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quarta-feira, 21 de junho de 2023

Movimento de vendas dos produtos juninos está abaixo do esperado este ano

 


Tribuna do Norte

Comerciantes de Natal que vendem itens relacionados ao período do São João relatam movimento de vendas abaixo do esperado neste ano. Vendedora de peças de roupas juninas, Aldacy Lira, 60 anos, tem uma tenda montada no tradicional canteiro central da avenida Antônio Basílio, na zona Sul de Natal. Ela afirma que a procura pelos itens está menor neste mês de junho em relação ao mesmo período de anos anteriores, ainda antes da pandemia da covid-19. Vendedores de milho também apontaram menor fluxo de clientes.

No caso da vendedora Aldacy Lira, que também confecciona as roupas com a mãe e as vende no mesmo local desde 1991, é importante divulgar que o canteiro da avenida Antônio Basílio ainda é um ponto de vendas de peças de São João, segundo ela. Os anos sem a festa de junho, devido à crise sanitária, acabaram interrompendo a comercialização dos itens produzidos pela família e ainda tem reflexos atualmente.

"As vendas estão mais ou menos, não no volume que a gente espera, mas todo dia a gente vende, graças a Deus. Eu vendo chapéus, tiaras, saias, vestido de noiva, véu, lenços, camisa, tudo relacionado ao vestuário característico desse período", disse ela. As roupas custam a partir de R$ 50, e os chapéus, de R$ 20. Ela também vende estalinhos.

Dora Silva, 42 anos, também tem uma tenda no local. Assim como os demais vendedores, ela afirma que a procura da clientela está baixa neste ano. Com o mês de junho chegando ao fim, a vendedora iniciou o plano de ofertar os produtos a preços promocionais.

"A gente tinha vestido adulto de R$ 180 e baixamos para R$ 150, mas até R$ 130 leva. Vestidos de R$ 150 estão por R$ 100 agora. Então vamos correr e vamos comprar porque o valor está naquele jeito que cabe no bolso", performou a vendedora.

Já para os vendedores de milho em Natal, a reclamação é quanto ao ponto de vendas providenciado pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Rural e da Agricultura Familiar (Sedraf). O espaço montado às margens da BR-101, entre a Arena das Dunas e o Centro Administrativo, gerou insatisfação nos comerciantes e clientes, pela infraestrutura. Os vendedores alegam que a mudança do local (anteriormente no estacionamento do Mercado da Agricultura Familiar) e a precariedade das instalações do novo ambiente contribui para o número inferior de clientes.

"Na Mor-Gouveia era melhor porque o local era mais visado, ficava no cruzamento com a Jaguarari e o pessoal passava e já ficava. Aqui fica mais dificultoso porque o povo não conhece, é mais quem vai passando pela pista, aí para e encosta. Mas as vendas aqui estão fracas", disse o vendedor Rafael Medeiros, 19 anos.

Emanuely Graciano, 18 anos, complementa com queixas sobre a estrutura. A vendedora diz que somente as tendas foram providenciadas, e os milhos têm de ser dispostos no chão de terra. "A estrutura está muito ruim, os clientes mesmos reclamam porque é muita lama, desorganização, banheiros ruins, não tem água. Está complicado. Também não tem segurança à noite ", relatou. A feira funciona das 6h às 20h, podendo se estender até às 22h na semana do São João.

A mão de milho com 50 unidades custa entre R$ 35 e R$ 40 no local. Apesar do aumento em relação ao ano passado, quando o Procon Natal levantou o preço médio de R$ 35 nas feiras, os consumidores ouvidos pela reportagem da TRIBUNA DO NORTE disseram que o custo está compatível com a realidade. Um deles foi o administrador Luiz Carlos Nobre, 41 anos, que foi comprar milho nessa terça-feira (20) para consumo próprio e para o seu negócio. Porém, a queixa dele vai de encontro com a dos comerciantes.

"Os preços estão compatíveis, não estou achando essa alta toda não. O que é ruim é a localização devido ao piso, as condições higiênicas não tão adequadas. O fato também de não poder debulhar o milho aqui, que termina perdendo o cliente como também o comerciante", afirmou.

Comidas típicas mantêm a tradição

Mesmo com a variação dos preços, as comidas tipicamente juninas mantêm a tradição do mês e são consumidas como em nenhum outro. É o caso do engenheiro mecânico Lauren Luiz, 35 anos, que gosta de bolos e pamonhas, chega a diminuir a quantidade de produtos comprados por causa do preço, mas não deixa de saborear as delícias do São João.

"As coisas hoje estão cada dia mais caras e a gente não vê diminuir mais não. Aí tem que se organizar, não compra todo dia, diminui, mas tem que aproveitar essa época do ano", disse Lauren Luiz.

Gracilene Araújo, que cuida da área das comidas juninas em uma padaria na zona Sul de Natal, afirma que as vendas estão boas neste ano. São bolos, canjica, pamonha, mugunzá, milho cozido, cocadas, arroz doce, paçoca doce e de carne de sol que ganham um espaço de destaque no estabelecimento e também geram aumento nos pedidos de encomendas. 

"Nós recebemos muitos pedidos de produtos regionais para arraiá, mas também as clínicas e hospitais nos procuram para colocar na recepção. Estamos vendendo bem, o cliente vem tomar um cafézinho aqui e já leva o seu arraiá para casa, para empresa ou para onde for", explicou Gracilene.

 


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