Os Correios registraram um prejuízo de R$ 4,37
bilhões no primeiro semestre de 2025, informou a empresa estatal nesta
sexta-feira,5. O resultado representa um aumento de 222% (triplo) em relação ao
prejuízo de R$ 1,35 bilhão registrado no mesmo período do ano anterior.
No segundo trimestre, o prejuízo chegou a R$ 2,64
bilhões - um aumento de quase cinco vezes em relação ao rombo de R$ 553 milhões
do mesmo período de 2024.
No primeiro semestre, a empresa viu a sua receita
líquida cair de R$ 9,28 bilhões em 2024 para R$ 8,18 bilhões em 2025. Ao mesmo
tempo, despesas gerais e administrativas saltaram de R$ 1,2 bilhão para R$ 3,4
bilhões, enquanto as despesas financeiras aumentaram de R$ 3,09 milhões para R$
673 milhões, na mesma comparação.
Os custos com produtos vendidos e serviços prestados
subiram de R$ 7,8 bilhões para R$ 7,9 bilhões.
Na divulgação do balanço, a empresa afirmou que
“enfrenta restrições financeiras decorrentes de fatores conjunturais externos
que impactaram diretamente a geração de receitas.”
“Entre os principais motivos, destaca-se a retração
significativa do segmento internacional, em razão de alterações regulatórias
relevantes nas compras de produtos importados, que provocaram a queda do volume
de postagens e o aumento da concorrência, resultando na redução das receitas
vinculadas a esse segmento”, diz a empresa, referindo-se de forma indireta à
taxa das blusinhas, implementada pelo governo Lula.
A empresa ainda diz que implementou um plano de
contingência, com objetivo de buscar o reequilíbrio econômico.
“As ações priorizam o incremento de receitas, por
meio dadiversificação de serviços e da expansão da atuação comercial, bem como
a otimização e racionalização das despesas e a reduçãode custos operacionais,
preservando a universalização dos serviços e assegurando ganhos de
produtividade e sustentabilidadefinanceira”, disse a companhia.
Os Correios também citam a implementação de um
market place próprio, com a entrada no segmento do e-commerce, e a autorização
de uma linha de crédito de R$ 4 bilhões junto ao Novo Banco de Desenvolvimento
(NDB), o banco dos Brics, para investir em modernização, operações logísticas e
automação de processos.
Em entrevista ao Estadão, em meados de julho, a
ministra da Gestão e Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck, reconheceu os
problemas financeiras da estatal e afirmou que a solução para reverter o quadro
passa por cortes de custos e aumento de receitas.
“Tem de cortar custos de um lado e buscar receita de
outro. Essa é a solução para os Correios, e num setor que está passando por
transformação”, disse Dweck.
Ela afirmou que os Correios perderam o monopólio de
entregas no País, ao mesmo tempo que permaneceu com a obrigação de garantir
fornecer o serviços para todo o território nacional, incluindo áreas remotas e
pouco lucrativas.
Em uma tentativa de contornar a crise, a empresa se
comprometeu com a equipe econômica a economizar R$ 1,5 bilhão ainda em 2025.
Uma das esperanças de cortar os gastos é o Plano de Desligamento Voluntário,
com o qual a empresa prevê economizar R$ 1 bilhão ao ano.
O presidente da empresa, Fabiano Silva dos Santos,
entregou pedido de demissão, no início de julho, mas permanece no cargo. O
presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez o pedido para que ele continuasse, até
encontrar um substituto, o que ainda não aconteceu, em uma situação inédita
para a companhia.
Desde 2022, os Correios vêm apresentando prejuízos,
mas o resultado negativo vem piorando. Naquele ano, a empresa fechou no
vermelho em R$ 767 milhões, com pequena redução para R$ 596 milhões, em 2023.
Em 2024, contudo, o rombo chegou a R$ 2,59 bilhões e, agora, no primeiro
semestre, o número negativo salto para 4,36 bilhões.
Estadão
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