As exportações do Brasil para os Estados Unidos
tiveram uma queda de 18,5% em agosto, no primeiro mês de vigência do tarifaço
de 50% imposto pelo presidente Donald Trump sobre produtos brasileiros
exportados para aquele país, segundo dados divulgados pelo Ministério do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio e Serviços (Mdic) nesta quinta-feira.
Houve uma diminuição de US$ 600 milhões em relação
aos ganhos obtidos pelas exportações em comparação com o mesmo período do ano
passado. As importações de produtos americanos pelos brasileiros, por outro
lado, aumentaram 4,6% em agosto, um ganho de US$ 200 milhões.
Com isso, o Brasil registrou um déficit nas
transações comerciais com os EUA pelo oitavo mês seguido neste ano, ou seja,
importou mais produtos americanos do que exportou para aquele país. O saldo
deficitário para o Brasil ficou em US$ 1,23 bilhão em agosto.
Segundo os dados da balança comercial, apesar da
queda nas compras de produtos brasileiros pelos EUA, houve um crescimento de
3,9% das exportações do Brasil como um todo em agosto.
O país fechou o mês passado com um superávit de US$
6,13 bilhões, resultado da diferença entre US$ 29,86 bilhões em exportações e
US$ 23,73 bilhões em importações. Isso representa um crescimento de 35,8% em
relação ao resultado registrado no mesmo mês do ano passado.
A agropecuária e a indústria extrativa foram os setores
que puxaram o desempenho para cima, com alta de 8,3% e 11,3%, respectivamente.
As vendas para China (aumento de 31%), Argentina
(aumento de 40,37%), México (aumento de 43,82%) foram as que registraram maior
crescimento em agosto e puxaram a alta das exportações brasileiras no mês.
Segundo os dados do MDIC, o aumento das exportações
para China aconteceu principalmente devido a um salto na venda de óleos e
produtos de petróleo (+75%), soja (28,45%), carne bovina (+84%), minério de
ferro (+4,9%), e açúcar (20%).
“Tem uma questão de oferta, na China cresceu a soja,
por exemplo, que tivemos uma safra recorde neste ano e um escoamento mais lento
de soja nos primeiros meses do ano, o que faz com que o Brasil tenha volumes e
estoques maiores para escoar nesse segundo semestre.”, exemplifica o diretor do
Mdic, Herlon Alves.
Tarifa adicional
Este foi o primeiro mês de vigência do tarifaço
imposto pelo presidente Donald Trump aos produtos do Brasil. Os 50% são uma
soma de uma tarifa adicional de 40% (sob pretextos políticos, como o julgamento
do ex-presidente Jair Bolsonaro, e suspeitas de práticas desleais de comércio)
aos 10% anunciados em abril a título de “tarifas recíprocas”.
A medida afeta diretamente 35,9% das exportações do
Brasil para os Estados Unidos, segundo cálculos do governo brasileiro. Em 2024,
estes itens corresponderam a US$ 14,5 bilhões das exportações brasileiras. Com
o imposto de importação de 50%, produtos brasileiros ficam mais caros para os
americanos, o que desestimula encomendas e compras.
Quase 700 produtos — entre os 4 mil itens que o
Brasil exporta para os EUA — foram listados como exceções a essa tarifa
adicional de 40%.
Insegurança afetou números
No entanto, mesmo os bens que encabeçam a lista de
exceções foram afetados. Apesar de terem ficado de fora da sobretaxa aeronaves,
óleos e combustíveis, minério de ferro e celulose, entre outros produtos,
estiveram entre os que registraram maior queda de exportação aos EUA neste mês.
Nenhum comentário:
Postar um comentário