Nove tribunais de Contas desembolsaram R$ 1,4 milhão
para custear despesas de servidores e conselheiros que participaram das
olimpíadas esportivas da categoria em Foz do Iguaçu, no Paraná, no fim do mês
passado. A notícia é de Tacio Lorran, do Metrópoles.
Ao longo de uma semana, os servidores viajaram para
a cidade turística, se hospedaram em resorts de luxo e disputaram jogos de
futebol, basquete, vôlei, pesca, sinuca, bocha, beach tennis, dominó, pebolim,
dama e até truco. Alguns conselheiros receberam diárias para acompanhar a
competição, e servidores foram dispensados de bater o ponto.
O montante foi gasto com inscrições, hospedagens,
diárias e até uniformes, fisioterapia e assessorias esportivas dos atletas. O
valor pode ser ainda maior, uma vez que nem todas as Cortes divulgaram despesas
atualizadas em seus portais da transparência.
Organizado pela Associação Nacional Olímpica dos
Servidores dos Tribunais de Contas do Brasil (ANOSTC), o torneio contou com
1.716 atletas de 40 delegações do Brasil, da Argentina e do Uruguai. Desse
total, 1.396 inscritos são de 25 tribunais de Contas brasileiros. Os jogos
foram realizados entre os dias 25 e 30 de agosto, nos períodos da manhã, da
tarde e da noite.
Embora um ou outro tribunal tenha alegado ser um “procedimento
padrão” pagar as inscrições dos servidores para a competição, 10 tribunais
afirmaram à coluna que não tiveram tal despesa e que o custo foi de inteira
responsabilidade dos atletas.
O objetivo das Olimpíadas dos Servidores dos
Tribunais de Contas (OTC), segundo o regulamento da própria competição, é
“desenvolver a integração entre os servidores, através do intercâmbio
desportivo, procurando sempre zelar pelo companheirismo, espírito esportivo,
bem-estar social e desenvolvimento sustentável do meio ambiente”. Parte disso,
com dinheiro público.
Bicampeão neste ano das olimpíadas, o Tribunal de
Contas do Estado do Amazonas (TCE-AM) conquistou também a medalha de ouro na
modalidade “tamanho da despesa”. O órgão pagou R$ 442 mil somente para
inscrever os 130 servidores no torneio. Nas redes sociais, a atlética do TCE-AM
celebrou o fato de ser a maior delegação das olimpíadas.
A inscrição saiu R$ 3.400 por servidor. Esse valor
inclui transfer para os atletas participarem dos eventos e sete diárias, com
café da manhã, no Resort Grand Carimã, um resort de luxo que tem tradição desde
1960 em receber presidentes, governadores e celebridades. O espaço conta com
jardins internos e bosques, piscinas, saunas, jacuzzis, bares, restaurante e
lounges.
O Tribunal de Contas amazonense também desembolsou
R$ 51.634 para confeccionar uniformes para seus atletas, R$ 58.230 para
contratar serviços de fisioterapia esportiva e regenerativa e outros R$ 59.787
para assessoria esportiva – isto é, treinadores – para as modalidades futebol
society, futsal, vôlei e basquete, nas diversas categorias possíveis: masculino
e feminino, sênior e best sênior, livre e master.
Os contratos são assinados pela conselheira-presidente
do TCE-AM, Yara Amazonia Lins Rodrigues, que acompanhou a delegação do início
ao fim do torneio e celebrou nas redes sociais o título da competição.
“Vocês se superam, se doam, abdicam de tempo com a
família, do descanso e do lazer para vestir essa camisa com orgulho. Aqui, mais
uma vez, mostramos que nossa força é do tamanho do nosso Amazonas”, escreveu a
Yara Amazonia Lins Rodrigues. No total, o TCE-AM gastou mais de R$ 625 mil com
o evento esportivo.
Servidores foram dispensados do ponto para disputarem
jogos
Na ampla maioria dos tribunais, os servidores foram
dispensados de bater ponto e não precisarão compensar as horas não trabalhadas.
Isso aconteceu, por exemplo, com o Tribunal de Contas da União (TCU). A
delegação da principal Corte de Contas do país contou com 72 servidores, que
disputaram competições de beach tennis, tênis, boliche, basquete, futsal,
vôlei, vôlei de praia, atletismo e pebolim. Eles garantiram o oitavo lugar no
ranking do torneio.
À coluna, o TCU informou que os próprios atletas
arcaram integralmente com inscrição, hospedagem, transporte e demais despesas.
“O tribunal não concede diárias nem assume quaisquer custos relacionados ao
evento”, acrescentou.
Em junho, porém, o TCU pagou R$ 9.404 em diárias e
passagens para duas servidoras viajarem a Foz do Iguaçu e alinharem detalhes
sobre a organização das olimpíadas, discutirem melhorias e visitarem os locais
oficiais das provas. O ministro Augusto Nardes também viajou à cidade no fim do
mês passado e acompanhou o torneio presencialmente. Eventuais gastos com
passagem e hospedagem do ministro não foram divulgados nem informados pelo
Tribunal de Contas da União.
Na abertura do torneio, Augusto Nardes celebrou o
momento de confraternização e destacou o papel dos auditores do Brasil no
trabalho de controle e integridade. “E o Brasil que está aqui, é o Brasil que
quer transparência, que quer integridade, que quer ética”, discursou. Nas redes
sociais, o ministro do TCU também aparece pulando ao lado da delegação do TCU.
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