A Prefeitura do Natal estuda a realização de uma
Parceria Público-Privada (PPP) de locação social dentro do programa Minha Casa,
Minha Vida (MCMV) como alternativa para enfrentar o esvaziamento de bairros que
concentram prédios subutilizados ou abandonados, como a Cidade Alta. Em
parceria com a Caixa Econômica Federal, foram apresentadas também propostas de
retrofit, incluídas no Novo PAC, que buscam recuperar imóveis ociosos e adaptá-los
para moradia, com potencial de estimular a revitalização econômica. O projeto
ainda está em fase de estudos e depende da contratação do Programa de
Estruturação de Projetos (FEP), que avaliará a viabilidade técnica. Na primeira
fase, poderão ser oferecidos 800 imóveis.
Esse debate ganha força em um contexto de
dificuldades para o comércio da Cidade Alta, marcado por lojas fechadas, queda
na circulação de consumidores e aumento da sensação de insegurança. Considerado
um dos bairros mais tradicionais da capital potiguar, o local já foi referência
como polo econômico, mas hoje enfrenta a perda de vitalidade diante da falta de
incentivos e da desvalorização imobiliária.
O secretário municipal de Planejamento, Vagner
Araújo, afirma que o processo ainda é preparatório, com foco na identificação
de oportunidades. “No caso do retrofit, foram expostas as regras e o perfil de
prédios que se enquadram no programa para que interessados do setor privado
possam iniciar sua análise de oportunidade e prospecção. No caso da modalidade
locação social, para definir de forma mais detalhada quais prédios serão
incluídos, é necessário realizar os estudos de viabilidade técnica, jurídica e
econômica, que é o próximo passo a ser dado por meio de contrato de
estruturação da PPP entre prefeitura e Caixa”, conta.
A Parceria Público-Privada da locação social, que
foi discutida em reunião na última terça-feira (2), contará com o apoio da
Caixa e terá funcionamento baseado em subsídio do poder público. “A PPP de
locação social funciona assim: o município ou Estado seleciona imóveis públicos
ou privados em regiões centrais; a iniciativa privada assume a reforma,
construção ou adaptação desses imóveis; o poder público garante a
contraprestação financeira que subsidia o uso dos imóveis por famílias de baixa
renda; e a Caixa apoia a estruturação técnica, econômica e jurídica desses
projetos para que se tornem viáveis”, explica Vagner.
Com isso, o secretário de Planejamento explica que o
modelo permite que a população vulnerável não precise comprar o imóvel, já que
poderá morar, pagando valores acessíveis, em torno de R$ 200 por mês, enquanto
o parceiro privado terá garantia de remuneração pelo contrato de longo prazo.
Ele acrescenta que a primeira fase pode alcançar cerca de 800 unidades, a
depender do resultado dos estudos. As condições de acesso deverão seguir os
parâmetros já definidos pelo programa Minha Casa, Minha Vida.
Para o presidente do Sinduscon, Sérgio Azevedo, essa
é uma proposta estratégica para a capital. “É uma iniciativa que alia inclusão
social, requalificação urbana e aproveitamento de áreas centrais subutilizadas.
Se for bem planejada, pode representar um passo estratégico para resgatar a
vitalidade econômica do Centro de Natal e oferecer moradia digna em locais com
infraestrutura já consolidada”, afirma. Destacou que a medida pode abrir novas
frentes de trabalho na construção civil com impacto na geração de empregos e na
economia local.
Apesar do otimismo, Azevedo ressalta entraves que
precisam ser superados, como a simplificação dos processos de licenciamento, a
adequação da legislação urbanística para permitir retrofits em larga escala e a
criação de linhas de financiamento mais ágeis e acessíveis. “É preciso também
uma articulação eficiente entre Prefeitura, Caixa e órgãos de controle para
garantir segurança jurídica e previsibilidade dos pagamentos, de modo que a
iniciativa privada possa investir com confiança”, cita.
O debate também envolve o setor de comércio e
serviços, que vê na reocupação da Cidade Alta uma chance de recuperar movimento
e atrair consumidores. Para o presidente da Fecomércio, Marcelo Queiroz, há
necessidade de incluir trabalhadores do comércio nos projetos de moradia,
proporcionando maior qualidade de vida com redução de deslocamento e
impulsionamento de consumo. “Ao discutirmos e apoiarmos a revitalização de
áreas históricas de Natal, unimos desenvolvimento econômico e inclusão social,
construindo uma cidade mais viva e com melhor qualidade de vida para todos”,
disse.
O próximo passo será o mapeamento das áreas e a
contratação do FEP, que viabilizará estudos técnicos para identificar terrenos
e prédios com potencial de aproveitamento no contrato a ser firmado entre
Prefeitura e Caixa para estruturar a PPP da locação social.
Nenhum comentário:
Postar um comentário