A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e
Biocombustíveis (ANP) aprovou a inclusão de 33 novos blocos para exploração
onshore (em terra) da Bacia Potiguar no edital da Oferta Permanente de
Concessão (OPC). A referida bacia se estende pelos estados do Rio Grande do
Norte e Ceará, mas todos os 33 blocos estão localizados na região Oeste do RN,
segundo a ANP. A nova versão do edital, contemplando os blocos e áreas
aprovados, passará por audiência pública no dia 9 de outubro, a fim de garantir
a participação do mercado e da sociedade. Após a audiência, as contribuições
recebidas serão avaliadas e a versão final da minuta será apreciada pela
Diretoria Colegiada da ANP.
De acordo com Marcos Brasil, coordenador geral do
Sindicato dos Petroleiros do RN, (Sindipetro-RN), a projeção é de investimentos
da ordem de R$ 5 bilhões em cinco anos, com a exploração e geração de até 15
mil postos de trabalho no estado. Em todo o País foram incluídos 275 novos
blocos para exploração e produção de petróleo e gás natural e 5 áreas com
acumulações marginais.
“No início deste ano, identificamos que o Rio Grande
do Norte tem 140 blocos que nunca foram explorados, dos quais 33 já estavam com
a fase de estudos concluída, sem nenhum tipo de impedimento para que eles sejam
ofertados. A OPC é dividida entre as fase de estudo e oferta. Então, enviamos
um ofício à ANP solicitando que os blocos aptos pudessem ser ofertados e
tivemos uma resposta que avaliamos ser extremamente positiva, porque a
exploração dessas novas áreas vai gerar algo em torno de 10 mil a 15 mil
empregos”, frisa Brasil.
Segundo ele, os 33 blocos estão localizados nos
seguintes municípios: Apodi, Upanema, Governador Dix-Sept Rosado, Mossoró,
Baraúna, Tibau, Grossos, Areia Branca, Serra do Mel, Assú, Alto Rodrigues,
Carnaubais, Pendências, Guamaré e Porto do Mangue. Marcos Brasil explica que
até cinco empresas com atuação na exploração de petróleo e gás no estado podem
arrematar os blocos. “Na primeira fase, em dois anos, os investimentos das
cinco empresas devem somar um volume de R$ 2 bilhões, apenas com a exploração.
Se houver novas descobertas, mais R$ 3 bilhões podem ser investidos nos outros
três anos.”, estima Brasil.
O período de exploração para as empresas será de
cinco anos, em bacias maduras. Os 33 blocos da Bacia Potiguar estão divididos
entre os setores 2 (oito blocos), 3 (sete blocos), 4 (13 blocos) e 5 (cinco
blocos) com garantia de Oferta Mínima associada à declaração de interesse no
valor de R$ 50 mil. As informações constam na minuta do edital que será tema de
prováveis contribuições na audiência pública, em outubro.
Hugo Fonseca, secretário-adjunto de Desenvolvimento
Econômico do RN, destaca que a inclusão dos blocos é importante diante do
processo de transformação pelo qual passa o setor de petróleo e gás do estado,
que dispõe de campos maduros, o que representa uma fase de declínio após
atingir o pico. “Agora, precisamos perfurar mais poços para manter a produção
no RN e garantir investimentos. E isso só é feito se houver os leilões de
oferta de blocos, a chamada oferta permanente”, falou o adjunto.
Para ele, a inclusão vai ajudar a manter as empresas
operadoras no estado, bem como a cadeia industrial e de valor, o que é de suma
importância, levando em consideração que a atividade cor-responde a quase 40%
do PIB industrial do RN. “E a submissão do edital [no dia 9 de outubro] é
fundamental, porque o próprio setor vai poder dar contribuições em termos de
aproveitamento desses blocos para uma melhor oferta das áreas no leilão. São
essas áreas que vão trazer investimentos ao setor privado e aos governos, que
receberão royalties, futuramente, pela exploração”, ressaltou Fonseca.
Pata a BRAVA Energia, que explora petróleo e gás no
RN, a ampliação de áreas ofertadas na Bacia Potiguar é uma medida importante
para o dinamismo do onshore brasileiro. “A iniciativa tem potencial para atrair
novos investimentos e reforçar o desenvolvimento socioeconômico regional,
contribuindo para a geração de empregos e renda nas comunidades locais”.
Para a PetroReconcavo, que também explora petróleo e
gás no RN, a inclusão de novos blocos reforça um modelo que permite que os
operadores já existentes e novos entrantes possam ter um porfólio de
oportunidades por todas as bacias. “Para a PetroReconcavo, é sempre uma
excelente oportunidade de avaliar a expansão de suas atividades,
particularmente nas bacias em que já atuamos e temos um conhecimento
diferenciado dos reservatórios produtores”, disse a empresa.
Marcelo Rosado, presidente do Fórum Potiguar de
Petróleo e Gás e da Comissão Temática de Meio Ambiente (COEMA) da Fiern recebeu
a inclusão dos blocos pela ANP de forma otimista. “Isso significa viabilidade
econômica para essa exploração, pois essa evolução somente acontece após
estudos técnicos que comprovam uma boa perspectiva de produção e várias
manifestações de interesse de mercado, que impactam diretamente em atração de
investimentos financeiros e contratação de serviços e mão de obra para
transformar essa riqueza econômica em prosperidade para a nossa região”.
Modalidade de Oferta Permanente
A Oferta Permanente é a principal modalidade de
licitação para exploração e produção de petróleo e gás natural no Brasil.
Diferentemente das rodadas tradicionais, esse modelo permite a oferta contínua
de blocos exploratórios e áreas com acumulações marginais, localizados em
bacias terrestres ou marítimas.
A modalidade se divide em dois regimes: Oferta
Permanente de Concessão (OPC), em que as empresas assumem os riscos e pagam
participações governamentais, e Oferta Permanente de Partilha da Produção
(OPP), aplicada em áreas estratégicas, como o pré-sal, onde a União participa
diretamente da produção.
Os novos blocos incluídos para OPC em todo o País
estão localizados em bacias como Campos (RJ e ES), Santos (SC, PR, SP e RJ),
Parnaíba (MA, PI, TO, PA), Ceará (CE), Espírito Santo (ES e BA), Potiguar (RN e
CE), Recôncavo (BA), São Francisco (MG, BA, GO, PE, PI, e TO), Tacutu (RR e
Guiana) e Tucano Sul (BA).
De acordo com a ANP, após avaliação da versão final
e aprovação da própria diretoria, “o edital será publicado e os blocos
incluídos ficarão disponíveis para declaração de interesse das empresas licitantes
inscritas na OPC e abertura de um futuro novo ciclo, com data ainda a ser
definida”.
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