O Leilão de Transmissão nº 4/2025, que a Agência
Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) realizará no dia 31 de outubro, poderá
impulsionar a geração de empregos no Rio Grande do Norte. A expectativa do
certame, que ocorrerá na sede da B3, em São Paulo, é atrair um investimento de
mais de R$ 805 milhões e criar 2.299 empregos diretos e indiretos no estado,
uma vez que deve demandar operários, engenheiros, técnicos, fornecedores de
insumos, transporte e serviços auxiliares, além de aquecimento nos setores de
hospedagem, alimentação e comércio local.
O edital do Leilão de Transmissão foi aprovado pela
ANEEL na última terça-feira (23) após a apreciação pelo Tribunal de Contas da
União (TCU), seguindo o rito costumeiro desse modelo de licitação. O edital
prevê a construção de subestações e a instalação de compensadores síncronos em
Assú e João Câmara, com prazo de 42 meses para execução. Esses equipamentos
controlam a tensão e dão segurança ao sistema, evitando desligamentos de
parques solares e eólicos em momentos de alta geração. Eles não produzem energia
ativa para consumo, mas ajustam a tensão e estabilizam o sistema elétrico,
fornecendo ou absorvendo potência reativa (Mvar).
No caso do que está previsto para o RN, os
dispositivos irão ajustar a tensão até absorver 200 Mvar (quando precisar
reduzir o excesso de potência reativa na rede) ou injetar até 300 Mvar (quando
a rede precisar de mais potência reativa para sustentar a tensão). Tudo isso em
uma rede de alta tensão, no nível de 500 mil volts.
Os investimentos previstos para o RN estão inseridos
no Lote 7, que é dividido em dois sub lotes. O 7A, em Assú, terá duas
compensações síncronas, com investimento estimado em R$ 536,4 milhões e Receita
Anual Permitida (RAP) máxima de R$ 87,3 milhões. Já o 7B, em João Câmara, prevê
um compensador síncrono no mesmo padrão, com R$ 268,5 milhões em recursos e RAP
de R$ 43,7 milhões.
Segundo o secretário-adjunto de Desenvolvimento
Econômico do RN, Hugo Fonseca, essas obras são estratégicas porque “minimizam
os cortes de energia e criam um ambiente mais seguro para novos investimentos,
uma vez que novos projetos terão viabilidade econômica.”
Esse reforço chega em momento oportuno. O RN tem previsão de atrair R$ 30
bilhões em projetos solares até 2029. É o estado do Brasil com a maior potência
instalada na produção eólica até o primeiro semestre deste ano, com 9.914,54
MW. A capacidade o coloca como responsável por aproximadamente 32% de toda a
energia eólica gerada no país.
Já em relação à potência outorgada, o território
potiguar ocupa a segunda posição, com 13.127,74 MW, perdendo apenas para a
Bahia (19.901 MW). A potência instalada refere-se à capacidade máxima de
geração de energia que uma usina pode atingir, considerando todos os seus
equipamentos em funcionamento.
Apesar dos avanços na produção eólica e solar em
território potiguar, a rede de transmissão não tem acompanhado a instalação das
usinas, o que vem provocando episódios de cortes de geração por falta de
capacidade de escoamento. O Operador Nacional do Sistema (ONS) reconhece que,
embora não haja risco imediato de colapso, a rede precisa ser expandida para
acompanhar a transição energética em curso.
Além do RN, o leilão de outubro contempla
empreendimentos em estados como Goiás, Mato Grosso, Maranhão, Rio Grande do Sul
e Pernambuco. Alguns lotes inicialmente previstos foram remanejados para 2026
por decisão do Ministério de Minas e Energia, em razão de caducidade de
contratos anteriores.
O leilão é o único de transmissão da ANEEL em 2025 e
contempla sete lotes distribuídos em 12 estados, envolvendo 1.081 quilômetros
de linhas, subestações com capacidade de 2 mil MVA (Mega Volt-Ampere) e sete
compensações síncronas. No total, serão investidos R$ 5,5 bilhões, com
expectativa de 13 mil postos de trabalho gerados durante as obras nas cidades
onde os empreendimentos serão feitos. A concessão é de 30 anos e a RAP global
chega a R$ 937 milhões.
Os proponentes deverão apresentar lances para o lote
completo e para cada sublote, permitindo à ANEEL escolher a proposta mais
vantajosa.
Números
R$ 536 mi – É o valor estimado para a instalação de
duas compensações síncronas em Assú
R$ 268 mi – É o investimento estimado para a
construção de um compensador síncrono em João Câmara
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