Nova York e Brasília – O presidente dos Estados
Unidos, Donald Trump, disse, durante seu discurso na Assembleia Geral da ONU,
que falou com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que os dois se
abraçaram e que irão conversar “na semana que vem” discutir as tarifas impostas
ao Brasil. Com informações do Metrópoles.
Eles se encontraram na saída de Lula do plenário. O
discurso do petista foi carregado de críticas ao que chamou de “ataques sem
precedentes” contra as instituições brasileiras – um dia depois de o governo
Trump ampliar as sanções contra o Brasil em retaliação contra a condenação de
Jair Bolsonaro (PL).
Em aceno, e em meio a risadas, Trump disse que gosta
de Lula e que “só faz negócios com gente de quem ele gosta”.
“Eu estava aqui e, ao entrar, encontrei o líder do
Brasil. Eu falei com ele, nós nos abraçamos, e as pessoas dizendo: ‘Dá para
acreditar nisso?’. Nós concordamos que vamos nos encontrar na próxima semana.
Não tivemos muito tempo para falar aqui, foram cerca de 20 segundos, mas nós
conversamos”, declarou Trump.
Trump seguiu: “Ele parece um homem muito agradável,
eu gosto dele e ele gosta de mim. E eu gosto de fazer negócios com pessoas que
eu gosto. Quando eu não gosto de uma pessoa, eu não gosto, mas tivemos ali
esses 30 segundos ali, foi uma coisa muito rápida, mas foi uma química
excelente. Isso foi um bom sinal”, disse Trump, já no fim de seu discurso.
Antes de elogiar Lula, porém, Trump fez críticas ao
sistema judicial do Brasil, que foi a fonte primária da crise diplomática entre
EUA e Brasil. “O Brasil agora enfrenta tarifas pesadas em resposta aos seus
esforços sem precedentes para interferir nos direitos e liberdades dos nossos
cidadãos americanos e de outros, com censura, repressão, armamento, corrupção
judicial e perseguição de críticos políticos nos Estados Unidos”, disse o
republicano.
Discursos de Lula e Trump
Em sua fala, antes de citar o encontro com Lula,
Trump focou questões internacionais e locais, alegou que encerrou “sete guerras
sem a ajuda da ONU” e disse que deveria ganhar o prêmio Nobel da Paz.
Já Lula fez duras críticas a “sanções arbitrárias”,
numa referência direta ao governo de Trump. O petista também disse que a
democracia e a soberania do Brasil são “inegociáveis”.
Trump também fez fortes críticas contra a própria
ONU. “A ONU não só não está resolvendo os problemas que deveria como também
está criando novos problemas para resolver. O melhor exemplo é a imigração
descontrolada, ela está fora de controle. Nossos países estão sendo arruinados,
a ONU está financiando um ataque aos países ocidentais e suas fronteiras.”
A crise do tarifaço
O presidente Lula vinha sendo sido cobrado
internamente para conversar com o líder norte-americano. No entanto, o petista
tem reforçado que o diálogo com os Estados Unidos tem sido realizado pelo
Ministério das Relações Exteriores e também por Geraldo Alckmin,
vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços
(MDIC).
A sinalização do encontro ocorre em meio ao aumento
das críticas do titular do Palácio do Planalto em meio às investidas dos
Estados Unidos contra o Brasil. Em julho, Donald Trump assinou uma ordem
executiva que aplica uma tarifa adicional de 40% sobre os produtos brasileiros,
elevando a taxação total para 50%.
Na ocasião, o governo norte-americano alegou que a
medida era uma resposta à ameaça “incomum e extraordinária” à segurança
nacional, à política externa e à economia norte-americana.
A Casa Branca ainda afirmou que a taxação está
relacionada a ações judiciais contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, que,
segundo Trump, configurariam censura e perseguição política ao ex-chefe do
Executivo.
Bolsonaro foi condenado a 27 anos e três meses de
prisão pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) sob a acusação de
liderar trama golpista contra a vitória eleitoral de Lula.
Segundo a comitiva brasileira, o republicano teria
acompanhado o discurso de Lula e depois sugerido um encontro entre os dois
líderes mundiais. Apesar disso, ainda não se sabe como essa conversa irá
ocorrer.
Segundo dados do governo norte-americano, o
superávit comercial dos EUA com o Brasil em 2024 foi da ordem de US$ 7 bilhões,
somente em bens. Somados bens e serviços, o superávit chegou a US$ 28,6 bilhões
no ano passado. Trata-se do terceiro maior superávit comercial daquele país em
todo o mundo.
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