A Operação Sisamnes, deflagrada há um ano pela
Polícia Federal, colocou o empresário Andreson de Oliveira Gonçalves no centro
de um suposto esquema de venda e antecipação de decisões no STJ. Segundo a PF,
ele e o advogado Roberto Zampieri — assassinado em 2023 — negociavam com
assessores de gabinetes de ministros para obter, mediante propina, acesso
prévio a sentenças sigilosas que beneficiariam clientes ligados a processos de
falência no agronegócio. A investigação começou após a apreensão do celular de
Zampieri, cujas mensagens indicariam trocas diretas sobre decisões ainda não
publicadas.
O caso tramita no STF por envolver suspeitas que
alcançam pessoas com prerrogativa de foro. O ministro Cristiano Zanin
determinou recentemente o retorno de Andreson à prisão preventiva em regime
fechado, restabelecendo a ordem anterior sob o argumento de risco processual.
Relatórios da PF descrevem um esquema estruturado para manipular a tramitação
de processos, incluindo redomiciliações fictícias, criação de filiais
artificiais e direcionamento a juízes considerados mais “previsíveis” — etapa
seguida pela escolha de administradores judiciais alinhados aos interesses do
grupo.
A defesa de Andreson, porém, afirma que não há prova
de compra de decisões, apenas de que o empresário teria tido acesso antecipado
a sentenças — algo que, segundo os advogados, configuraria irregularidade
administrativa, mas não corrupção judicial. Eles também alegam excesso de
prazo, vazamentos seletivos e acusam o inquérito de promover “lawfare”. Para a
defesa, não há até o momento qualquer indicação de participação direta de
autoridades com foro privilegiado.
Diante das controvérsias, o ministro Zanin abriu
inquérito para apurar o próprio vazamento de informações sigilosas do processo.
Enquanto isso, a PF sustenta que o núcleo liderado por Andreson e Zampieri
atuava para beneficiar grandes empresas em crise financeira, moldando decisões
judiciais antes mesmo de sua divulgação oficial. A investigação continua em
andamento no Supremo.
Com informações do Poder360

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