Uma mulher foi agredida pelo namorado durante a festa
de aniversário de um amigo no município de Extremoz,
na Região Metropolitana de Natal. O exame de corpo de delito realizado no
Instituto Técnico-científico de Perícia (Itep) constatou pelo menos 27
marcas de agressões no corpo da vítima.
O caso aconteceu no sábado (26), mas Natália Abade o
tornou público nesta semana ao gravar um vídeo, com o rosto coberto de
hematomas, e publicá-lo nas redes sociais. Isso porque o agressor, que havia
sido preso em flagrante, foi solto após audiência de custódia. E ela teme
que a violência fique impune.
"É inadmissível isso. Ele não pode
ficar impune. E não vai, porque eu não vou me calar”, disse a vítima.
“Eu vim aqui em nome de todas as mulheres que já
passaram por esse tipo de violência doméstica. Eu estou toda machucada. O meu
rosto está irreconhecível. Eu só quero justiça, mais nada. Eu sou uma
mulher honrada, eu tenho minha dignidade, eu sou uma trabalhadora e eu estou
impossibilitada de trabalhar por causa disso”, desabafou Natália na publicação.
'Puxou meu cabelo e deu na minha cara'
Em entrevista concedida nesta terça-feira (29)
ao RN 1, ela contou em detalhes como as agressões aconteceram. Ela
e o então namorado estavam em uma festa de aniversário. Ela conta que foi no
carro acompanhando um amigo, que é drag queen, e estava com dor de cabeça.
“Ele estava usando peruca e a gente foi no carro
tirar. Eu disse: ‘amor, me dê a chave do carro’. Foi coisa de 15 minutos. A
gente estava entrando (de volta na festa), o dono da festa estava também perto
quando ele chegou falando: ‘você estava onde?’ e começou a me agredir. Puxou
meu cabelo e deu na minha cara", relatou Natália.
Em um vídeo registrado na festa, é possível ver o
agressor colocando Natália a força no carro e a chutando em seguida.
"Eu tive que sair da festa e continuaram as
agressões. Ele me colocou dentro do carro. Eu tive que ir para dentro do carro,
porque eu não ia acabar com a festa do rapaz. Era um momento de felicidade e eu
não sabia o que fazer”.
Depois de entrar no carro, as agressões
continuaram. Natália relata que foram vários chutes e socos. Um deles cortou o
supercílio. “Eu pedia pelo amor de Deus para ele não fazer isso comigo”.
Ela foi agredida até chegar em casa. O exame de corpo
de delito feito no Itep constatou pelo menos 27 marcas de agressões no corpo da
vítima.
Prisão, soltura e medo
Natália chamou a polícia e o agressor foi preso
em flagrante na casa dela já na madrugada do domingo (27). Ela registrou o
boletim de ocorrência. Na segunda-feira (28), após a audiência de
custódia, o agressor foi liberado.
Natália conta que se relacionava com o rapaz há cerca de
dois anos e meio. Depois que ele foi solto, ela e os familiares temem pelo que
pode acontecer.
“Ele deveria estar preso. Eu não precisava
estar passando por essa situação de medo, de terror. Não só eu, mas as minhas
amigas, meus familiares, todo mundo. A lei precisa ser mais rígida".
"Uma mulher que é agredida, o homem precisa ser
preso. E eu? E meu psicológico? E meu corpo? Eu estou impossibilitada de
trabalhar, eu sou autônoma. Eu trabalho com beleza. É inadmissível isso”, disse
Natália.
Por telefone, o agressor disse à equipe de reportagem
da Inter TV Cabugi que está arrependido e que não lembra do
que fez, porque estava bêbado. Ele trabalhava em um cargo comissionado na
Prefeitura de Extremoz e foi exonerado após a repercussão do caso.

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