Com informações do R7
A vida de Lucas Paquetá virou de cabeça para baixo
no final da semana passada, quando foi revelado que o jogador era alvo de uma
investigação da FA (Football Association), entidade que regula o futebol
inglês, por envolvimento em apostas.
Um cartão amarelo supostamente forçado em jogo da
última temporada custou ao atleta do West Ham uma convocação para os jogos de
eliminatórias da seleção brasileira e o fim das negociações para se transferir
ao Manchester City, em negócio que dobraria o seu salário, e renderia cerca de
80 milhões de libras (R$ 508 milhões, na conversão de valores) aos cofres do
clube londrino.
Diferença com Brasil
Apesar de cortado para os dois primeiros jogos das
Eliminatórias da Copa 2026, no último final de semana, Paquetá foi titular da vitória
do West Ham contra o Chelsea, por 3 a 1. O brasileiro teve grande atuação e
marcou o terceiro gol da equipe, recebeu um cartão amarelo e virou meme.
Na Inglaterra, não há um impeditivo na regras o qual
aponta que um jogador investigado deva ser afastado. No Brasil, os jogadores
investigados pela Operação Penalidade Máxima do MP-GO (Ministério Público de
Goiás) foram afastados pelo STJD (Supremo Tribunal de Justiça Desportiva),
mesmo sem que a investigação na Justiça comum tenha sido finalizada.
O caso
No dia 12 de março, foi detectado um número incomum
de apostas na região da ilha de Paquetá, no Rio de Janeiro - onde Lucas nasceu
- para que o jogador recebesse um cartão amarelo durante a partida entre West
Ham e Aston Villa, que terminou empatada por 1 a 1.
Aos 25 minutos do segundo tempo, o brasileiro parou
uma jogada adversária no centro do campo com um forte carrinho por trás. Pela
falta, foi advertido com o cartão amarelo.
Na partida em questão, Paquetá cometeu quatro
faltas, recorde pessoal do jogador no último campeonato inglês.
A casa de apostas BetWay, principal patrocinadora do
West Ham, notou um crescimento anormal de criação de contas no dia da partida
na região da ilha de Paquetá.
Segundo informações do Daily Mail, o fato de muitos
donos de novas contas apostarem o valor máximo na advertência do jogador
brasileiro ligou o alerta na casa de apostas, que passou a investigar o caso, e
repassar as informações para a FA.
As investigações, inclusive, levaram ao suposto
envolvimento de outro jogador brasileiro. Luiz Henrique, do Betis, da Espanha,
que foi cortado da lista de Ramon Menezes da seleção olímpica, pelo mesmo
motivo de Lucas no time principal.
No mesmo dia em que Paquetá levou um cartão amarelo,
Luiz Henrique foi advertido em partida do campeonato espanhol. Apostas
combinadas para que os dois jogadores fossem advertidos, tratado como inusual
pela casa de apostas, foi um dos pontos de partida da investigação.
Desde 2014, qualquer personagem envolvido na
estrutura do futebol inglês é proibido de apostar, direta ou indiretamente, em
qualquer evento esportivo ao redor do mundo.
“Um participante não deve apostar, direta ou
indiretamente, ou instruir, permitir, causar ou habilitar qualquer pessoa
apostar no resultado, progresso, conduta ou qualquer outro aspecto de, ou
ocorrência em, ou em conexão com, uma partida ou competição de futebol”, diz
uma das regras da seção de “apostas” do manual da federação inglesa.
O caso de Paquetá também pode ser considerado como
um caso de “informação privilegiada”, quando alguém que possua uma posição
dentro dos clubes, por exemplo, repasse para um terceiro uma informação
relevante, que não seja pública, sobre algo que possa ser apostado.
Até o momento, Paquetá é apenas investigado, e segue
à disposição do treinador David Moyes no West Ham. Ainda segundo a imprensa
britânica, o jogador ficou “chocado” ao receber a notícia, e nega as acusações.
Na última sexta-feira (18), o treinador da seleção
brasileira, Fernando Diniz, explicou que a decisão de cortar Paquetá da lista
dos 23 convocados serviu para preservar o atleta.
"Paquetá estava na lista. É um jogador que eu
gosto muito. É uma questão de preservação, deixá-lo ele resolver essas
questões, que excedem o jogo. Deixá-lo mais à vontade para resolver. Tivemos
estes problemas aqui no Brasil. Isso precisa do fator tempo para que as coisas
se esclareçam", declarou.
Caso seja comprovada a manipulação de apostas, qual
a punição?
Nos últimos anos, se tornaram público alguns escândalos de atletas da mais alta
prateleira do futebol inglês que se envolveram em casos do tipo.
“Se declarado culpado, isso pode levar a punições
financeiras, suspensões, e em alguns casos, banimentos”, esclarece a FA em uma
de suas políticas de conduta.
Ivan Toney, centroavante do Brentford, e um dos
destaques do último campeonato inglês, foi suspenso por oito meses, e recebeu
uma multa de 50 mil libras por violar regras de apostas esportivas em mais de
250 oportunidades durante quatro anos.
O lateral Kieran Trippier, da seleção inglesa, foi
punido no final de 2020, por apostar, de forma indireta, que ele seria
transferido do Tottenham, clube que atuava, para o Atlético de Madrid.
A transferência foi concretizada, mas o avanço das
negociações comprovaram que ele repassou a informação privilegiada para uma
pessoa próxima.
Pela violação, foi suspenso por dez semanas e teve
que pagar uma multa de 70 mil libras.
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