de Imprensa e da ABI (Associação Brasileira de Imprensa).
Kleber jornalista, cidadão com larga folha de serviços prestados à sua terra e
à sua gente, tanto no setor econômico, como na política, no social e cultural.
– Mas, agora nesta noite, diante deste arvoredo
acolhedor que cerca este belo Parque Aristófanes Fernandes (vejam, minhas
senhoras e meus senhores, a floração de suas craibeiras brilhando em
amarelo-ouro!) o que ressalta da biografia de Kleber é o de pecuarista, o de
criador e selecionador de zebuínos das raças Nelore e Guzerá, e que expõe
nestas pistas desde 1964, dois anos apenas após a criação da Festa do Boi
no governo Aluízio Alves. Lá se vão 59 anos de expositor. A primeira raça que
criou foi o Nelore. O Guzerá começou a criar em 1978, motivado pela Exposição
Nacional da Raça Guzerá que aconteceu neste Parque com o apoio do governador
Tarcísio Maia, também pecuarista, e que abriu veredas para o intercâmbio dos
criadores do Rio Grande do Norte com selecionadores do país, nos rastos
de Uberaba. A trajetória de Kleber Bezerra, como se vê, se confunde com a
história deste Parque, construído e inaugurado pelo governador Sílvio Pedrosa,
que gostava de vaquejadas tanto quanto outros esportes: tênis, futebol mirim,
iatismo.
– A partir de 1978, a raça Guzerá criada e
selecionada no Rio Grande do Norte começou, então, a fazer parte dos catálogos
das mais importantes exposições brasileiras, incluindo as do Parque Fernando
Costa, em Uberaba, uma espécie de vaticano das raças zebuínas no Brasil. Por
essas exposições Brasil afora, há muitos campeões nascidos dos plantéis do Rio
Grande do Norte. A genética do Guzerá potiguar é, sim, uma referência nacional.
– Kleber Bezerra faz parte dessa geração de
guzeratistas campeões. Sua dedicação à pecuária, que não busca somente
resultados econômicos, mas, também, a melhoria das raças aqui criadas e
desenvolvidas, levou-o à presidência da Anorc, no período de 1992 a 1996, e a
participar de várias diretorias da Associação Brasileira de Criadores de Zebu
(ABCZ), com sede em Uberaba.
– Homenageando Kleber Bezerra, a Anorc homenageia
todos os criadores do Rio Grande do Norte. Desde os pioneiros, os desbravadores
do século 17 que, por estas terras, atrás do rasto do boi aqui fixaram os
alicerces de uma civilização na formação de um povo e de uma cultura, aos
atuais pecuaristas que fazem da atividade a sua razão de viver e sustentam
essa tradição que é o suporte maior de nossa própria História. A Festa do
Boi, montada neste belo parque, poderia ser mote de dissertação acadêmica no
rasto dessa procura histórica. É chegada a hora de a Anorc cuidar de organizar
e montar seu museu.
– Aqui, ao longo dos quase 60 anos deste parque,
aconteceram coisas de muita valia e que orgulham nossa gente. Ao lado dos
bois e das vacas, das cabras, bodes e ovelhas, dos equinos e muares, dos
criadores, vaqueiros e tratadores, ao lado do povo que enchia seus espaços,
pela primeira vez na história musical do Brasil realizou-se um concerto de uma
Orquestra Sinfônica durante uma exposição agropecuária. Aqui se apresentou,
numa noite inesquecível (acho que em 1988/9, governo de Geraldo Melo, também
criador de Guzerá), a Orquestra Sinfônica do Rio Grande do Norte, tendo como
solista o genial Sivuca que, com sua sanfona mágica, interpretou peças
magistrais de outro gênio musical: Luiz Gonzaga. Nada mais nordestino,
mais sertanejo, mais Brasil.
Meus parabéns, Kleber Bezerra.

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