Quem romantiza o Natal como tempo de paz nunca
participou de confraternização. Dezembro chega e, junto com o panetone, vem a
guerra fria das panelinhas. As fotos do Instagram entregam quem foi excluído,
quem sentou junto, quem fingiu que não viu. O clima azeda antes da sobremesa.
Amigo secreto é outra armadilha clássica. Todo mundo
combina valor, você se esforça, escolhe algo decente e recebe uma bucha digna
de liquidação de farmácia. É o espírito natalino testando a paciência humana.
Em família a coisa piora. Parente chato, conversa
atravessada, disputa silenciosa da ceia, sem falar do petista revoltado. Um
leva camarão, o outro chega com um frango assado e ainda quer dividir o vinho
caro. É ali que nasce o ódio que vai durar até o São João.
Agora inventaram a matemática da miséria: quem toma
Mounjaro quer pagar menos porque “come pouco”. Daqui a pouco vão pesar os
pratos e cobrar por grama. Desse jeito, não duvido nada o trenó de Papai Noel
quebrar antes de chegar no Natal. Aqui, até a paz precisa ser parcelada.
Esse texto foi copiado do Blog do Gustavo Negreiros

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