quinta-feira, 4 de setembro de 2025

Secretário demite diretores de hospitais e UPAs de Natal em meio à greve dos médicos



A Secretaria Municipal de Saúde de Natal publicou no Diário Oficial do Município (DOM) desta quinta-feira 4 a Portaria nº 116/2025, assinada pelo titular da pasta, Geraldo Pinho, que revoga nomeações anteriores e designa novos diretores médicos e responsáveis técnicos em hospitais, maternidades, UPAs e no SAMU. A medida ocorre em meio à greve dos médicos da rede municipal, iniciada nesta semana.

Entre os exonerados estão Francisca de Assis Silva (UPA Esperança), Hélida Maria Bezerra (UPA Satélite), Diego Viana Barreto (UPA Potengi), Larissa Eulália Maia de Abrantes (UPA Pajuçara), além de gestores do Hospital Municipal de Especialidades (Hospesc), da Maternidade Araken Irerê Pinto e da Maternidade Leide Morais.

No Hospital Municipal, o novo diretor-geral é Fernando Claudino dos Santos Filho, e Giordano Bruno Souza dos Santos assume como diretor médico. A Maternidade Araken passa a ser chefiada por Ítalo Gadelha de Lucena (diretor-geral) e Brena Meireles Lima Torres (diretora médica). O Hospesc mantém Maria de Fátima Pereira Pinheiro na direção-geral, mas terá Leonardo Ribeiro Costa como diretor médico. O SAMU terá Louise Christine Seabra de Melo como diretora-geral e André Felipe Baumgartner Fernandes de Barros como diretor médico.

Nas UPAs, Luiz Eduardo Oliveira Forte Ferreira de Souza foi nomeado diretor da Esperança, Ramon Suassuna Barreto Sotero Rosa da Satélite, Luiz Arthur Paiva Campos da Pajuçara e Francisco Denis de Lima Sarmento da Potengi. A Unidade Mista de Mãe Luiza passa a ser comandada por Marcelo Marques Fernandes.

A mudança nas direções de hospitais e UPAs de Natal ocorre em meio a uma greve médicos que teve início no dia 1º de setembro, após aprovação em assembleia do Sindicato dos Médicos do Rio Grande do Norte (Sinmed‑RN).

O movimento ocorre em protesto contra a substituição da Cooperativa Médica do RN (Coopmed‑RN) por duas empresas terceirizadas — Justiz e Proseg — em um processo de dispensa de licitação estimado em R$ 208 milhões para um ano de prestação de serviços.

O Sinmed-RN alega que os contratos fechados com a Justiz e a Proseg são ilegais e tem orientado médicos a não trabalharem para as novas empresas – que tentam absorver os profissionais da Coopmed nos novos contratos.

A Prefeitura do Natal obteve aval judicial em segunda instância para seguir com a contratação dessas empresas, após questionamentos judiciais e pedido de republicação do edital.

A Secretaria Municipal de Saúde condena a greve e acusa o Sinmed‑RN de promover um “movimento irresponsável” que exerce “coação” sobre médicos dispostos a migrar para os novos contratos, prejudicando o atendimento ao cidadão.

Segundo o secretário Geraldo Pinho, os médicos estão sendo ameaçados com eventuais retaliações junto ao Conselho Regional de Medicina (Cremern) caso interrompam a paralisação.

A Prefeitura também ressalta que a formalização dos novos contratos corrige a precariedade jurídica da Coopmed, que atuava sem contrato formal desde junho de 2023.

Greve é irresponsável, aponta Geraldo Pinho

Em entrevista à TV Agora RN, Geraldo Pinho classificou a greve como “irresponsável” e um “desserviço à população”. Ele acusou o Sindicato dos Médicos (Sinmed-RN) de coagir profissionais que aceitaram migrar para as empresas Justiz e Proseg.

Segundo o secretário, a mudança foi necessária porque a Coopmed prestava serviços desde junho de 2023 sem contrato formal, recebendo quase R$ 90 milhões de forma indenizatória.

O Sindicato dos Médicos, por sua vez, contesta a legalidade do processo e afirma que uma decisão judicial determinou a republicação de parte do edital. A Prefeitura, no entanto, afirma estar respaldada por decisão de segunda instância do Tribunal de Justiça.

Gestão temerária, acusa presidente do Sinmed-RN

O Sinmed-RN alega que a paralisação iniciada na noite desta segunda-feira 1º tem como reivindicações a realização de concurso público, reajuste da remuneração, pagamento de salários atrasados e contratos que garantam direitos trabalhistas – para além dos atuais embates envolvendo as empresas recentemente contratadas pelo Município. Na manhã de terça 2, médicos e participantes do sindicato participaram de manifestação na Cidade Alta, no centro de Natal.

Presidente do sindicato, Geraldo Ferreira informou que vai denunciar o secretário municipal de Saúde de Natal por gestão temerária. “Quem está coagindo e assediando médicos é a empresa [Justiz] e a secretaria, como aconteceu com cargos comissionados fornecendo escalas e telefones de médicos para a empresa. Nós vamos denunciar o secretário Geraldo Pinho por gestão temerária que coloca em risco a população de Natal. Se há um criminoso aqui é ele, o futuro mostrará. O sindicato é a defesa e representação dos médicos”, afirmou Geraldo Ferreira.

 

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