O presidente venezuelano, Nicolas Maduro, mandou uma
carta para o governo Trump para abrir um canal de conversação direta com os
Estados Unidos.
A carta foi enviada dias após o primeiro ataque dos
EUA a um barco do país sul-americano que, segundo Trump, transportava
traficantes de drogas.
Na carta, vista pela agência Reuters, Maduro
rejeitou as alegações dos EUA de que a Venezuela desempenhava um grande papel
no tráfico de drogas, observando que apenas 5% das drogas produzidas na
Colômbia são enviadas através da Venezuela
Segundo Maduro, diz a Reuters, 70% das drogas foram
neutralizadas e destruídas pelas autoridades venezuelanas.
“Presidente, espero que juntos possamos derrotar as
falsidades que têm manchado nosso relacionamento, que deve ser histórico e
pacífico”, escreveu Maduro na carta.
“Essas e outras questões estarão sempre abertas para
uma conversa direta e franca com seu enviado especial (Richard Grenell) para
superar o ruído da mídia e as notícias falsas.”
Ele observou que Grenell ajudou a resolver
rapidamente as alegações anteriores de que a Venezuela estava se recusando a
aceitar migrantes de volta, acrescentando: “Até o momento, esse canal tem
funcionado perfeitamente.”
Os voos de deportação duas vezes por semana que
transportam migrantes ilegais de volta para a Venezuela continuaram ininterruptos
apesar dos ataques dos EUA, disseram à Reuters fontes familiarizadas com o
assunto.
A carta de Maduro foi datada de 6 de setembro,
quatro dias após um ataque dos EUA a um navio que o governo Trump alegou, sem
provas, estar transportando traficantes de drogas.
O ataque matou 11 pessoas que, segundo Trump, eram
membros da gangue Tren de Aragua e estavam envolvidas com o tráfico.
A Casa Branca não fez comentários imediatos à
agência Reuters.
No sábado (20), Trump redobrou sua campanha de
pressão, alertando em uma postagem em sua plataforma Truth Social que a
Venezuela deve aceitar o retorno de todos os prisioneiros que, segundo ele, a
Venezuela forçou a ir para os EUA, ou então pagar um preço “incalculável”.
Na sexta-feira, Trump anunciou pelo menos o terceiro
ataque contra supostas embarcações de drogas da Venezuela, em meio a um grande
reforço militar dos EUA no sul do Caribe, que inclui sete navios de guerra, um
submarino nuclear e caças F-35.
O ataque matou “três homens narcoterroristas a bordo
da embarcação”, disse Trump, sem fornecer provas.
O governo venezuelano, que diz ter enviado dezenas
de milhares de soldados para combater o tráfico de drogas e defender o país,
disse que nenhuma das pessoas mortas no primeiro ataque pertencia a Tren de
Aragua.
Também nega as acusações de ligações entre
autoridades venezuelanas de alto escalão e gangues de drogas.
Maduro alegou repetidamente que os EUA esperam
tirá-lo do poder.
Trump negou nesta semana que esteja interessado em
uma mudança de regime, mas Washington dobrou no mês passado a recompensa por
informações que levem à prisão de Maduro para US$ 50 milhões, acusando-o de
ligações com o tráfico de drogas e grupos criminosos.
Maduro reiterou sua negação em sua carta a Trump.
“Este é o exemplo mais flagrante de desinformação
contra nossa nação, com a intenção de justificar uma escalada para o conflito
armado que infligiria danos catastróficos em todo o continente”, escreveu ele
em sua carta a Trump.
G1
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