sexta-feira, 5 de setembro de 2025

Tribunais de Contas pagam R$ 1,4 milhão para servidores jogarem dominó, pebolim e até truco em Foz do Iguaçu

 


Nove tribunais de Contas desembolsaram R$ 1,4 milhão para custear despesas de servidores e conselheiros que participaram das olimpíadas esportivas da categoria em Foz do Iguaçu, no Paraná, no fim do mês passado. A notícia é de Tacio Lorran, do Metrópoles. 

Ao longo de uma semana, os servidores viajaram para a cidade turística, se hospedaram em resorts de luxo e disputaram jogos de futebol, basquete, vôlei, pesca, sinuca, bocha, beach tennis, dominó, pebolim, dama e até truco. Alguns conselheiros receberam diárias para acompanhar a competição, e servidores foram dispensados de bater o ponto.

O montante foi gasto com inscrições, hospedagens, diárias e até uniformes, fisioterapia e assessorias esportivas dos atletas. O valor pode ser ainda maior, uma vez que nem todas as Cortes divulgaram despesas atualizadas em seus portais da transparência.

Organizado pela Associação Nacional Olímpica dos Servidores dos Tribunais de Contas do Brasil (ANOSTC), o torneio contou com 1.716 atletas de 40 delegações do Brasil, da Argentina e do Uruguai. Desse total, 1.396 inscritos são de 25 tribunais de Contas brasileiros. Os jogos foram realizados entre os dias 25 e 30 de agosto, nos períodos da manhã, da tarde e da noite.

Embora um ou outro tribunal tenha alegado ser um “procedimento padrão” pagar as inscrições dos servidores para a competição, 10 tribunais afirmaram à coluna que não tiveram tal despesa e que o custo foi de inteira responsabilidade dos atletas.

O objetivo das Olimpíadas dos Servidores dos Tribunais de Contas (OTC), segundo o regulamento da própria competição, é “desenvolver a integração entre os servidores, através do intercâmbio desportivo, procurando sempre zelar pelo companheirismo, espírito esportivo, bem-estar social e desenvolvimento sustentável do meio ambiente”. Parte disso, com dinheiro público.

Bicampeão neste ano das olimpíadas, o Tribunal de Contas do Estado do Amazonas (TCE-AM) conquistou também a medalha de ouro na modalidade “tamanho da despesa”. O órgão pagou R$ 442 mil somente para inscrever os 130 servidores no torneio. Nas redes sociais, a atlética do TCE-AM celebrou o fato de ser a maior delegação das olimpíadas.

A inscrição saiu R$ 3.400 por servidor. Esse valor inclui transfer para os atletas participarem dos eventos e sete diárias, com café da manhã, no Resort Grand Carimã, um resort de luxo que tem tradição desde 1960 em receber presidentes, governadores e celebridades. O espaço conta com jardins internos e bosques, piscinas, saunas, jacuzzis, bares, restaurante e lounges.

O Tribunal de Contas amazonense também desembolsou R$ 51.634 para confeccionar uniformes para seus atletas, R$ 58.230 para contratar serviços de fisioterapia esportiva e regenerativa e outros R$ 59.787 para assessoria esportiva – isto é, treinadores – para as modalidades futebol society, futsal, vôlei e basquete, nas diversas categorias possíveis: masculino e feminino, sênior e best sênior, livre e master.

Os contratos são assinados pela conselheira-presidente do TCE-AM, Yara Amazonia Lins Rodrigues, que acompanhou a delegação do início ao fim do torneio e celebrou nas redes sociais o título da competição.

“Vocês se superam, se doam, abdicam de tempo com a família, do descanso e do lazer para vestir essa camisa com orgulho. Aqui, mais uma vez, mostramos que nossa força é do tamanho do nosso Amazonas”, escreveu a Yara Amazonia Lins Rodrigues. No total, o TCE-AM gastou mais de R$ 625 mil com o evento esportivo.

Servidores foram dispensados do ponto para disputarem jogos

Na ampla maioria dos tribunais, os servidores foram dispensados de bater ponto e não precisarão compensar as horas não trabalhadas. Isso aconteceu, por exemplo, com o Tribunal de Contas da União (TCU). A delegação da principal Corte de Contas do país contou com 72 servidores, que disputaram competições de beach tennis, tênis, boliche, basquete, futsal, vôlei, vôlei de praia, atletismo e pebolim. Eles garantiram o oitavo lugar no ranking do torneio.

À coluna, o TCU informou que os próprios atletas arcaram integralmente com inscrição, hospedagem, transporte e demais despesas. “O tribunal não concede diárias nem assume quaisquer custos relacionados ao evento”, acrescentou.

Em junho, porém, o TCU pagou R$ 9.404 em diárias e passagens para duas servidoras viajarem a Foz do Iguaçu e alinharem detalhes sobre a organização das olimpíadas, discutirem melhorias e visitarem os locais oficiais das provas. O ministro Augusto Nardes também viajou à cidade no fim do mês passado e acompanhou o torneio presencialmente. Eventuais gastos com passagem e hospedagem do ministro não foram divulgados nem informados pelo Tribunal de Contas da União.

Na abertura do torneio, Augusto Nardes celebrou o momento de confraternização e destacou o papel dos auditores do Brasil no trabalho de controle e integridade. “E o Brasil que está aqui, é o Brasil que quer transparência, que quer integridade, que quer ética”, discursou. Nas redes sociais, o ministro do TCU também aparece pulando ao lado da delegação do TCU.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

VÍDEO - Confronto em Maracajaú deixa quatro suspeitos baleados e armas apreendidas

  Um confronto entre policiais militares e suspeitos armados terminou com quatro homens baleados, na manhã desta quinta-feira (4), em Maraca...