A crise nos Correios atingiu um novo patamar. A
empresa estatal precisa levantar, em apenas 15 dias, ao menos R$ 10 bilhões
para evitar um colapso operacional e conseguir manter suas atividades mínimas.
A direção tenta viabilizar o recurso via empréstimo com garantia da União,
depois de reduzir pela metade o plano inicial de captar R$ 20 bilhões — valor
que se mostrou inviável diante das altas taxas cobradas pelos bancos na
primeira rodada de negociações.
O dinheiro é considerado vital para colocar em
prática o plano de reestruturação, com foco principal na redução de custos com
pessoal. A estatal prepara um novo Programa de Demissão Voluntária (PDV) para
atingir 10 mil desligamentos, número muito acima das adesões registradas na
última tentativa. A expectativa é de que, com incentivos mais atrativos, seja
possível reduzir a folha salarial em cerca de R$ 2 bilhões por ano.
As negociações seguem com um grupo ampliado de
instituições financeiras, após bancos como BTG, Citibank, ABC Brasil e Banco do
Brasil apresentarem propostas com custo acima do limite considerado razoável
para operações com aval da União — chegando a 136% do CDI. A meta atual é
fechar contratos com taxa de até 120% do CDI e garantir pelo menos metade do
valor solicitado até o fim do mês. A operação pode envolver um sindicato de
bancos, modelo já utilizado pela estatal no passado.
A corrida por recursos também tenta impedir que o
prejuízo crescente destrua de vez a capacidade dos Correios de competir no
mercado. A empresa acumula perdas de R$ 4,3 bilhões em 2025 e enfrenta atrasos
em pagamentos a fornecedores, o que tem impacto direto nas entregas. Hoje, 92%
das encomendas chegam no prazo — índice abaixo dos 95% considerados essenciais
para manter grandes contratos, especialmente com plataformas de e-commerce. Sem
estabilizar o caixa, o risco é de uma nova piora no serviço e de mais fuga de
clientes.
O Globo

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