À CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) do
INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social), o ex-ministro da Previdência
Carlos Lupi negou relação com o esquema de descontos a aposentadorias e admitiu
que não sabia da real dimensão das fraudes.
Em depoimento, Lupi afirmou que teve conhecimento,
pela primeira vez, de casos de descontos irregulares em março de 2023. O
ex-ministro ressaltou que à época a pasta e o INSS agiram em cooperação com a
PF (Polícia Federal), mas que não tinha ciência da dimensão do esquema.
Questionado sobre o porquê de não ter optado por uma
suspensão cautelar dos acordos com as entidades, Lupi reforçou que as apurações
ainda estavam em curso e que só soube do tamanho problema instalado no INSS
depois da investigação da PF.
“Sou sincero em dizer, talvez minha falha maior
tenha sido essa, não dar dimensão ao tamanho do rombo que era isso”, afirmou o
ex-ministro aos parlamentares.
“Nós tínhamos 5.000 denúncias apresentadas que
estavam sendo investigadas. Agora apareceu um montante, são dezenas, são
milhões até. Disso eu não tinha noção, só se foi começar a tomar noção disso a
partir de, pela primeira vez, a Polícia Federal fazer a investigação e colocar
isso à tona sem arquivar o processo”, completou.
O ex-ministro observou ainda que o INSS editou
normativos para barrar fraudes, mas os instrumentos não foram capazes de barrar
o esquema. “Infelizmente, falhamos nisso, falhamos em ter uma ação mais
enérgica do INSS para coibir”, lamentou.
Carlos Lupi frisou ainda não ser alvo de qualquer
denúncia, mas que preferiu deixar o ministério porque não teve condições de
enfrentar uma “campanha” para tirá-lo do cargo.
Lupi estava à frente da pasta quando o escândalo de
descontos a aposentadorias e pensões veio à tona. Diante da repercussão do caso
e pressões para que entregasse o cargo, o então ministro da Previdência Social
pediu demissão em maio deste ano.
A CPMI foi criada para investigar o esquema
bilionário de descontos não autorizados em aposentadorias e pensões. No total,
as entidades responsáveis pelos descontos teriam cobrado valor estimado em R$
6,3 bilhões, entre os anos de 2019 e 2024.
O caso foi revelado em abril após operação da PF e
da CGU (Controladoria-Geral da União).
CNN Brasil
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