Com escalas incompletas nas unidades de saúde de
Natal em meio a uma briga judicial entre empresas e Cooperativa dos Médicos do
RN (Coopmed), a Secretaria Municipal de Saúde (SMS Natal) espera regularizar o
atendimento até o final da semana que vem, segundo previsão do secretário
Geraldo Pinho. Ele disse ainda que os atendimentos já estão se normalizando em
unidades básicas de saúde e unidades de pronto atendimento da capital, além de
anunciar o retorno das cirurgias no Hospital Infantil Varela Santiago.
A entrada das duas empresas contratadas por meio de
uma Dispensa Eletrônica começou na última segunda-feira (01º) e trouxe
dificuldades de atendimentos para usuários nos serviços em Natal, uma vez que
escalas ficaram incompletas em várias unidades. Após um momento de transição e
as dificuldades iniciais, o titular da pasta aponta que os serviços estão
voltando ao normal. O secretário acredita que 70% dos serviços voltaram ao
normal.
A reportagem da TN visitou três unidades básicas de
Saúde nesta quarta-feira. Em uma delas, na do Alecrim, foi informado de que
apenas um de dois médicos que antes eram da cooperativa estava atuando, com
previsão de chegada de outro profissional na sexta-feira (05). Na UBS São João,
também faltou médico pela manhã, chegando profissional à tarde. No entanto, a
unidade possuía mais dois médicos antes da mudança. Mesmo assim, usuários
precisaram ter consultas remarcadas.
“Cheguei na UBS e me informaram que a médica, que
sempre venho pra ela, que ela não está mais atendendo na unidade. Minha
consulta foi adiada. Seria nesta quinta e ficou para o dia 24, no final do mês.
Queria fazer essa consulta, para fazer os exames, vou ter que esperar”, disse
Patrícia da Silva, 54 anos, dona de casa.
Em relação a denúncias de supostas irregularidades
em relação às empresas, como por exemplo a falta de especialistas no corpo
clínico, o secretário disse que as empresas dispõem de médicos especializados
para prestação dos serviços na cidade. O titular da pasta disse ainda que o
processo de contratação das empresas correu dentro da legalidade.
“Tanto deu [ampla concorrência] que eles [a Coopmed]
participaram. Tivemos lotes com quase 10 empresas participando. Esse foi o
emergencial, vai ter o licitatório permanente. O emergencial é mais rápido,
para regularizar uma situação descontratualizada. Não tínhamos contrato e agora
temos. É bom para prefeitura, secretaria e para o médico que trabalha, direito
e dever regido por um contrato de trabalho. Em relação a Justiça, tenho certeza
que o TJ vai proferir decisão para regularizar e definir isso de uma forma
final legalizando aquilo que fizemos desde o começo. Quando teve decisão
contrária, a SMS parou o processo e republicou o edital sem o CRA, não mudou o
resultado do certame. O que eles queriam era republicação do CRA e o recomeço
do zero, o que em nenhum momento foi determinado por nenhuma decisão”,
complementou.
Acerca do retorno das cirurgias do Hospital Infantil
Varela Santiago, o titular da pasta disse que a situação foi equacionada após
uma reunião da empresa junto à direção da unidade, com retorno dos
procedimentos previsto para esta quinta-feira (04). A Liga contra o Câncer
aguarda definição. O Varela Santiago disse por meio da assessoria que não foi
informada oficialmente do retorno das cirurgias.
Polêmica
A contratação da Justiz Terceirização e da Proseg Consultoria, realizada de
forma emergencial e com dispensa de licitação, tem sido alvo de polêmica e
briga na Justiça. A 6ª Vara da Fazenda Pública chegou a suspender os contratos
e exigir republicação do edital, mas o Tribunal de Justiça autorizou o
prosseguimento em segunda instância, determinando a conexão das ações em
trâmite. A Prefeitura argumenta que a contratação emergencial, válida por até
12 meses, busca corrigir irregularidades de repasses feitos sem respaldo legal.
Em paralelo, segue aberto o pregão permanente para definir prestadores de longo
prazo.
Coopmed cobra repasses da Prefeitura
A
Cooperativa Médica do RN- Coopmed/RN informou hoje, em comunicado oficial, que
cobrou, oficialmente, da Secretaria Municipal de Saúde de Natal (SMS) a
regularização dos pagamentos referentes aos cinco meses de serviços prestados
na rede pública municipal em 2025, referentes ao período de março a agosto.
“Com 19 anos de atuação, a Cooperativa manteve seu
compromisso com a assistência à população de Natal, mesmo diante dos
recorrentes atrasos, e reforça a necessidade urgente de que a gestão municipal
honre seus compromissos financeiros com os médicos que atuaram por todos esse
anos na linha de frente da saúde do município”, disse a Coopmed em nota.
O titular da SMS Natal disse que a prefeitura
repassou só em 2025 R$ 90 milhões à Coopmed e aponta que a pasta fez pagamentos
referentes a setembro de 2024 a abril de 2025 em relação às competências da
Prefeitura.
SMS denuncia Coopmed e Sinmed ao MP
A SMS Natal promoveu denuncia ao Ministério Público
e ao Conselho Regional de Medicina (Cremern) em relação ao imbróglio envolvendo
a Coopmed e o Sindicato dos Médicos acusando as entidades de promoverem
chantagem, coação e ameaça.
“A Notícia de Fato é por coação, ameaça e chantagem
de retaliação aos médicos que querem trabalhar nas empresas novas. Nenhum
sindicato, empresa, é dono de médico. Ele pode trabalhar na empresa que ele
quiser”, disse. O titular apontou que as empresas vencedoras do processo também
ingressaram com notícia de fato. “Vamos aguardar a deliberação tanto do MP
quanto do Cremern, que hoje esteve lá na maternidade Araken Pinto, verificando
o funcionamento da maternidade. Esteve também na UPA Esperança, viu os 8
médicos atuando. Precisamos que nos fiscalizem, mas que os órgãos competentes
tomem as ações necessárias”, disse.
A Coopmed e o Sinmed negam que tenham feito pressão
para que médicos não atuem nas empresas. “De forma alguma. Não temos essa
competência e não temos essa conduta por parte do ato cooperado. Os médicos são
livres, autônomos, que respondem por si. O ato médico é responsabilidade dele.
A Cooperativa, como responsável pelo médico, apenas informou que a relação
contratual de repasses médicos em relação à SMS não seriam mais feitos pela
Cooperativa por determinação da própria SMS”, disse o presidente Victor
Vinícius em coletiva de imprensa na última terça-feira (03).
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