Médicos do Centro de Tratamento de Queimados (CTQ)
do Hospital
Walfredo Gurgel estão sendo obrigados a compartilhar roupas cirúrgicas
entre plantões por falta de estoque adequado. A denúncia foi feita pelo
Sindicato dos Médicos do Rio Grande do Norte, que também relatou salas de
cirurgia sendo usadas como enfermarias e classificou os improvisos como
inaceitáveis.
“Não pode um profissional trabalhar à noite com a
roupa cirúrgica e de manhã repassar para o colega. Isso expõe todos os riscos
possíveis”, afirmou o presidente da entidade, Geraldo Ferreira.
O próprio sindicato decidiu doar roupas cirúrgicas
para aliviar o problema imediato, medida simbólica diante da precariedade. Além
da carência de insumos, Ferreira afirmou que faltam médicos, enfermeiros e
técnicos para manter a unidade em funcionamento adequado, o que compromete a
qualidade do atendimento e ameaça cerca de R$ 2 milhões em repasses federais
anuais.
“Estamos vivendo um caos verdadeiro, com risco de
perder verbas federais por não atender ao quantitativo mínimo de
profissionais”, disse.
Segundo ele, a situação se agravou porque parte dos
médicos foi transferida para outras unidades e não houve reposição suficiente.
Ferreira destacou ainda que o CTQ é referência não apenas para o Rio Grande do
Norte, mas para todo o Nordeste, e que mesmo pacientes com plano de saúde
acabam dependendo do SUS em casos graves de queimaduras.
“Quando há um acidente de trânsito ou uma grande
queimadura, a primeira referência é o SUS. Não há alternativa”, afirmou.
Outro ponto criticado foi a forma como o governo
apresenta as estatísticas de leitos disponíveis. O presidente do sindicato
citou a visita a um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) em Natal que,
oficialmente, aparecia como tendo 12 leitos de internação, mas na prática
contava apenas com camas de madeira sem colchão.
Para ele, esse tipo de distorção mascara a real
escassez de leitos no Estado e dificulta o planejamento adequado. “Essas
estatísticas não condizem com a realidade. É preciso reconhecer a falta de
leitos e melhorar a estrutura”, afirmou.
Sesap anuncia contrato emergencial para retomar
obras do Centro de Queimados
A Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap)
anunciou que fará um contrato emergencial para retomar a reforma do Centro de
Tratamento de Queimados (CTQ) do Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel, em Natal.
A medida ocorre após denúncias de precarização no único serviço especializado
em queimaduras do Rio Grande do Norte, cuja obra está paralisada há mais de um
ano.
Segundo o secretário de Saúde, Alexandre Motta, o
processo interno para contratação já está em andamento. “Faremos a contratação
direta. Desde o dia 16 de abril que o processo interno tem acontecido e foi
autorizado essa ordem, essa semana, para que a gente pudesse fazer isso. A
estimativa da Secretaria de Infraestrutura é que o prazo da dispensa desta
licitação ocorra dentro de até 45 dias”, explicou.
A unidade enfrenta diversas deficiências estruturais,
agravadas após a paralisação da reforma no ano passado. O resultado foi a perda
de áreas essenciais para o funcionamento do setor, incluindo ambulatório, salas
de curativos, espaço de reabilitação e até o posto de enfermagem.
Entre os principais problemas relatados, estão a
transformação de um setor fechado em enfermaria aberta – o que fragiliza o
controle de infecções –, a ausência de leitos de isolamento, a redução de
enfermarias disponíveis e a falta de locais adequados para armazenamento de
insumos e repouso das equipes. Além disso, faltam regularmente materiais
básicos e insumos para curativos e procedimentos cirúrgicos.
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