Tribuna do Norte
Comerciantes de Natal que vendem itens relacionados
ao período do São João relatam movimento de vendas abaixo do esperado neste
ano. Vendedora de peças de roupas juninas, Aldacy Lira, 60 anos, tem uma tenda
montada no tradicional canteiro central da avenida Antônio Basílio, na zona Sul
de Natal. Ela afirma que a procura pelos itens está menor neste mês de junho em
relação ao mesmo período de anos anteriores, ainda antes da pandemia da
covid-19. Vendedores de milho também apontaram menor fluxo de clientes.
No caso da vendedora Aldacy Lira, que também
confecciona as roupas com a mãe e as vende no mesmo local desde 1991, é
importante divulgar que o canteiro da avenida Antônio Basílio ainda é um ponto
de vendas de peças de São João, segundo ela. Os anos sem a festa de junho,
devido à crise sanitária, acabaram interrompendo a comercialização dos itens
produzidos pela família e ainda tem reflexos atualmente.
"As vendas estão mais ou menos, não no volume
que a gente espera, mas todo dia a gente vende, graças a Deus. Eu vendo
chapéus, tiaras, saias, vestido de noiva, véu, lenços, camisa, tudo relacionado
ao vestuário característico desse período", disse ela. As roupas custam a
partir de R$ 50, e os chapéus, de R$ 20. Ela também vende estalinhos.
Dora Silva, 42 anos, também tem uma tenda no local.
Assim como os demais vendedores, ela afirma que a procura da clientela está
baixa neste ano. Com o mês de junho chegando ao fim, a vendedora iniciou o
plano de ofertar os produtos a preços promocionais.
"A gente tinha vestido adulto de R$ 180 e
baixamos para R$ 150, mas até R$ 130 leva. Vestidos de R$ 150 estão por R$ 100
agora. Então vamos correr e vamos comprar porque o valor está naquele jeito que
cabe no bolso", performou a vendedora.
Já para os vendedores de milho em Natal, a
reclamação é quanto ao ponto de vendas providenciado pela Secretaria de Estado
de Desenvolvimento Rural e da Agricultura Familiar (Sedraf). O espaço montado
às margens da BR-101, entre a Arena das Dunas e o Centro Administrativo, gerou
insatisfação nos comerciantes e clientes, pela infraestrutura. Os vendedores
alegam que a mudança do local (anteriormente no estacionamento do Mercado da
Agricultura Familiar) e a precariedade das instalações do novo ambiente
contribui para o número inferior de clientes.
"Na Mor-Gouveia era melhor porque o local era
mais visado, ficava no cruzamento com a Jaguarari e o pessoal passava e já
ficava. Aqui fica mais dificultoso porque o povo não conhece, é mais quem vai
passando pela pista, aí para e encosta. Mas as vendas aqui estão fracas",
disse o vendedor Rafael Medeiros, 19 anos.
Emanuely Graciano, 18 anos, complementa com queixas
sobre a estrutura. A vendedora diz que somente as tendas foram providenciadas,
e os milhos têm de ser dispostos no chão de terra. "A estrutura está muito
ruim, os clientes mesmos reclamam porque é muita lama, desorganização, banheiros
ruins, não tem água. Está complicado. Também não tem segurança à noite ",
relatou. A feira funciona das 6h às 20h, podendo se estender até às 22h na
semana do São João.
A mão de milho com 50 unidades custa entre R$ 35 e
R$ 40 no local. Apesar do aumento em relação ao ano passado, quando o Procon
Natal levantou o preço médio de R$ 35 nas feiras, os consumidores ouvidos pela
reportagem da TRIBUNA DO NORTE disseram que o custo está compatível com a
realidade. Um deles foi o administrador Luiz Carlos Nobre, 41 anos, que foi
comprar milho nessa terça-feira (20) para consumo próprio e para o seu negócio.
Porém, a queixa dele vai de encontro com a dos comerciantes.
"Os preços estão compatíveis, não estou achando
essa alta toda não. O que é ruim é a localização devido ao piso, as condições
higiênicas não tão adequadas. O fato também de não poder debulhar o milho aqui,
que termina perdendo o cliente como também o comerciante", afirmou.
Comidas típicas mantêm a tradição
Mesmo com a variação dos preços, as comidas
tipicamente juninas mantêm a tradição do mês e são consumidas como em nenhum
outro. É o caso do engenheiro mecânico Lauren Luiz, 35 anos, que gosta de bolos
e pamonhas, chega a diminuir a quantidade de produtos comprados por causa do
preço, mas não deixa de saborear as delícias do São João.
"As coisas hoje estão cada dia mais caras e a
gente não vê diminuir mais não. Aí tem que se organizar, não compra todo dia,
diminui, mas tem que aproveitar essa época do ano", disse Lauren Luiz.
Gracilene Araújo, que cuida da área das comidas
juninas em uma padaria na zona Sul de Natal, afirma que as vendas estão boas
neste ano. São bolos, canjica, pamonha, mugunzá, milho cozido, cocadas, arroz
doce, paçoca doce e de carne de sol que ganham um espaço de destaque no
estabelecimento e também geram aumento nos pedidos de encomendas.
"Nós recebemos muitos pedidos de produtos
regionais para arraiá, mas também as clínicas e hospitais nos procuram para
colocar na recepção. Estamos vendendo bem, o cliente vem tomar um cafézinho
aqui e já leva o seu arraiá para casa, para empresa ou para onde for",
explicou Gracilene.
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