A vida da família de Eduarda Maressa, de 14 anos, que
vive em Mossoró, na região oeste do estado, mudou depois que ela recebeu no dia
30 novembro de 2020 o diagnóstico de Leucemia Mielóide Crônia (LMC). A doença
que acomete principalmente pessoas com mais de 50 anos é considerada rara entre
crianças e adolescentes.
O diagnóstico veio meses depois de Eduarda ter testado
positivo para Covid-19. A adolescente não chegou a ficar internada e teve
apenas sintomas moderados e um princípio de pneumonia. Mas, depois do
diagnóstico, começou a apresentar fadiga constante.
“Ela ficou com uma fadiga, bem cansada. Depois ficou
indisposta, inclusive para as aulas online. A princípio achamos que eram
sequelas da Covid. Mas não passava. Os exames de sangue dela mostravam os
leucócitos alterados. Repetimos os exames várias vezes. Ela chegou a sentir
dores nos rins, tratou uma nefrite, e continuou com alterações nos leucócitos.
Aí decidimos ir a Fortaleza para investigar e depois de 18 dias internada, no
dia 30 de novembro, veio o diagnóstico de LMC”, contou a mãe de Eduarda,
Margarida Fernandes.
Margarida disse que a família viveu momentos de
desespero e apreensão e a filha foi encaminhada para tratamento na Liga
Mossoroense de Estudos e Combate ao Câncer (LMECC). “Através daLliga
conseguimos apoio e a compreensão necessária de todos para nos esclarecer e
tranquilizar e também dar esse respaldo psicológico e médico que a gente
precisa nesse momento”, conta a mãe.
Para retribuir esse apoio, a mãe de Eduarda, que é
professora, e o pai, Eduardo Mendonça, que é cinegrafista e fotógrafo,
resolveram criar uma campanha para equipar a ala infanto-juvenil do hospital da
LMECC em Mossoró. “Pensamos em como retribuir, devolver todo esse apoio,
cuidado com a nossa filha. E também Eduarda queria ajudar as pessoas que a
ajudaram. Começamos a pensar nisso e resolvemos fazer o que sabemos fazer”,
conta Margarida.
A campanha divulgada através das redes sociais da
Liga, com vídeos feitos pela própria Eduarda contando sua experiência, pede
doações de equipamentos como macas, suporte para soro, bombas de infusão,
cadeiras para acompanhantes, centrais de ar, entre outros equipamentos. O
perfil criado especialmente para a campanha é o @seliganaligalmecc.
“Estamos tentando fazer essas enfermarias funcionarem.
É uma coisa pra já, não para o futuro. E quanto mais mãos pra ajudar, mais
corações a gente possa tocar, melhor”, disse a mãe de Eduarda.
Tratamento
Desde o diagnóstico Eduarda faz tratamento acompanhada
pela onco-hematologista infantojuvenil, Edvis Serafim e é a única paciente
nessa faixa etária, antes do 50, em tratamento na cidade de Mossoró. O
tratamento se chama “quimioterapia sistêmica”, ela toma um comprimido todas as
noites e já recebeu, por exemplo, a autorização para assistir aula presencial
na escola. Segundo a médica, o tratamento está dentro do esperado, mas Eduarda
precisará de um transplante.
Segundo a médica, Edvis Serafim, os tipos mais comuns
de leucemias entre crianças e adolescentes, são agudas, em 95% dos casos ou
mais. A médica explica que não existe relação pelo fato da doença ter sido
diagnosticada logo após a contaminação pelo novo coronavírus.
“Não existe ainda nenhum trabalho confirmando que a
Covid predisponha a ter câncer. O que nós oncologistas do mundo todo sentimos é
que, devido a Covid, devido a pandemia, os números de casos que iriam existir
no ano passado, não chegaram a tempo. E quando chegaram, chegaram muito
graves”, explica a Edvis Serafim.
A oncologista reforça o alerta para que as pessoas
procurem um médico logo que aparecerem os primeiros sintomas. “É importante
deixar claro para a comunidade que o serviço de oncologia no mundo inteiro não
parou de atender durante a Covid”.
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