O deputado estadual Tiego Raimundo dos Santos Silva (MDB-RJ), conhecido como TH Joias, foi preso nesta quarta-feira (3), suspeito de intermediar a compra e venda de armas para o Comando Vermelho, principal facção criminosa do estado.
O deputado foi alvo de uma
operação da Força Integrada de Combate ao Crime Organizado no Rio (Ficco-RJ),
composta pela Polícia Federal (PF), Polícia Civil e Ministério Público do
Estado (MPRJ). Ele foi detido em um condomínio de luxo na Barra da Tijuca,
bairro da zona oeste.
De acordo com as
investigações, TH Joias tem ligação direta com líderes do Comando Vermelho, nas
comunidades Complexo do Alemão, da Maré e Parada de Lucas, todas na zona norte
carioca.
Além de intermediar a
compra e venda de armamento, como fuzis, TH Joias negociava drogas e
equipamentos antidrones, para dificultar a ação policial nos territórios
ocupados pela facção.
“O parlamentar utilizava o
mandato para favorecer o crime organizado”, diz comunicado da Polícia Civil,
que batizou a operação de Bandeirantes.
Os investigadores
identificaram movimentações financeiras suspeitas que reforçam a acusação de
lavagem de dinheiro.
Entre os alvos da operação
estão também traficantes, assessores parlamentares, um delegado federal,
policiais militares (PMs) e o ex-secretário estadual e municipal do Rio
Alessandro Pitombeira Carracena, que foi preso.
Presos
Por volta das 10h, 14
pessoas haviam sido presas, segundo a PF, que batizou a operação de Zargun. Ao
todo, são 18 mandados de prisão preventiva e 22 mandados de busca e apreensão
expedidos pelas Justiça Federal e estadual.
Na esfera estadual, por
causa do foro privilegiado do deputado, a investigação tramitou na
Procuradoria-Geral de Justiça, autoridade máxima do MPRJ, comandada pelo
procurador-geral Antonio José Campos Moreira.
A PF informou que o
Tribunal Regional Federal da 2ª Região (Rio de Janeiro e Espírito Santo)
determinou o sequestro de bens e valores dos investigados, chegando a R$ 40
milhões, além do afastamento de agentes públicos, suspensão de atividades de
empresas utilizadas para lavagem de dinheiro e transferência emergencial de
lideranças da facção para presídios federais de segurança máxima.
Ainda segundo a PF, a
organização “se infiltrava na administração pública para garantir impunidade e
acesso a informações sigilosas”. Armas eram importadas do Paraguai; e
equipamentos antidrone, da China. Além disso, eram revendidos até para facções
rivais.
Divisão do esquema
O MPRJ detalhou o
envolvimento de cinco alvos da ação:
TH Joias: o parlamentar,
além de intermediar compra e venda de armas e drogas, utilizou o mandato para
favorecer a organização criminosa, “inclusive nomeando comparsas para cargos na
Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj)”.
Traficante: outro
denunciado é apontado como um dos líderes da facção, “responsável pelo controle
financeiro do grupo e pela autorização de pagamentos vultosos”, incluindo a
autorização para a compra dos antidrones usados para dificultar a atuação
policial.
Tesoureiro do tráfico: o
denunciado exercia a função de tesoureiro, encarregado de armazenar drogas,
guardar valores milionários, efetuar pagamentos e intermediar negociações de
armas e munições.
Assessor parlamentar: o
quarto denunciado, assessor parlamentar, atuava como fornecedor de equipamentos
especializados à facção, em especial os dispositivos antidrones. Ele também era
responsável pelos testes em campo e ensinava outros integrantes da facção a
operá-los. Ele foi indicado à Alerj pelo deputado, como forma de encobrir as
atividades ilícitas.
Mulher do tesoureiro: a
denunciada, casada com o tesoureiro, havia sido nomeada para um cargo
comissionado na Alerj. A função dela era servir de elo entre o grupo criminoso
e o Legislativo.
A Agência Brasil buscou
contanto com o gabinete do deputado TH Joias, mas não obteve retorno.
Em nota, a Alerj
informou que tomou conhecimento da expedição de mandados de busca e apreensão no
gabinete do deputado e que as diligências foram acompanhadas pela Procuradoria
da Casa, “que prestou apoio às autoridades competentes”.
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