Correio Braziliense
Num jantar que terminou quase nesta madrugada, num
hotel em Brasília, o presidente da Câmara, Arthur Lira, avisou a um grupo de
seletos empresários que o governo “errou na forma” ao incluir a taxação das
offshores na medida provisória de correção da tabela do Imposto de Renda, sem
combinar com os líderes partidários e agora será preciso muita conversa ainda
hoje para definir o futuro desta MP, que perde a validade na semana que vem. Durante
mais de duas horas, num evento promovido pelo portal Poder 360, Lira respondeu
perguntas de empresários e jornalistas, inclusive do Correio Braziliense, sobre
os mais variados temas econômicos e políticos.
O presidente da Câmara defendeu de forma veemente a
reforma administrativa, como algo que tem que ser analisado até o final deste
ano. Fugiu de uma única pergunta, a sua conversa com o presidente Lula, na
semana passada. Foi direto ao mencionar que os partidos querem ministérios que
tenham algum serviço na “ponta”, ou seja, no contato direto com os prefeitos.
Citou, primeiramente, a Agricultura, “por começar com a letra ‘A”. Fez ainda
uma ampla defesa da reforma administrativa e sobre a minuta do imposto
sindical, avisou: “Essa história de querer voltar com o imposto sindical não
passa na Câmara (…). O que for projeto para o país, sempre buscaremos
entendimento. O que for ideológico, o governo que busque maioria para aprovar”,
pregou. A seguir, alguns pontos abordados pelo presidente da Câmara.
MP do salário ministro, correção do IR e tributação
de offshores – Lira reúne hoje os líderes para discutir como ficará essa
questão, que não é simples. O governo precisa compensar a perda de arrecadação
com a correção da tabela do IR e, para isso, propôs a taxação de offshores.
Ocorre que incluído na MP do IR e do salário-mínimo, não dá. A ideia dos
congressistas é que essa taxação seja discutida no Congresso via projeto de
lei, que não tem a urgência de uma medida provisória. O vídeo que o secretário
da Receita, Robinson Barreirinhas, gravou falando que para aliviar a carga
tributária dos mais pobres e da classe média, é necessário que os mais ricos,
milionários e bilionários, paguem imposto. Os congressistas, que prometeram nos
palanques não aumentar a carga tributária para ninguém, não gostaram do
discurso não combinado. A MP perde a validade no próximo dia 28, segunda-feira.
Lira reuniu os líderes a residência oficial antes do jantar e perguntou a todos
quem havia sido consultado sobre o fato de o governo inserir a cobrança de
imposto das offshores no texto da medida provisória do salário mínimo. Nenhum
deles havia sido consultado ou informado. Assim, nesta terça-feira, no final da
manhã, Lira mais uma vez reunirá os líderes para saber se o governo tem uma
solução para esse imbroglio. “Ficou muito injusto misturar tabela do IR com
offshore”, diz Lira.
Reforma ministerial: O presidente da Câmara disse
com todas as letras que os partidos querem Ministérios que têm interlocução na
ponta. Perguntado, já no final do jantar, quais seriam esses Ministérios, ele
listou de forma direta; “Agricultura, Cidades, Integração, Saúde,
Desenvolvimento Social, Esporte, são muitos. Não se faz omelete sem quebrar os
ovos”, comentou a respeito da dificuldade em acomodar o centrão. “O erro foi na
hora de nomear, sem levar em conta os votos de cada partido. Agora, fica
difícil. Acho que deveria deixar tudo isso, inclusive, para dezembro, como
parte de uma reforma ministerial”, sugeriu, ao ressalvar que a escolha era de
Lula.
Orçamento:
Lira considera __ e não deixa de ter razão_, quando diz que as RP 2 são menos
transparentes do que as emendas parlamentares. Ele tem cobrado essas questões
do governo. Lira acaba colocando uma conexão entre Ministério e Orçamento, ao
mencionar o ministro da Agricultura, Carlos Favaro: “Ele mandou milhões de
reais para o estado dele É ministro só do Mato Grosso?”
Exploração de petróleo no mar equatorial: “É lamentável
que, sem nenhum estudo mais aprofundado, a gente tenha a negativa. Acho que
isso vai mudar”, afirmou o presidente da Câmara.
Reforma administrativa: “O governo terá que discutir
a reforma administrativa até o fina do ano. Não queremos tirar um direito
adquirido de ninguém. Mas o governo vai ter que segurar a despesa. Até em casa,
sabemos que é assim. É o normal o básico da vida”, diz ele. O presidente da
Câmara pretende discutir esse tema com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
“Nós escolhemos Haddad como interlocutor e ele não poderá se desviar disto”,
diz.
Visão
geral dos Poderes; “Somos (o Parlamento) a Geni. Quando alguma coisa sai dos
trilhos, é o Congresso quem paga, Câmara e Senado, as assembleias legislativas
e as câmaras de vereadores”.
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