O presidente-executivo da Gerdau, Gustavo Werneck,
afirmou nesta sexta-feira (1°) que a empresa tomou a decisão de reduzir
investimentos no Brasil nos próximos anos, citando decepção com falta de
medidas de defesa comercial mais fortes pelo governo federal.
O executivo informou que a empresa demitiu 1.500
trabalhadores no país, desde o início do ano, diante da pressão de aço
importado e contido em produtos acabados.
“É muito decepcionante depois de 12 meses…não vermos
medidas mais duras sendo tomadas pelo MDIC (Ministério de Desenvolvimento,
Indústria e Comércio)”, afirmou.
Werneck tem sido há meses um dos executivos do setor
siderúrgico mais vocais com relação à política comercial do Brasil, que no ano
passado adotou um sistema de cotas e tarifas para tentar reduzir a importação
de aço, mas que acabou sendo considerado como insuficiente por não ser amplo o
bastante para limitar a entrada de produtos siderúrgicos no país oriundos
principalmente da China.
“Isso mostra um racional de deixar todo mundo feliz
e a gente entende que isso não pode ser assim. O governo federal abre mão de R$
6 bilhões em impostos do setor de aço por aceitar a penetração de importações”,
comentou.
Segundo o executivo, os investimentos previstos da
Gerdau neste ano estão mantidos e a redução do fluxo vai ocorrer a partir do
próximo ano.
A Gerdau deve avaliar em agosto e setembro sua
estratégia futura de investimentos e divulgar a conclusão no início de outubro
durante reunião com investidores. A companhia tem promovido desembolsos entre
R$ 5 bilhões e R$ 6 bilhões nos últimos anos.
O diretor financeiro da Gerdau, Rafael Japur,
afirmou que dos R$ 6 bilhões de investimento global da empresa previsto para
este ano, R$ 4 bilhões são voltados ao Brasil.
Por outro lado, Werneck afirmou que a Gerdau também
tomou decisão de manter investimentos futuros nos Estados Unidos.
Porém, o CEO da empresa afirmou que apesar de a
Gerdau viver um “momento muito bom” nos EUA, diante da manutenção de política
de reindustrialização do país e outros incentivos governamentais, a companhia
não quer se lançar em grandes planos de investimento em novas instalações de
produção de aço nos EUA.
“Estamos muito cuidadosos com o que fazemos lá para
não atrapalhar o que está bom”, disse o executivo.
No segundo trimestre, a operação da empresa na
América do Norte foi responsável por 61,4% do resultado operacional do grupo,
medido pelo Ebitda ajustado.
Questionado sobre os planos da empresa em relação a
retornos aos acionistas, Japur afirmou que a Gerdau segue dando preferência
para recompras de ações em vez de distribuição de dividendos extraordinários.
No início do ano, a Gerdau aprovou novo programa de
recompra de ações envolvendo até 5% das ações preferenciais da companhia e até
10% dos ordinários. “Excelente opção é recomprar ações da companhia”, disse Japur.
Folhapress
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