Mais de 400 mulheres grávidas que tomaram a primeira
dose da vacina de Oxford/AstraZeneca contra a Covid-19 só poderão tomar o
reforço do imunizante 45 dias após o parto, segundo recomendação da Secretaria
Estadual de Saúde do Rio Grande do Norte.
Segundo a pasta, a recomendação é que as grávidas que
já iniciaram a vacinação com a Oxford devem completar o esquema com o mesmo
imunizante, porém só podem tomar a D2 após o puerpério - o período de 45 dias
após o nascimento do bebê.
A orientação é criticada por gestantes como a advogada
Thais de Fátima Souza Araújo, de 32 anos, que mora em Mossoró, tem hipertensão
e tomou a primeira dose da vacina ainda nos primeiros meses de gestação, em
maio. Pela recomendação publicada após a suspensão da vacinação com Oxford em
grávidas, ela só poderia tomar a segunda dose em novembro.
"Para toda a população dizem: 'tomem a segunda
dose, não deixem de tomar a segunda dose, a segunda dose é muito importante
para que você fique protegido'. Mas, para as grávidas, que somos um grupo de
risco, com mortalidade materna altíssima, o que dizem para a gente? 'Vocês não
podem tomar a segunda dose'. Então nos assusta muito esse posicionamento tão
omisso", diz.
Nesta terça-feira (29), a Prefeitura
do Rio autorizou que grávidas que tomaram a vacina da AstraZeneca contra a
Covid na primeira dose recebam a da Pfizer na segunda aplicação. É a
primeira capital brasileira a adotar a combinação de imunizantes.
AstraZeneca suspensa para grávidas
A AstraZeneca
foi suspensa para gestantes após recomendação da Anvisa, em 10 de maio, para
investigação sobre uma possível “reação adversa” em uma gestante.
Logo após suspender a vacinação, o estado informou que aquelas gestantes que
tomaram a primeira dose e não tivessem apresentado reação, poderiam tomar a
segunda, mas a orientação foi modificada.
Ainda naquele mês, o Ministério da Saúde passou a
recomendar a vacinação de grávidas com comorbidades com a CoronaVac e a Pfizer.
No Rio Grande do Norte, através de uma nota técnica publicada no fim de maio, a Sesap
recomendou a vacinação com os outros imunizantes para as grávidas em geral, mas
apontou que as grávidas que já tinham tomado a primeira dose da Oxford deveriam
esperar.
Estamos nos sentindo muito inseguras e
abandonadas com essa decisão
— Thais Araújo, gestante
A advogada Thais conta que não apresentou nenhuma
reação à vacina de Oxford e tomaria a segunda dose do mesmo imunizante, se
fosse oferecido para ela. Ela faz parte de um grupo de gestantes que tem se
mobilizado nas redes sociais para buscar a aplicação da segunda dose dentro do
prazo certo, seja da Oxford ou outra. "Nossa pauta não é escolha da
vacina, mas a 2ª dose no prazo correto", diz.
Ela diz que, entre as gestantes, também há
profissionais de saúde, que engravidaram após tomar a primeira dose e também
estão se arriscando, porque continuam trabalhando, mesmo sem o esquema vacinal
completo.
"No meu caso, o fato de ter hipertensão já é um
risco. E a própria gestação hoje é um fator de risco para a Covid. Estamos nos
sentindo muito inseguras muito abandonadas com essa decisão", diz.

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