O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal
Federal (STF), afirmou nesta quarta (20) que instituições financeiras
brasileiras podem sofrer punições da Justiça se cumprirem ordens dos Estados
Unidos para bloquear ativos no país. A informação é da Gazeta do Povo.
A declaração foi dada em meio à aplicação da Lei Magnitsky
a ele próprio e à ordem do colega Flávio Dino, que decidiu nesta semana que
decisões de outros países não podem atingir empresas e cidadãos brasileiros.
O ministro foi incluído no final de julho na lista
de sancionados pela Casa Branca, no mesmo dia em que o presidente Donald Trump
aplicou o tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros. A Lei Magnitsky prevê o
bloqueio de bens e restrições financeiras nos Estados Unidos contra
estrangeiros acusados de abusos de direitos humanos.
“Os tribunais brasileiros podem punir instituições
financeiras nacionais que bloquearem ou confiscarem ativos domésticos em
resposta a ordens norte-americanas”, disse Moraes em entrevista à Reuters.
Moraes reforçou que a legislação brasileira não
autoriza que bancos executem automaticamente determinações de Cortes
estrangeiras. E afirmou também que adotou cautela com relação à decisão do
governo norte-americano.
“Uma contestação judicial é possível e ainda não
encontrei advogado ou jurista, nos Estados Unidos ou no Brasil, que duvide de
que os tribunais derrubariam. Mas, neste momento, escolhi esperar. Essa é a
minha escolha. É uma questão diplomática para o país”, declarou.
O ministro disse acreditar que as sanções serão
revertidas por canais diplomáticos, mas não descarta uma eventual batalha
judicial. Para ele, informações corretas já estão sendo repassadas às
autoridades norte-americanas para suspender a decisão.
“Uma vez que as informações corretas sejam
repassadas, como está sendo feito agora, e cheguem de forma documentada às
autoridades norte-americanas, acredito que nem será necessário recorrer à
Justiça para reverter. Acredito que o próprio Executivo dos Estados Unidos, o
presidente, irá revogá-las”, afirmou.
Segundo Moraes, houve resistência dentro do governo
norte-americano à adoção das medidas, especialmente nos departamentos de Estado
e do Tesouro. Ainda assim, a Casa Branca decidiu seguir adiante com a inclusão do
ministro na lista de sancionados, justificando a decisão com acusações de
“sérios abusos de direitos humanos”.
Em nota enviada à Reuters, um porta-voz do Tesouro
americano reagiu com críticas e afirmou que “em vez de inventar ficções, Moraes
deveria parar de realizar detenções arbitrárias e processos politizados”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário