O endividamento das famílias brasileiras chegou a
49,3% em outubro, segundo dados do Banco Central divulgados nesta sexta-feira
(26). O estoque total de crédito no país atingiu R$ 7 trilhões, mas o preço
para o consumidor dispara: a taxa média de juros para pessoas físicas subiu
para 59,4% ao ano, o maior nível desde 2017.
O destaque vai para o crédito consignado privado,
que saltou 257% no ano. Trabalhadores com carteira assinada,
microempreendedores e motoristas de aplicativo, beneficiados pelo programa
Crédito do Trabalhador, passaram a ter acesso a mais de R$ 6 bilhões mensais,
contra R$ 1,6 bilhão antes do programa. Mas a facilidade tem custo alto: os
juros dessa modalidade subiram de 39,1% para uma projeção de 57,1% ao ano.
Especialistas alertam que a combinação de juros
altos e salários que não acompanham a inflação tende a aumentar a
inadimplência. Jorge Azevedo, especialista em crédito, ressalta que dívidas
podem ser boas se usadas para gerar renda, como financiamento de veículo para
trabalho, mas a situação atual preocupa pelo custo elevado do crédito.
Para 2026, o cenário é um “cabo de guerra” para o
bolso do brasileiro. A nova faixa de isenção do Imposto de Renda deve dar
fôlego às famílias com salários de até R$ 5 mil, mas a Selic a 15% até março
deve frear o consumo.
Segundo o Banco Daycoval, o dinheiro extra deve se
concentrar em crédito habitacional (26%), consignado (24%) e cartão de crédito
(19%), indicando que o aumento de renda não será suficiente para aliviar totalmente
o endividamento.

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