“Esses dias foram terríveis”, é o que afirma o
vigilante José Marcos Ribeiro, de 54 anos, solto na manhã desta quarta-feira
(15) após quatro
dias preso suspeito pelo crime de estupro de vulnerável contra um bebê de 10
meses dentro do Hospital Universitário Onofre Lopes (Huol), em Natal. Ele
estava detido na Penitenciária Estadual de Parnamirim (PEP) e sempre negou a
acusação.
O álvara de soltura, emitido na noite desta
terça-feira (14), foi publicado
após um pedido da defesa de Marcos, que considerou o laudo emitido pelo
Instituto Técnico-Científico de Perícia (Itep) descartando a suspeita
de sêmen humano no líquido encontrado no rosto, assim como indícios de agressão
ou violência sexual contra o bebê.
Logo após a soltura, Marcos retornou ao
hospital para visitar o filho, Lorenzo Ravi, de 11 meses. Durante a tarde,
o vigilante encontrou a reportagem da InterTV Cabugi, e disse que
foi pego de surpresa com a prisão.
“Estava no quarto do hospital com meu filho, de
repente entrou um funcionário, me chamou para fora do quarto onde policiais me
aguardavam e fui levado. Vim saber do que estava sendo preso somente na
delegacia”, afirmou.
A denúncia do suposto crime foi feita na noite
de sexta-feira pela mãe do bebê. Com isso, Marcos foi levado para a delegacia
pela Polícia Militar. A PM havia sido acionada pela segurança do hospital
depois que o laboratório da unidade hospitalar analisou a amostra do líquido
coletado na criança, que constatou, segundo o relato do segurança do Huol para
o policial, que se tratava de sêmen.
Os policiais deixaram o local com um depoimento
apresentado e assinado por uma farmacêutica do Huol. O documento, escrito
a próprio punho pela profissional que estava de plantão no laboratório, relata
que visualizou, por meio de um microscópio, células características semelhantes
a espermatozoides na amostra coletada.
Mesmo sem ter resistido à prisão, Marcos foi
algemado pelos policiais. Do hospital, ele foi conduzido para a Central de
Flagrantes da Polícia Civil, onde foi interrogado por uma delegada. “Acho que
ela queria que eu dissesse que tinha feito. Em todo o tempo eu disse que não
fiz, ela se irritou duas vezes e mandou que me levassem”, disse.
Na manhã seguinte, no sábado (11), ele foi submetido
aos exames no Itep e encaminhado para a Penitenciária Estadual de Parnamirim
(PEP), na Grande Natal, onde permaneceu até ser solto, nesta quarta-feira.
“Esses dias foram terríveis”, disse Marcos.
“Vou tomar providências porque minha imagem foi
exposta. Vou atrás dos meus direitos. Sou vigilante na cidade de Santa Cruz,
muita gente me conhece. Procurei a imprensa porque minha imagem está em jogo. O
que mais quero é resolver definitivamente”, ressaltou.
O caso
De acordo com a mãe da suposta vítima, o filho
possui uma síndrome rara que afeta o fígado, o pâncreas e os rins, e está
internado no HUOL após a colocação de um catéter no pescoço para o início da
hemodiálise.
Mãe e filho dividiam o quarto com outra família, que
também estava com um bebê de 10 meses internado. A mulher teria saído do quarto
para beber água e, ao retornar, teria visto o suspeito, o pai desse outro bebê,
agindo de forma estranha.
"A minha vizinha de quarto foi pra casa e
deixou seu esposo com o filho. Meu bebê estava dormindo e eu saí pra tomar
água. Foi questão de 3 a 5 minutos, muito rápido. Quando eu cheguei, percebi
que o homem estava ajeitando a calça e a camisa. Eu corri, liguei a luz e fui
olhar meu bebê. Olhei para as partes íntimas, mas não vi nada de anormal. Mas
quando olhei o canto da boquinha dele, [havia] o líquido estranho", contou
a mãe.
Ao ver a situação, ela chamou a equipe de
enfermagem, que agiu para investigar o que poderia ter acontecido.
"Quando mostrei à técnica de enfermagem, ela
chamou outras enfermeiras, que colheram [o líquido] e levaram para um
laboratório do hospital para analisar. Quando voltei pro quarto, vi o homem bem
tenso e saí ligeiro com meu bebê", lembrou a mãe, que logo após esse
momento, foi levada, junto ao seu bebê, para outra acomodação.
O caso é investigado pela 2ª Delegacia de Plantão da
Zona Norte de Natal. Segundo a Polícia Civil, a investigação corre em sigilo.


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