sexta-feira, 19 de setembro de 2025

Sem infraestrutura, RN busca investimentos para cabos submarinos e data centers

 


O Rio Grande do Norte busca captar investimentos para a instalação de cabos submarinos de fibra óptica e data centers, numa corrida estratégica impulsionada pelo crescimento do mundo digital, inteligência artificial (IA), 5G, Internet das Coisas (IoT) e serviços em nuvem. Atualmente, o RN não dispõe de nenhuma infraestrutura desse tipo instalada em seu território, e vê o vizinho Ceará disparar como o principal destino no Nordeste para a implantação desses empreendimentos, com 12 data centers já implantados na capital cearense.

Para tentar mudar essa realidade, nesta quinta-feira (18) o vice-governador Walter Alves se reuniu em Brasília com o ministro das Comunicações, Frederico de Siqueira Filho, e apresentou os projetos em desenvolvimento para captar estruturas de cabos submarinos – fundamentais para transmissão de dados dos data centers – na costa potiguar. O objetivo é preparar o estado para receber os data centers, que são espaços físicos que concentram grande quantidade de servidores e equipamentos de tecnologia responsáveis por armazenar, processar e distribuir dados.

No encontro, o vice-governador ressaltou que o RN definiu 11 áreas prioritárias ao longo da costa, planejadas para instalação de cabos submarinos, respeitando o meio ambiente e evitando conflitos com outras atividades econômicas. O governo estadual também estrutura políticas industriais voltadas à atração de data centers, a fim de aproveitar o excedente de energia limpa proveniente de fontes renováveis e criar um ambiente competitivo para investidores.

“O Rio Grande do Norte já fez o dever de casa e está preparado para receber esse tipo de investimento. Temos energia limpa e abundante, áreas estratégicas e uma política estadual em desenvolvimento para atrair data centers”, afirmou Walter Alves.

Para o setor privado, a conectividade é essencial. Gigantes da tecnologia como Google, Netflix e Meta avaliam a instalação de data centers com base na transmissão rápida e de baixa latência, decisiva para operações globais. Sérgio Azevedo, presidente da Comissão Temática de Energias Renováveis (COERE) da Federação das Indústrias (FIERN), destaca o potencial do estado: “O Rio Grande do Norte produz quase 10 gigas de eólica e consome apenas um; os nove têm que ser exportados. A forma mais rápida de consumir energia hoje está nos data centers para inteligência artificial. Para isso, precisamos do cabo submarino, porque as empresas exigem redundância”, relata.

Apesar do esforço local, o RN ainda está longe de estados vizinhos no que se refere aos data centers. O Brasil concentra grande parte de sua infraestrutura em Fortaleza, Rio de Janeiro, Salvador, Santos e Praia Grande. Fortaleza se destaca como hub internacional, com 12 data centers, incluindo Angola Cables, Ascenty, Lumen e Ultranet, além de novos projetos no Complexo do Pecém. Pernambuco aparece em seguida, com três unidades em Recife, enquanto Paraíba, Piauí e Sergipe possuem instalações isoladas. “Se não tivermos o cabo submarino, é como se fôssemos um time de segunda divisão, tendo jogadores de primeira. Temos energia de qualidade, mas sem conectividade não podemos explorar esse potencial”, alerta Azevedo.

Outros estados do Norte-Nordeste também avançam. Desde dezembro de 2024, o Maranhão negocia com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para conexão à rede de cabos via Unidade de Ramificação (Branch Unit – BU). Já o Pará se prepara para receber dois novos cabos submarinos, interligando a Amazônia Legal ao sistema internacional que conecta Europa e Brasil. Os projetos, financiados pelo BID, ainda aguardam autorizações legais, com previsão de assinatura de contratos para 2026. Ambos envolvem ramais ópticos conectando a costa atlântica ao cabo EllaLink.

Plano Nacional

No plano federal, o Ministério das Comunicações anunciou no semestre passado a Política Nacional de Cabos Submarinos, que oferece incentivos para novas rotas em regiões fora do mapa atual, como Norte e Sul. A iniciativa busca ampliar capacidade, velocidade e segurança da internet, reduzir desigualdades regionais e fortalecer o Brasil como protagonista em telecomunicações, fomentando também investimentos em data centers e na indústria nacional de componentes digitais.

Paralelamente, a Meta anunciou o “Projeto Waterworth”, iniciativa considerada pela empresa como seu projeto de cabo submarino mais ambicioso, com 50 mil km de cabos conectando cinco continentes. A gigante da tecnologia pretende ampliar a capacidade global de dados e fornecer conectividade de alta velocidade, necessária para a expansão de serviços baseados em IA, demonstrando a crescente demanda por infraestrutura robusta.

 

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